Massas e biscoitos mais caros

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A suspensão das exportações do trigo pela Argentina vai afetar o bolso do brasileiro. Produtos derivados, como o pãozinho, o macarrão e os biscoitos, por exemplo, deverão ficar mais caros. O Brasil consome 10,5 milhões de toneladas do grão por ano. Desse total, 4,5 milhões de toneladas vêm do país vizinho, 50% são produzidos internamente, e 20% são trazidos de outros mercados, como o Uruguai, o Paraguai e o Canadá.

Na opinião dos especialistas, para evitar o desabastecimento, o governo deverá ampliar as importações de outros países, como o Canadá, de onde o grão chega bem mais caro devido à distância — que amplia custos com logística e transporte — e ao preço do dólar, bastante instável em todo o mundo. Ataídes Jacobsen, agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), como praticamente todos os técnicos ouvidos pelo Correio, afirmou que não faltará trigo, “mas os preços do grão e de seus derivados vão subir, mesmo com a isenção dos impostos, que hoje é de 10%”, destacou.

A suspensão das exportações do trigo argentino era esperada pelo mercado, já que o período é de entressafra. “Eles suspendem a exportação para avaliar o estoque interno. Se houver sobra, retomam o comércio externo”, explicou Lincoln Fernandes, presidente do Sindicato dos Moinhos de Trigo do Estado de Minas Gerais. “Embora esse seja um ano atípico, com escassez, o Brasil já buscou o trigo americano, o canadense e o do leste europeu. Com isso, o fluxo normal está garantido”, afirmou.

Mesmo retomando as vendas para o Brasil, dificilmente os argentinos conseguirão equilibrar o nosso mercado, que importa 80% do total produzido por eles. Cláudia de Mori, economista da Embrapa, destacou que os problemas decorrentes do clima na Argentina geraram uma queda na colheita de 14 milhões de toneladas para 9 milhões de toneladas, “lembrando que o consumo dos argentinos é de 6,5 milhões de toneladas”, ressaltou. Pouco sobrará para o comércio externo.

Segundo Cláudia, tanto no Brasil quanto em outros países, o período é crítico, com preços altos em função da entressafra e de estoques pequenos. De acordo com ela, o Brasil pode sofrer com a ausência do trigo argentino também pelo fato de o governo vizinho controlar a demanda interna, dando ou não permissões de exportações.

Já Leonardo Machado, assessor técnico da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CAN), afirmou que não é a primeira vez que a Argentina suspende as exportações. “O Brasil poderia investir em políticas de incentivos para o plantio do trigo em solo nacional para não ficarmos tão dependes de outros países”, avaliou.



Veículo: Diário de Pernambuco


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