Após 5 meses de alta, cesta básica cai 3,5%

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Depois de cinco meses de altas constantes e de atingir a terceira maior variação da história em abril, com 5,01% de alta, a cesta básica rio-pretense fechou o mês de maio com queda de 3,45% em relação ao mês anterior, como aponta a pesquisa mensal da cesta básica realizada pela Faculdades Integradas Dom Pedro 2º. A redução é sinal de uma mudança em diversos fatores que influenciam diretamente na formação do preço final, como o clima, o comportamento da própria cesta e a situação da economia, que já tem forçado mudanças na questão do consumo.

O mês também marcou pela mudança no cenário dos produtos analisados para a pesquisa, com a inversão entre o número de produtos em alta e o número de produtos em baixa. Em maio, ao contrário do que aconteceu nos últimos meses, a maioria dos produtos, nove no total, fechou o mês em baixa, contra seis deles em alta. O tomate, que foi o grande vilão da cesta básica, atingindo um acumulado de 96% de alta nos últimos 12 meses, foi a maior baixa do mês, com -17,80%.

Os outros produtos em queda este mês foram frango (-17,32%), laranja (-6,12%), açúcar (-4,62%), margarina (-3,31%), óleo (-2,49%), leite (-2,04%), feijão (-1,58%) e pão (-0,25%). As altas foram lideradas pela farinha de trigo, com variação positiva de 5,19%, seguida da batata (4,8%), arroz (3,8%), carne (1,6%), banana (1,1%) e café (0,9%). Segundo o economista e coordenador da pesquisa Hipólito Martins Filho, a alta da farinha de trigo é motivada pela escassez do produto no mercado.

“Importamos grande parte do trigo utilizado para a produção da farinha, então, quando falta este produto no mercado externo, o efeito nos preços da farinha é direto, assim como em seus produtos derivados, como o pão-francês", afirma. Diante destas variações, o valor médio da cesta básica em Rio Preto passou de R$ 944,47, em abril, para R$ 912,37, em maio.

Índice ainda é alto

A queda ainda está longe de ser sinal para comemoração, afirma Martins Filho. "Com a alta permanente que vínhamos registrando nos últimos meses, o consumo acaba caindo, como consequência, mas, mesmo com esta queda, o índice continua alto e a tendência ainda é permanecer neste nível. Pode ver, a variação acumulada da cesta nos últimos 12 meses está em 18,87%, valor bem acima, por exemplo, do reajuste do salário mínimo ou do poder de compra do consumidor", compara. As famílias que possuem renda de até três salários mínimos são as que mais sofrem com esta variação, já que os gastos com alimentação chegam a consumir cerca de 40% do orçamento familiar, explica o economista.

Queda reflete no salário


A queda no valor médio da cesta básica refletiu diretamente no valor do salário mínimo ideal, também calculado pela pesquisa, que em maio ficou em R$ 2.535,76. Segundo a professora de matemática estatística Patrícia Correia de Souza Menandro, que também coordena a pesquisa, pelo peso da alimentação no orçamento mensal das famílias, é normal que o salário mínimo ideal reduza junto com os preços.

"Com a redução nos preços da maioria dos produtos analisados, vimos também a variação entre os valores da cesta básica caírem", conta Patrícia. A variação mede a diferença entre o valor mínimo e o valor máximo da cesta básica encontrados pela pesquisa. Em maio, a cesta mais barata saiu por R$ 697,64, enquanto que a cesta mais cara ficou em R$ 1.157,07, baixando a variação da cesta de 71,19%, em abril, para 65,86%, no mês passado.

Estocar não é recomendável

Os números da inflação, que há alguns meses assustam os brasileiros, podem criar um novo movimento de busca pelos produtos nos supermercados, gerando aquela comoção da estocagem em casa por medo dos aumentos constantes nos preços, tão comum antes do plano Real. Este comportamento, entretanto, não é o mais indicado, afirma o economista Walter Vieira.

"É um movimento que favorece principalmente aos fornecedores e supermercados, já que eles percebem que as pessoas estão indo às compras e isso dá a eles a possibilidade de aumentar os preços. Este movimento apenas alimenta estes setores a fazer reajustes", alerta.

De acordo com Vieira, para o consumidor, esta situação é interessante apenas para a aquisição de produtos de primeira necessidade e que podem ser estocados, mas sem fugir do orçamento. "Os consumidores não sabem disso, mas eles têm o poder de controlar os preços, diz".




Veículo: Diário da Região - São José do Rio Preto/SP


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