Pet shops menores sobrevivem com serviços

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Para continuarem inseridas no crescimento do mercado brasileiro de produtos para animais domésticos, que teve faturamento de R$ 12,7 bilhões ano passado, pequenas empresas varejistas se veem obrigadas a investir em serviços e na aproximação com seus clientes. Competir com players maiores na venda de produtos se tornou impraticável devido à consolidação de grandes empresas como o Pet Center Marginal, cuja projeção é crescer 40% no faturamento deste ano em relação a 2012, e a Cobasi, que pretende inaugurar oito novas lojas em 2013.

Segundo levantamento feito pela consultoria GS&MD e pela Comissão Animais de Companhia (Comac)/Estudo Pet Brasil, 41% da arrecadação anual do mercado pet é obtida por apenas 10% dos empresários deste setor, o que demonstra uma participação cada vez menor das pequenas e médias empresas.

Com 19 operações em funcionamento, a rede Pet Center Marginal reflete a consolidação deste mercado. O diretor de marketing e expansão do grupo, Hélio Freddi Filho, aponta um crescimento do player acima do mercado brasileiro, já aquecido há alguns anos. "Esperamos fechar o ano com faturamento de R$ 250 milhões, além de contar com 25 lojas. O Grupo Pet Center Marginal vem crescendo a uma média de 30% ao ano." No ano passado, o faturamento ficou em torno de R$ 150 milhões.

A expansão orgânica está entre as principais iniciativas para sustentar esse crescimento. "Vamos inaugurar esta semana uma operação na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e muito em breve na cidade de Niterói. Também teremos até o final de julho uma loja no Guarujá. Com isso grupo fica muito forte na Baixada Santista", comenta o executivo. O Grupo Pet Center Marginal opera no na capital e no interior de São Paulo, além de uma loja em Brasília. "Buscamos crescer progressivamente no Brasil, mas tudo isso tem apoio de logística muito forte. Primeiro estamos crescendo mais em São Paulo", comenta Freddi.

A Cobasi, uma das gigantes do setor, também tem planos ambiciosos de expansão orgânica. É o que explica a gerente de marketing Daniela Bochi. "Hoje são 15 lojas, a maioria na Grande São Paulo, duas no interior do estado e uma no Rio de Janeiro. Esperamos inaugurar mais oito ainda este ano, sendo que cinco estão em obras. São três no interior paulista, uma na Marginal Tietê e uma loja conceito, a flagship store, na Rua Augusta."

A gerente de marketing avalia que o País ainda possui muito potencial para a instalação de megalojas. "Pensamos em expandir em nível nacional, mas a princípio, apenas em torno da capital paulista. Atualmente, são poucas megalojas para um país tão extenso, se comparado às grandes redes norte-americanas, que possuem mais de mil lojas cada."

Mesmo com essa expansão, os grandes players do setor ainda deixam lacunas, sobretudo nas periferias e longe do eixo Rio-São Paulo, conforme aponta André Prazeres, porta-voz da Comac/Estudo Pet Brasil. "A tendência vista nos mercados de bairro, em que pessoas da classe C preferem não se deslocar até um grande supermercado, deve se repetir com pet shops. Os grandes players podem entrar nas regiões periféricas, onde não existem essas megalojas ainda, mas a presença dos negócios menores não vai acabar."

Prazeres ainda comenta que regiões como o Nordeste permanecem inexploradas, mesmo nas metrópoles. "É questão de tempo até que grandes redes percebam o que é possível fazer lá. Mas acredito que ainda vão se surpreender com as oportunidades dessa região. O que observamos lá hoje é um predomínio total das pequenas empresas e a presença de algumas médias."

Mesmo com os pet shops menores sendo maioria no País, o levantamento elaborado pela Comac e pela GS&MD mostra quais fatores indicam a tendência de consolidação desse mercado pelas gigantes do setor. "O volume de lojas abertas que fecham em até cinco anos ultrapassa 35%. Com a entrada da classe C, que está começando a usar o serviço de pet shop, vemos várias lojas abrindo, faturando menos e tendo um tíquete médio menor, e por isso não conseguem se manter vivas. Precisa existir uma profissionalização dos pequenos varejistas", comenta Prazeres.

O porta-voz da Comac argumenta que as pequenas empresas de pet shop devem buscar outras especializações. "Os players menores devem se diferenciar em serviço. Isso é fundamental, porque não tem como competir na venda de produtos. Mas o relacionamento, os serviços veterinários, o serviço médico, o banho e tosa, o atendimento, tudo isso que envolve serviço é a grande ferramenta de diferenciação. Observamos dois fenômenos, os pequenos que não conseguem sobreviver e os que crescem nas deficiências das megalojas."

De acordo com Débora Mauro, proprietária da loja Crazy For Pet, que conta com apenas uma unidade na região do Morumbi, em São Paulo, esta foi a alternativa para se destacar das grandes redes. "Nosso diferencial é o serviço. Redes como a Cobasi são lojas, basicamente, e não consigo competir com isso, pois possuem um número muito maior de produtos, de diferentes empresas. Mas nós ganhamos em serviço, com banho, tosa e hotel. Este é o nosso mercado." Segundo a empreendedora, o crescimento mensal chega a 7%.

Débora Mauro acredita que a proximidade das lojas pequenas com o cliente deve ser explorada de maneira mais ampla para manter um bom desempenho econômico. "Por sermos uma loja menor, conseguimos oferecer um atendimento mais próximo, personalizado, coisa que as grandes redes não têm. Os animais de estimação são tratados como parte da família, e oferecer um tratamento mais humanizado é fundamental."



Veículo: DCI


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