Varejo brasileiro testa seus produtos

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Preocupadas com o escândalo envolvendo carne de cavalo em alimentos processados na Europa, empresas brasileiras - sobretudo grandes redes varejistas - começam a buscar laudos técnicos de análise de DNA no país como forma de se precaver de más surpresas. Segundo laboratórios ouvidos pelo Valor, a busca por esse tipo de serviço se intensificou nas últimas duas semanas, à medida em que as descobertas de fraudes aumentaram e extrapolaram o limite geográfico da União Europeia. Na quarta-feira, a Rússia anunciou ter detectado traços de carne de equinos em salsichas importadas pelo país.

"Estamos fazendo uma média de dez orçamentos por dia para análise de DNA de cavalo", afirma Diego Collaziol, diretor da unidade de Garibaldi, no Rio Grande do Sul, do Laboratório ALAC. De acordo com o executivo, os clientes interessados são indústrias processadoras, frigoríficos e redes de supermercados.

Adquirido no ano passado pela Eurofins, com sede em Bruxelas, o laboratório espera receber da matriz no fim da próxima semana o seu primeiro sequenciamento de DNA - chamado de "primer" no jargão genético - de cavalo para que possa realizar os testes em duas de suas unidades no país, em Garibaldi (RS) e Indaiatuba (SP). Por enquanto, somente uma unidade do grupo na Alemanha detém a tecnologia. "Fazemos tradicionalmente laudos de DNA de bovinos, suínos, caprinos e aves. Mas não de cavalo porque não havia demanda. Agora, a situação mudou", diz.

Os produtos para análise vão desde lasanhas e salsichas a pizzas de calabresa e mortadela. Para o diretor financeiro, Daniel Rodrigues, o recebimento dos "kits" de genoma equino se justifica. "Sempre tem demanda imediata quando ocorrem esses episódios. Mas a indústria mantém os testes por algum tempo até que o mercado se sinta seguro".

O laboratório paulista da Bioagri, pertencente à francesa Silliker, iniciou na segunda-feira o serviço de laudos de DNA de cavalos, na expectativa do potencial de demanda no país. A empresa enviará as amostras para uma unidade do grupo na Itália. Em quatro dias, três clientes enviaram pedidos de orçamento ao laboratório. "Eles já são nossos clientes e agora pedem a análise de DNA de cavalos como informação complementar sobre seus fornecedores", afirma Tatiane Alves, coordenadora de vendas da divisão de alimentos da Bioagri.

Com resultado prometido em 15 dias, essas análises custam, em média, R$ 500 por amostra.

De olho nas críticas geradas pelas fraudes na Europa, que jogaram os holofotes novamente sobre a rastreabilidade dos alimentos, Walmart Brasil, Pão de Açúcar e Carrefour confirmaram o interesse em laudos de análise de DNA de cavalo como forma de agregar mais segurança a linhas de marcas próprias. As três gigantes do varejo informaram estar em contato com laboratórios.

Procurados, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) e a Associação Brasileira de Exportadores de Carne (Abiec) disseram desconhecer o interesse de seus associados por testes de DNA de cavalo.

"Não precisamos provar aquilo que não existe", diz Antonio Camaderlli, presidente da Abiec. "Até porque só há dois frigoríficos que abatem cavalo no país, e é tudo para exportação. Nem teria volume de matéria-prima [carne de cavalo] disponível". Segundo ele, o que ocorre agora é fruto do próprio fechamento ao comércio do bloco europeu. "Agora estamos vendo subterfúgio da fraude para se manter competitivo".



Veículo: Valor Econômico


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