Cafeicultura mineira em xeque

Leia em 3min 40s

A cotação do café abaixo dos custos de produção e a falta de expectativa de retomada dos preços estão deixando os cafeicultores de Minas Gerais apreensivos. A situação, que é considerada crítica pelos representantes da cafeicultura, incentivou a elaboração de um documento, com as principais reivindicações do setor para ser entregue à Presidência da República. O objetivo é que sejam criadas políticas efetivas que promovam a geração de renda.

De acordo com o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e presidente das comissões de Café da Faemg e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Mesquita, nos próximos dias os representantes da cafeicultura, junto com o Conselho Nacional do Café (CNC), irão buscar apoio do governo estadual e dos ministérios para que o documento seja entregue à presidente Dilma Rousseff.

" preciso que haja vontade política para que os problemas da cafeicultura sejam efetivamente resolvidos, temos todos os mecanismos disponíveis, só falta o apoio do governo federal para colocá-los em prática. A cafeicultura evoluiu muito ao longo dos anos e precisa que sejam criadas políticas de geração de renda e não só ações paliativas. Nosso objetivo é cobrar da Presidência o apoio que foi prometido durante as campanhas eleitorais", diz Mesquita.

De acordo com Mesquita, o documento foi elaborado juntamente com os sindicatos e cooperativas de produtores de Minas Gerais durante reuniões realizadas nos últimos dias. Mais de 60 sindicatos e cooperativas colaboram com a formulação da pauta.


Revisão - A prévia, elaborada em reunião na Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (Cooparaíso), lista algumas medidas como o pedido de revisão imediata do preço mínimo do café dos atuais R$ 251,69 para R$ 340 por saca de 60 quilos; a realização de leilões de contratos de opção e o retorno do programa de estoque regulador por parte do governo federal visando volume máximo de até 9 milhões de sacas em período de três anos.

Além disso, o setor também reivindica que seja liberado Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) para volume de 8 milhões de sacas com prêmio de R$ 60 por saca para preço de gatilho R$ 380 por saca, prevendo-se o primeiro leilão em agosto de 2013.

A situação da cafeicultura é considerada crítica. Além dos preços recebidos pelos produtores estarem abaixo dos custos de produção, a aproximação da colheita da safra 2013, que começa em junho, poderá acarretar em novas quedas na cotação do grão, uma vez que a oferta será novamente ampliada e a demanda da indústria é pequena.

Para o vice-presidente da Cooparaíso, no Sul de Minas, José Fichina, todas as regiões produtoras de café no Estado estão registrando prejuízos com a comercialização do grão, principalmente nas regiões montanhosas, devido ao relevo que impede a mecanização da cultura e a redução dos custos com mão de obra.

Ainda segundo Fichina, a situação é complicada para todos os cafeicultores. O café produzido em 2012 foi financiado a R$ 360 e hoje é vendido a R$ 290, valor abaixo dos custos de produção e insuficiente para quitar o financiamento. "Com este valor, o cafeicultor acumula prejuízo de R$ 70 por cada saca de 60 quilos vendida. O cenário, caso não haja interferência do governo federal, poderá se agravar ainda mais com a aproximação da colheita da próxima safra. A cafeicultura é muito importante para o Brasil e mais ainda para Minas. Somente no sul-mineiro são gerados cerca de 10 milhões de empregos e muitos municípios têm o café como exclusiva fonte de renda", ressalta.


Insumos - Outro fator que agrava a situação é a elevação dos preços dos insumos acima dos níveis registrados nas cotações do café. De acordo com o levantamento feito pela Cooparaíso, entre 1994 e 2012, os principais insumos utilizados na cafeicultura tiveram os preços reajustados muito acima dos valores recebidos pelas negociações de café.

No período, o salário mínimo subiu 1.211%, seguido pelo óleo diesel, com alta de 638%, adubo, com reajuste de 682%, energia elétrica, 483%, calcário, 467%, tratores, 447 , enquanto os preços pagos pela saca de café aumentaram apenas 230%. "Nossa esperança é que o governo faça algo que tire a cafeicultura da crise em que a mesma se encontra. Estamos reivindicando pela sobrevivência da atividade", diz Fichina.




Veículo: Diário do Comércio - MG


Veja também

Genéricos têm alta de 29,3%

São Paulo - As receitas com vendas  de medicamentos genéricos no Brasil tiveram alta de 29,3% em jane...

Veja mais
Drogaria Extra fará campanha

A Drogaria Extra, unidade de São Caetano do Sul, cidade  do ABCD Paulista, anunciou que por meio de parceria...

Veja mais
Crise na LBR gera clima de incertezas no setor lácteo

Em pouco mais de dois anos, a Lácteos Brasil (LBR), megacompanhia do setor leiteiro nacional, que concorria de ig...

Veja mais
Cresce consumo de chocolate

Classe A garantirá movimentação de R$ 457,2 milhões. São Paulo - Apesar das recentes...

Veja mais
Gasolina terá maior percentual de álcool em 1º de maio

O aumento do porcentual obrigatório de adição de álcool anidro combustível à g...

Veja mais
Yakult investe R$ 8 milhões em nova campanha para TV

Em ano de Copa das Confederações e de pré-ano da Copa do Mundo de Futebol, a nova campanha de Yakul...

Veja mais
Têxteis continuam em crise, apesar da desoneração

Demissões caíram pela metade em 2012, mas importados ainda impactam negativamente setor O presidente da A...

Veja mais
Açaí e farinha: aumento nos preços

A alimentação do paraense está batendo recordes de alta nos preços a cada mês, tornand...

Veja mais
Agricultura irrigada avança com investimentos federais

Perímetros de irrigação vão alavancar a produtividade de alimentos O Ministério da I...

Veja mais