TVs gigantes custam mais que um carro

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Painéis luminosos e vídeos coloridos não são novidade em Las Vegas ou na Consumer Electronics Show (CES), a exposição de tecnologia que todos os anos domina as atenções na cidade, durante alguns dias de janeiro. Mas nesta edição da feira, em particular, as projeções usadas pelos fabricantes para exibir seus produtos parecem mais coloridas e vibrantes que o usual.

O motivo disso é o uso de televisores com telas de resolução ultra-alta - o 4K, ou UltraHD. A tecnologia, que rapidamente se converteu em uma das grandes apostas dos fabricantes para os próximos anos, permite exibir conteúdo com definição até quatro vezes superior à mais alta resolução disponível nos televisores atuais. Com o novo padrão, é possível ver nitidamente cada detalhe de uma transmissão. Atores e atrizes preocupados com as rugas que se cuidem!

Os primeiros aparelhos desse tipo chegaram ao mercado no segundo semestre do ano passado pela mãos da LG e da Sony. Com telas de mais de 80 polegadas - o equivalente a quatro aparelhos de 42 polegadas - os aparelhos chamaram atenção não só pela alta qualidade das imagens, mas também pelos preços. Nos Estados Unidos, um aparelho desse tipo pode custar US$ 25 mil, mesmo preço que o carro híbrido da Toyota, o Prius. No Brasil, os preços são igualmente altos: entre R$ 40 mil e R$ 100 mil. Mesmo assim, há demanda. "Vendemos todas as unidades disponíveis e temos uma lista de espera", disse Fernanda Summa, gerente de marketing de TVs da LG no Brasil.

De acordo com a Consumer Electronics Association (CEA), associação que organiza a feira, mais de 20 modelos de TVs UltraHD serão apresentados durante o evento. A previsão é que os produtos cheguem ao mercado até o fim do ano.

Os anúncios estão sendo feitos por marcas tradicionais como LG, Samsung, Panasonic e Sony, mas também por nomes bem menos conhecidos, como a Skyworth, de Hong Kong. Além de modelos de 84 polegadas, as companhias vão produzir aparelhos com telas de 55 e 65 polegadas, que são mais baratas e podem ajudar a acelerar a venda dos aparelhos. Os preços desses equipamentos menores, no entanto, ainda não estão definidos. O custo das novas tecnologias costuma cair rapidamente, à medida que elas se disseminam entre o público. A princípio, porém, elas costumam ser acessíveis a poucos consumidores abastados, que não se importam em dispender somas altas para serem os primeiros a ter um novo dispositivo. "Talvez não custe tanto quanto um carro. Quem sabe uma moto", brincou um funcionário no estande da Sony.

A introdução do UltraHD ocorre cerca de seis anos depois da chegada dos primeiros aparelhos de alta resolução ao mercado. O movimento está diretamente ligado à busca por lucratividade dos fabricantes de TVs. No ano passado, as receitas com a venda de TVs LCD no mundo caíram 11%, segundo dados preliminares da CEA. Para 2013, a projeção é de um recuo de 2%. As quedas foram causadas pelos agressivos cortes de preços feitos para atrair a atenção dos consumidores, que nos últimos dois anos têm preferido gastar mais com tablets e smartphones.

Para melhorar suas margens, os fabricantes têm apostado fortemente na venda de aparelhos com telas grandes, as chamadas "jumbo TVs", com tamanhos que variam de 50 a até 100 polegadas. Nesses aparelhos, é possível obter resultados quatro a cinco vezes maiores por polegada em comparação com modelos entre 20 e 30 polegadas. Com telas maiores, é preciso aumentar a resolução para não prejudicar a experiência dos consumidores. Por isso, o esforço para fazer o UltraHD emplacar.

Mas a adoção da tecnologia será lenta. A estimativa da CEA é que as TVs UltraHD atinjam uma participação de apenas 2% do mercado mundial em 2015. O principal impeditivo para sua assimilação será o preço. "Será um mercado segmento", disse ao Valor Steve Bambridge, diretor da empresa de pesquisa GfK. "Mas os fabricantes estão dispostos a trocar volume por melhores margens", afirmou o analista. Na avaliação de Fernanda, da LG, essa participação de mercado é razoável. "É bastante para um produto que ainda é caro e não tem escala", disse a executiva.



Veículo: Valor Econômico


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