Custos pressionam o setor lácteo de Minas

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Concorrência com Argentina e Uruguai também afeta atividade no Estado


O aumento significativo dos custos de produção da pecuária de leite e a dificuldade de repassar esses reajustes para o consumidor final interferiram de forma negativa na indústria. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Laticínios no Estado de Minas Gerais (Silemg), além do aumento dos gastos com a aquisição do leite in natura, o setor ainda foi afetado pelo maior ingresso de produtos lácteos no mercado, vindo principalmente da Argentina e do Uruguai.

A estimativa é a de que a produção mineira tenha encerrado 2012 com crescimento de 3% e volume de 8,4 milhões de litros de leite, respondendo por 26% da produção nacional.

Para o diretor-executivo do Silemg, Celso Moreira, um dos principais desafios para a cadeia leiteira neste ano será o estabelecimento de normas que venham controlar as importações de produtos lácteos proveniente da Argentina e Uruguai, o que só será possível com a interferência do governo federal.

A expectativa é a de que a medida, que poderá incluir o estabelecimento de cotas e de preços mínimos, venha limitar o ingresso de leite do Uruguai e produtos de maior valor agregado, como queijos e leite em pó da Argentina, que já trabalha com cotas que limitam a negociação do produto com o Brasil.

"A interferência do governo será de fundamental importância para o controle da importação de lácteos, que vem crescendo a cada ano e prejudicando a cadeia leiteira do país. No ano passado, o segmento foi afetado pelo aumento inesperado dos custos de produção e a indústria sofreu para repassar a diferença para o setor supermercadista, que optou pelas importações para evitar o reajuste", diz Moreira.

Insumos - Ainda segundo Moreira, os custos da atividade foram impulsionados pelo encarecimento do milho e da soja, principais componentes da ração bovina. A alta se deve às quebras de safra registradas no Brasil, Argentina e nos Estados Unidos, o que limitou a oferta em um período de alta demanda e estoques mundiais baixos. A expectativa para este ano é a de que o aumento da safra de grãos no país ajude a equilibrar a oferta à demanda e promova a redução dos preços.

"Um dos custos que mais interferiu no setor industrial foi com a aquisição de leite que ficou mais cara ao longo de todo o ano passado, inclusive no período de safra. A indústria absorveu a alta, só conseguindo repassá-la para o setor varejista no segundo semestre, acumulando prejuízos", ressalta.

Mesmo com o encarecimento dos custos de produção e a dificuldade de repasse dos mesmos, os investimentos previstos para as unidades mineiras foram mantidas ao longo de 2012. Até o momento não existem novos projetos para empresas se instalarem no Estado.

"A manutenção dos investimentos em melhorias técnicas, capacitação e modernização das unidades é fundamental para reduzir os custos e ampliar a competitividade. Mesmo em um cenário não muito positivo, as empresas mantiveram os investimentos", diz.

Para este ano as expectativas são positivas. Além da redução esperada nos custos com a aquisição do leite, o consumo de produtos e de derivados de maior valor agregado vem crescendo significativamente nos últimos anos.

"A população está mais bem informada e priorizando o consumo de produtos saudáveis e de maior valor agregado, como iogurtes e queijos, o que impacta diretamente no setor lácteo. Com o aumento do poder de compras, o consumo também é favorecido", enfatiza Moreira.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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