Produção de limão no Jaíba em xeque

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Investimentos em tratos dos pomares foram reduzidos, o que pode afetar a cultura nos próximos anos.


A superprodução de laranja em São Paulo tem aumentado a oferta do produto no mercado interno e interferindo negativamente na comercialização da produção de limão em Minas Gerais. Representantes do setor classificaram 2012 como um dos piores anos para a cultura. Com as perdas financeiras, os investimentos na ampliação e tratos culturais dos pomares foram reduzidos, o que pode prejudicar a cultura ao longo dos próximos anos.

De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Limão, Manga e outras Frutas do Jaíba (Aslim), Randolfo Diniz Rabelo, desde janeiro o segmento vem trabalhando com os preços do limão abaixo do projetado. E até o momento não existem sinalizações de que o cenário será diferente nos próximos meses.

"Este ano foi atípico para o setor, já que esperávamos a valorização dos preços devido ao aumento da demanda externa. Porém, com a maior oferta de laranja no mercado e os preços equivalentes aos do limão, a demanda pela fruta foi reduzida impactando negativamente na cotação e desestimulando os investimentos nos pomares", diz.

Segundo dados da Aslim, ao longo do ano é comum registrar variações nos preços do limão que vão de R$ 3 a R$ 18 a caixa de 20 quilos, dependendo da época de produção. Em 2012, essa variação ficou bem menor com o preço máximo alcançando, em média, R$ 12 por caixa de 20 quilos.

Apesar da queda nos preços do mercado interno, as vendas para o exterior continuaram com o valor superior e a demanda crescendo, porém a maioria da produção apresenta qualidade inferior ao padrão internacional, o que impede a negociação com o exterior.


Qualidade - "O fruticultor que ao longo dos últimos anos investiu nos pomares e conseguiu ampliar a qualidade de forma a atender tanto em volume quanto em qualidade ao mercado externo estão lucrando com a atividade, mesmo que em níveis inferiores aos registrados em 2011. A situação mais grave é vivenciada pelos demais, que são em grande maioria de pequeno porte e desenvolve a atividade dentro do sistema da agricultura familiar", ressalta.

Uma das principais conseqüências da redução dos preços foi o desestímulo dos fruticultores que, por não estarem capitalizados, investiram menos nos tratos culturais e, em alguns casos, suspenderam os projetos de expansão dos pomares.

De acordo com o produtor, e associado à Aslim, Darcy da Silveira Glória, os resultados da redução dos investimentos serão percebidos, principalmente, daqui a três anos. "A principal conseqüência será na queda da qualidade e da oferta do limão, o que pode afetar a formação de preços", revela Silveira.

Segundo ele, a queda na cotação do limão se deve, entre outros fatores, à crise da laranja paulista, que começou com a superprodução em 2011, quando foram colhidas em torno de 430 milhões de caixas de 20 quilos, sendo que a capacidade de processamento da indústria é de 247 milhões de caixas por ano. Neste ano os laranjais voltaram a produzir uma safra acima do esperado, cerca de 365 milhões de caixas.

Outro fator que vem contribuindo para a queda nos preços é a redução do consumo. Desde 2000 a demanda mundial por suco concentrado caiu de 2,7 bilhões para 2 bilhões de toneladas. A concorrência com outras bebidas, como os isotônicos e as águas saborizadas, é apontada como a principal causa para a queda do mercado.

Além disso, a crise econômica na Europa e as restrições dos Estados Unidos ao produto brasileiro por causa do uso de um agrotóxico proibido naquele país, o Carbendazim, também prejudicaram as vendas.

A produção anual de limão na região do Jaíba é de 60 mil toneladas, em uma área média de 3,5 mil hectares. Visando o mercado europeu, os produtores mineiros estavam investindo na ampliação da produção. Segundo a Aslim, o projeto que previa que a área da cultura ocupasse uma área de 5 mil hectares, nos próximos dois ano foi, em partes, prejudicado pela queda dos preços.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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