Alta do dólar eleva custo dos eletros

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Para duas fabricantes com planta no Estado, valorização da moeda pode provocar aumento de preços.



Os preços dos eletrodomésticos podem subir impulsionados pela alta do dólar.  o que preveem duas das principais fabricantes do setor com plantas em Minas Gerais: Black & Decker, em Uberaba (Triângulo Mineiro), e Suggar, sediada no Distrito Industrial Olhos D’Água, na região do Barreiro, na Capital. Isso porque os componentes utilizados na fabricação dos produtos, normalmente importados da China, estão mais caros com a valorização da moeda norte-americana, o que eleva os custos de produção das empresas.

A Suggar se esforça para evitar o repasse. "Temos que dançar conforme a música. Em alguns casos, estamos com um nível de estoque elevado, o que adia o reajuste", afirma o proprietário e presidente da indústria, José Lúcio Costa. Um item que não deve, tão cedo, ser impactado pela alta é o ventilador, o que pode ser atribuído à sazonalidade. Em contrapartida, as coifas, carro-chefe da Suggar, podem ficar, em média, 15% mais caras.

Costa explica que, mesmo com o dólar em alta, no patamar de R$ 2, ainda não é vantajoso fabricar por aqui os itens de importação. "A concorrência, principalmente com a China, é desleal, devido, principalmente, à enorme carga tributária, com a qual somos obrigados a arcar. No exterior, além de menos encargos, os custos com mão de obra também são mais baixos", revela o industrial que, no total, importa cerca de 145 peças de composição.

Ao contrário do que muitos acreditam, Costa defende a qualidade dos itens provenientes do gigante asiático que, segundo ele, agregam tecnologias de nações desenvolvidas, como Alemanha e Estados Unidos. Ele ainda recorda que, na década passada, quando o dólar chegou à casa dos R$ 4, seus produtos ainda eram competitivos no exterior. Naquele período, as secadoras, por exemplo, que em território nacional custavam R$ 400, eram vendidas a U$ 100, quando ultrapassavam a fronteira.


Exportações - A Black & Decker, que encerrou as exportações em abril, afirma que, tão cedo, as vendas externas não serão retomadas, mesmo com o real valorizado. O vice-presidente de Manufatura da América Latina, Domingos Dragone, ressalta que, para que os bens produzidos em Minas voltem a ter preço para brigar no exterior, o dólar deveria flutuar entre R$ 2,30 e R$ 2,40. Mas, segundo especialistas, o patamar ainda está longe de ser atingido.

Em 2011, menos de 5% dos R$ 560 milhões faturados pela Black & Decker foram frutos de vendas para o estrangeiro. Em 2005, o percentual chegava aos 35%. "Naquela época, a produção de Uberaba abastecia toda a América Latina, da Argentina ao México", recorda Dragone.

O executivo, entretanto, compartilha a opinião de Costa, e enfatiza que para a indústria brasileira ser verdadeiramente competitiva é necessário ir além de medidas paliativas, como desvalorização da moeda nacional e desoneração de alguns setores.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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