Volume de exportação cai 1,1% em abril

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A queda de 3,01% na exportação em abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado - retração de 7,9% na média diária - não foi afetada somente pelo recuo de preços, mas também pela redução do volume. O preço médio de exportação caiu 1,9% em abril, na comparação com o mesmo mês de 2011. O volume do total das vendas brasileiras ao exterior caiu 1,1%. Os dados de volume e preço são da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). Economistas consideram que a queda é um sinalizador de que a piora no quadro europeu e a desaceleração da economia chinesa podem ter um impacto nos embarques brasileiros que vai além da redução de preços das commodities.

A queda no volume de exportação foi puxada principalmente pelos bens industrializados: a redução foi de 11% para semimanufaturados e de 1,2% para os manufaturados. Entre os semimanufaturados mais importantes embarcados pelo Brasil estão produtos de ferro e aço, celulose e açúcar bruto. O volume de básicos, responsável por pouco mais de metade da pauta de exportação, teve alta de 2%.

Rodrigo Branco, economista da Funcex, diz que a redução do volume de exportação em abril quebra o ritmo de recuperação da quantidade embarcada que vinha ocorrendo nos meses anteriores. No acumulado de janeiro a março, na comparação com o mesmo período do ano passado, o volume de exportação aumentou 5,5%.

"Em abril, a menor demanda internacional teve efeito não somente no preço, o que já vinha acontecendo nos meses anteriores, mas também no quantum", diz Branco. Por categoria de uso, os dados da Funcex mostram, em abril, queda de 5,7% no volume de exportação de produtos intermediários, de 22,2% em bens de consumo duráveis e de 10,2% em não duráveis.

José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), acredita que o cenário é de queda ou desaceleração na exportação nos próximos meses. "Isso é resultado de um quadro mais negativo na Europa, com dados de crescimento de desemprego. Mesmo a China tem permitido a valorização da sua moeda, mostrando um reforço à política de fornecimento ao próprio mercado doméstico."

A demanda chinesa por produtos brasileiros como soja e minério de ferro, diz Castro, continua grande, o que ajuda a segurar um pouco mais os preços. A desaceleração da economia do país asiático, porém, impede grande elevação de volume dos embarques.

"O que preocupa mais é que neste ano provavelmente não haverá um efeito preço para elevar o valor de exportação, como aconteceu no ano passado", lembra Castro. Segundo a Funcex, o preço médio de exportação dos produtos básicos caiu 4,3% em abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado até março, a redução foi de 2,1%. Em abril, os semimanufaturados também apresentaram redução de preço, de, 4,6%. Os manufaturados ficaram 2,3% mais caros.

O economista Fernando Ribeiro, técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), diz que a queda no volume de exportação em abril não surpreende. "A exportação já não vinha apresentando dados muito favoráveis do fim de 2011 para cá. O crescimento de 5,5% no volume exportado até março foi muito puxado pelos básicos, sendo que os manufaturados tiveram perda razoável de crescimento."

Além do cenário mundial ruim, o desempenho da exportação brasileira é afetado adicionalmente pela Argentina, na venda de alguns itens manufaturados. Apesar de acreditar que no decorrer de 2012 o Brasil ainda poderá ter em alguns meses outras quedas no volume de exportação, Ribeiro estima que a quantidade embarcada terá alta pequena no ano, abaixo de 4%. O problema, diz ele, são os preços, que oscilaram muito e podem assumir níveis imprevisíveis.

"Tanto a exportação como a importação para 2012 estão com tendência de estagnação, andando meio de lado, crescendo bem devagar", diz Ribeiro. Para ele, não há muita perspectiva de mudança no cenário mundial. O que pode ainda fazer diferença, diz, é uma retomada da demanda doméstica com força no segundo semestre, capaz de impulsionar e acelerar a importação.

Para Ribeiro, os dados de recuo nos desembarques em abril chamam a atenção. De acordo com a Funcex, houve redução de 3,9% no volume de importação de intermediários em abril, na comparação com o mesmo mês de 2011, e de 18,8% nos bens de consumo duráveis. Os não duráveis apresentaram queda de 4,1%. Para o economista do Iedi, a redução de intermediários reflete a desaceleração de produção industrial. "No caso dos bens de consumo, pode ser desaquecimento do consumo ou reposição de estoques."



Veículo: Valor Econômico


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