Repatriação de recursos e investimentos externos no país levam cotação ao menor patamar em 15 meses
Com repatriação de recursos e investimento externo, moeda americana vai ao menor valor em 15 meses -SÃO PAULO E RIO- O aumento do fluxo de recursos para o país com a proximidade do fim do prazo para a lei de repatriação, que termina dia 31, fez o dólar cair ontem à menor cotação em mais de 15 meses. A moeda recuou 0,48% ante o real, cotada a R$ 3,106. Na mínima, a divisa chegou a R$ 3,103. Além da corrida para regularizar recursos não declarados mantidos por brasileiros no exterior, notícias positivas para a economia vêm ajudando a desvalorizar o dólar nas últimas semanas.
O dólar deve se manter próximo de R$ 3,10 — diz Ignácio Crespo, economista da Guide Investimentos. — Além da entrada de recursos no país, a valorização do real se deve à postura mais conservadora do Banco Central (BC), pois os juros, em patamares elevados, ajudam a atrair investidores.
Na avaliação de Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor, uma série de fatores contribui para essa tendência de queda da moeda. No mês, a desvalorização acumulada ante o real é de 4,5%, mais intensa que a registrada em relação a outras moedas de países emergentes. A queda do dólar ocorreu mesmo com a mudança de estratégia do BC, que anunciou, segunda-feira à noite, a suspensão da rolagem dos contratos de swap que vencem em 1º de novembro.
— O Brasil está em evidência maior. Tivemos a conclusão do impeachment, o encaminhamento da votação do projeto que limita o crescimento dos gastos públicos, juros elevados e a inflação em queda. Tudo isso favorece o real tanto na atração de recursos de curto como de longo prazo. A repatriação de divisas é carro-chefe dessa queda — afirma Alessie.
As moedas de emergentes estão sendo favorecidas também porque há, entre os analistas, a quase certeza de que o processo de alta de juros nos Estados Unidos ocorrerá de forma gradual. O Dollar Index, que compara a divisa com dez moedas, caía 0,06% próximo ao encerramento de negócios no Brasil.
BOLSA EM QUEDA A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou ontem em queda de 0,30%, aos 63.866 pontos, seguindo as bolsas internacionais, enquanto investidores embolsam os ganhos das altas de pregões anteriores. No mês, o Ibovespa acumula ganho de quase 10%. O recuo da bolsa ontem foi puxado pelo desempenho da Petrobras, cujas ações ON (ordinárias, com direito a voto) caíram 2,11%, e o papel PN (preferencial, sem direito a voto) perdeu 1,09%, seguindo o mercado internacional, onde o barril de petróleo caiu 1,59%.
No setor bancário, o de maior peso no Ibovespa, o dia também foi de perdas: Banco do Brasil desvalorizou 2,37%, Bradesco, 0,46%, e Itaú, 0,52%.
A queda da Bolsa só não foi maior graças aos papéis da Vale, que tiram proveito da alta dos preços do minério de ferro na China. As ações preferenciais da mineradora subiram 6,52%, e as ordinárias dispararam 5,17%.
Os mercados americanos também fecharam em queda e contribuíram para a queda do Ibovespa. O Dow Jones recuou 1,37%, e o S&P 500 teve recuo de 1,55%.
Fonte: Jornal O Globo