Avanço da informalidade volta a assombrar o varejo popular

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Em regiões tradicionais de vendas, como o Brás e o Saara, lojistas reclamam da falta de fiscalização por parte da gestão pública na inibição dos camelôs

 
São Paulo - Fantasma dos comerciantes legais nos anos 1990, o varejo informal, formado pelos camelôs, tem avançado nas grandes cidades brasileiras e causado problemas aos varejistas que estão dentro da lei. Segundo apurado pelo DCI, a região do Brás, em São Paulo, por exemplo, perdeu 30% das vendas por conta da situação.
 
Para o presidente da Federação dos Varejistas e Atacadistas do Brás (Fevabrás), Gustavo Dedivitis, o problema foi causado pela junção de dois fatores: o aumento dos níveis de desemprego por conta da crise e, principalmente, a falta de fiscalização dos órgãos públicos sobre o comércio irregular.
 
"Eles [camelôs] tomaram as ruas. A Operação Delegada, que antes atuava firme nessa fiscalização, hoje praticamente não existe mais. Alguns comerciantes que atuam em situação legal estão chegando a nós e falando que vão partir para a ilegalidade, já que estão perdendo suas vendas e não veem retorno nos impostos que pagam", diz Dedivits.
 
Criada em 2009 durante a gestão municipal de Gilberto Kassab (PSD), a Operação Delegada visa coibir a proliferação do comércio ambulante na cidade. No final de abril deste ano, no entanto, já sob a gestão de Fernando Haddad (PT), o programa foi renovado, mas teve seu efetivo de fiscais reduzido em 72%. Vale lembrar que o convênio atual deixa a cargo da Secretaria de Estado da Segurança Pública a autuação sobre os comerciantes ilegais. A equipe de fiscais, atualmente, é estimada em 1.063 soldados da Polícia Militar ao dia. "As ruas do Brás estão com as calçadas lotadas e as lojas vazias. A gente tem sentido isso nas vendas, que estão até 30% menores por conta do problema", lamenta Dedivits.
 
A solução, na opinião dele, é o fortalecimento da Operação Delegada, que ajudava mais firmemente no combate à ilegalidade em anos anteriores.
 
Questionada, a Prefeitura de São Paulo afirma que tem atuado no combate do comércio irregular com agentes das subprefeituras e da Guarda Civil Metropolitana (GCM).
 
"Elas mantêm rondas diárias para coibir a atividade irregular nas vias públicas da cidade. Na região do Brás especificamente, o plano operacional de trabalho da Operação Delegada é feito pela Polícia Militar", respondeu, em nota, a assessoria da prefeitura da capital. Atualmente, estima-se que o polo comercial do Brás, na zona central da cidade, é formado por mais de 15 mil varejistas e movimenta mais de R$ 15 bilhões ao ano.
 
Olimpíada das perdas

 
Quem também tem sofrido com o avanço do comércio irregular são os comerciantes da região do Saara, no Rio de Janeiro. Somado a isso, e em decorrência dos Jogos Olímpicos, as vendas dos varejistas seguiram em direção descendente.
 
"As fiscalizações sobre os camelôs têm sido pouco presente na região. Com o fim da Olimpíada, esperamos que a prefeitura do Rio dê mais atenção a esse sério problema", cobra o presidente do Polo Saara, Toni Haddad.
 
De acordo com o Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio), o comércio formal local teve uma queda de 2% nas vendas durante a realização dos Jogos Olímpicos na capital carioca. "As vendas ficaram mais concentradas nos setores de alimentação e entretenimento. Além da informalidade que cresce assustadoramente durante eventos dessa magnitude, outro fator que também contribuiu para a queda das vendas foram os inúmeros feriados, que mesmo com o comércio podendo funcionar, afastou os consumidores das ruas na maior parte da cidade", afirma o presidente da CDLRio, Aldo Gonçalves.
 
O "efeito olímpico" negativo também foi sentido em São Paulo, onde os varejistas sentiram leve retração nas vendas, segundo Dedivits, da Fevabrás.
 
"Julho foi um ótimo mês para nós, mas neste mês, com a Olimpíada, foi um pouco pior em relação a 2015", confirma.
 
Para este ano, mesmo com os problemas enfrentados pelos comerciantes, a expectativa é de que o faturamento dos lojistas da região cresça até 5%, o que seria considerado como ótimo resultado pela entidade.
 
Fonte: DCI


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