Vendas do varejo já estão 9,2% abaixo do pico de 2014, diz IBGE

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                Alta da inflação e aperto no crédito e na renda explicam as oito quedas seguidas nas vendas do setor até setembro deste ano.

Após meses de sucessivas quedas, as vendas do varejo já estão 9,2% abaixo do pico registrado em novembro de 2014, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "O reflexo do comércio é o que está acontecendo com o poder de compra. É diferente da indústria, em que a produção está ligada a uma decisão do empresário. No comércio não, é compra mesmo", avaliou Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.  

O IBGE informou hoje que as vendas do comércio varejista registraram a oitava queda seguida e caíram 0,5% em setembro ante agosto, na série com ajuste sazonal. No ano, as vendas acumulam queda de 3,3%. Já em 12 meses, o recuo é de 2,1%.

Segundo a pesquisadora, a decisão dos consumidores de diminuir o ritmo de compras é justificada pela redução da renda, menor concessão de crédito e pressão inflacionária. "São esses três fatores combinados que podem explicar esse recuo nas vendas", apontou. Isabella declarou que a inflação teve impacto, sobretudo, nas vendas dos setores de supermercados e de combustíveis.

Dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostram um aumento 10,0% nos preços dos alimentos consumidos no domicílio no acumulado de 12 meses até setembro. No mesmo período, os combustíveis ficaram 11,1% mais caros. 

Ao mesmo tempo, as taxas de juros do crédito para pessoas físicas subiram de 28,2% ao ano em setembro de 2014 para 37,4% ao ano em setembro de 2015, de acordo com levantamento do Banco Central. As incertezas no mercado de trabalho, com redução nas vagas com carteira assinada, também contribuíram para a redução do consumo.  "O trabalho com carteira assinada traz um pouco mais de segurança para o consumidor", justificou a gerente do IBGE. 

O cenário no varejo ampliado - que inclui as atividades de veículos e material de construção - é mais grave. O volume vendido está 15,7% menor do que o nível mais alto da pesquisa, alcançado em agosto de 2012.  

"No ampliado, por incluir atividades do atacado, a questão do menor ritmo da atividade tem um impacto mais direto. Há projetos que são engavetados, gastos que são postergados, influenciando a produção de veículos e de material de construção", explicou Isabella. "E as vendas de bens duráveis vêm perdendo fôlego porque, em geral, são itens de valor mais elevado, que comprometem mais a renda", concluiu.

 



Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo


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