Flexibilização das faixas tributárias pode levar negócios já estabilizados a crescer

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                                      Bruno Falci, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas, (CDL-BH), defende que os impostos sejam escalonados para dar fôlego aos negócios.

Dona de uma pequena indústria de confecções e material esportivo em Montes Claros (Norte de Minas), Karine Lessa vem expandindo o negócio, com cuidado para ficar sempre pequena. “O Simples é um sistema vantajoso. Se eu mudar para outra categoria, teria que pagar dedução do imposto sobre tudo que eu vender e tudo que eu comprar. Seria muito mais complicado e caro também” argumenta a empresária. Há 23 anos, Karine montou uma pequena fábrica no ramo de moda em Itabira. Há 15 anos, ao mudar-se com a família para Montes Claros, decidiu trabalhar com uniformes e material esportivo. Começou no município do Norte de Minas com 10 empregados. O negócio prosperou e hoje ela conta com 60 funcionários.D

Bruno Falci, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas, (CDL-BH), defende que os impostos sejam escalonados para dar fôlego aos negócios e torce pela aprovação do projeto que eleva o limite de faturamento para uma empresa permanecer no regime do Simples. “A renúncia fiscal pode ser compensada pela melhor gestão da máquina pública. A Receita deve unir a visão arrecadatória com a expansionista.” Para ele, a lei vai fortalecer o setor e inibir a subdivisão de CNPJs. “Primeiro, criam o problema, para depois nos venderem a solução.”

O professor de economia, Mauro Sayar explica que a medida vai favorecer uma migração natural para outros patamares de tributação, evitando que o empresário deixe de crescer ou use de estratégias como ter mais de um CNPJ para ficar no sistema, o que torna a gestão do negócio pesada, onerosa e pouco eficiente. “Com essa estratégia, as empresas perdem benefícios, por exemplo, em financiamentos. A ampliação do teto evita esses malabarismos e incentiva o crescimento como caminho natural”, defende.

Enquanto isso, as encomendas da empresa, que leva o nome da proprietária, deslancham. Karine Lessa conta que tem potencial para ampliar o negócio, mas prefere manter a cautela. “O mercado é muito promissor. Mas estou num ramo que não se pode crescer da noite para o dia. É necessário investimento em maquinário, em contratação de mão de obra qualificada. Isso demanda tempo. Também é bom ter um negócio pequeno, dentro do Simples”, afirma a empresária. Karine também tem uma pousada no litoral baiano, onde pretende abrir outro negócio na área de alimentação. “Todos os negócios estão dentro do Simples.”

Síndrome Paulo Feldmann, professor de economia brasileira da Universidade de São Paulo (USP), afirma que os efeitos da síndrome de Peter Pan são muito ruins para a economia brasileira, que deixa de ter uma pequena empresa forte e participativa. Favorável à aprovação do projeto, ele considera que a renúncia calculada pela Receita Federal será compensada por um setor mais dinâmico e produtivo. “Em 2015, só de juros de sua dívida, o governo vai pagar perto de R$ 500 bilhões, é quase acintoso não melhorar o ambiente hostil dos pequenos”, compara. Apesar de representarem 99% do contingente das organizações brasileiras e gerar 52% dos empregos com carteira assinada, a taxa de participação das MPEs no PIB é menor que a média da América Latina, que países europeus e Estados Unidos.

 



Veículo: Jornal Estado de Minas - MG


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