Queda nos aportes dificulta recuperação

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                                         Resultados negativos do PIB nacional no segundo trimestre já eram esperados pelas entidades empresariais.

O recuo de 1,9% no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano fez com que a economia brasileira entrasse em recessão técnica, confirmando a tendência de uma queda ainda maior no fechamento de 2015. A soma das riquezas produzidas no País em abril, maio e junho foi de R$ 1,42 bilhão, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira. No entanto, dentre os componentes do indicador, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) apresentou o oitavo trimestre consecutivo de queda, com recuo de 8,1%.

A retração entre os trimestres consecutivos é a maior desde os primeiros três meses de 2009, quando a economia também registrou baixa de 1,9%. Desta vez, todos os setores registraram queda, puxada pela indústria, que teve baixa de 4,3%, seguida da agropecuária (-2,7%) e dos serviços (-0,7%).

Os resultados negativos já eram esperados pelas entidades representativas dos setores produtivos em Minas Gerais, que destacaram a preocupação com o baixo volume de investimentos no País e o pessimismo dos empresários para os próximos meses.

Na avaliação do gerente de Economia e Finanças da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Guilherme Velloso Leão, o resultado negativo do PIB já era esperado diante do desaquecimento da economia e do desempenho negativo da indústria da transformação e da construção civil. Quanto à queda nos investimentos, segundo ele, a preocupação diz respeito aos reflexos futuros que a falta de aportes poderá trazer.

"À medida que temos uma redução forte e sequencial nos investimentos, a depreciação das estradas, máquinas e veículos do País se torna maior. Os aportes feitos no passado estão se tornando obsoletos, o que vai dificultar ainda mais qualquer recuperação, já que a produção será prejudicada", ressalta.

Demanda menor - Conforme Leão, basicamente dois fatores têm contribuído fortemente para este cenário. Um diz respeito à demanda, que está sendo afetada pela alta do desemprego e a menor capacidade de consumo das pessoas. O outro, inclusive em conseqüência do primeiro, tem relação com a confiança dos empresários em relação à percepção de melhoria do cenário econômico brasileiro.

"Com essa combinação de fatores, que inclui a instabilidade política, a alta carga tributária e os desafios da competitividade, não há empresário que queira investir no País. Assim, pelo menos para esse ano, não é possível traçar qualquer expectativa de retomada de investimento, de aumento do consumo ou de recuperação da economia, o que reforça a perspectiva de um PIB negativo em 2% ou 2,5% neste exercício", afirma.

Já no próximo ano, segundo o economista, dificilmente será possível um resultado positivo. "O mais provável é que haja uma estabilidade no resultado", estima.

O economista da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Guilherme Almeida, por sua vez, destaca o recuo de 2,1% no consumo das famílias. De acordo com ele, talvez por este motivo, o comércio, considerado subsetor de serviços na composição do PIB, que garantiu os resultados positivos do PIB nos últimos anos, agora se apresenta, pela segunda vez consecutiva, com retração.

"A alta taxa de juros, o aumento da inflação e o desemprego cada vez maior estão limitando o consumo das famílias e refletindo diretamente no comércio. O setor está diretamente ligado ao consumidor final e sente um reflexo maior da restrição de renda", justifica.

Para o restante de 2015 e para o ano que vem as perspectivas do representante das áreas de comércio e serviços também não são positivas. Ele concorda que o cenário resulta da falta de investimentos no País e da falta de confiança nas medidas que têm sido adotas pelo governo até então. "Qualquer melhoria deve ocorrer somente no fim de 2016 ou início de 2017", prevê.

 



Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG


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