IPCA-15 sobe para 1,33% em fevereiro, maior índice desde 2003, sob pressão de energia, transportes e educação
Taxa em 12 meses vai a 7,36%, a maior desde junho de 2005; para analistas, inflação continuará sob pressão
Pressionada por energia, transportes e educação, a prévia da inflação oficial do país registrou forte alta de 1,33% em fevereiro, acima do 0,89% de janeiro. Trata-se da maior marca do IPCA-15 desde fevereiro de 2003, quando o país vivia os reflexos da crise cambial detonada pela eleição de Lula.
Os dados foram divulgados na manhã desta terça-feira (24) pelo IBGE. O índice adota a mesma metodologia do IPCA (indicador oficial), mas com coleta que se encerra em meados do mês. O índice acumulado em 12 meses bateu em 7,36%, o mais alto desde junho de 2005. Para analistas, não há expectativa de que a inflação neste ano se mostre mais comportada, e a tendência é que fique em torno de 7,5%, um ponto percentual acima do teto da meta do governo, de 6,5%.
A maior pressão em fevereiro veio do grupo educação, com aumento de 5,98% em razão do reajuste das mensalidades escolares. Também puxaram a inflação os reajustes de energia, com alta de 7,70% em fevereiro, e itens do grupo transportes, como ônibus (7,34%), etanol (3,55%) e gasolina (2,96%), além de metrô (8,95%) e automóvel novo (2,76%).
ALIMENTOS
Já os alimentos, embora com taxa ainda elevada em fevereiro (de 0,85%), ajudaram a conter a inflação. Ainda assim, importantes produtos, como feijão, tomate e hortaliças, tiveram fortes altas. Para analistas, ainda que a inflação venha a subir menos nos próximos meses sem o aumento transitório de educação, a tendência é de taxas pressionadas ao longo do ano. Isso apesar da previsão de queda do PIB neste ano.
Para a Rosenberg & Associados, a inflação subiu em fevereiro na esteira dos preços administrados pelo governo. No caso da energia, o aumento se deu por causa do regime de bandeiras tarifárias, que repassa automaticamente ao consumidor o custo maior das termelétricas. Já os ônibus subiram em sete capitais, inclusive no Rio de Janeiro e em São Paulo, num movimento típico após as eleições.
Os combustíveis, por sua vez, aumentaram em razão da elevação de tributos. A alta do diesel é um dos motivos da onda da protestos de caminhoneiros.
Veículo: Folha de S. Paulo