Inflação em 12 meses pode ficar abaixo de 6% pela primeira vez em 2013

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O fim dos efeitos positivos do cancelamento do reajuste de transporte urbano e a leve alta esperada para o grupo alimentação e bebidas devem levar a prévia do índice oficial de inflação a acelerar em setembro, após ter subido 0,16% em agosto. No entanto, para os economistas, a desvalorização do câmbio, que já teve efeitos visíveis sobre os preços no atacado, ainda exerceu influência apenas pontual nesta leitura e só deve ser repassada em maior intensidade para o varejo nos próximos trimestres.

De acordo com a média das estimativas de 16 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) subiu 0,28% em setembro. No mês fechado de agosto, a alta foi levemente inferior, de 0,24%. As estimativas para o indicador, que será divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), variam entre alta de 0,23% a aumento de 0,35% no período.

Se confirmado o resultado esperado por economistas, o índice acumulado em 12 meses vai deixar alta de 6,15% no mês passado para avançar 5,94% em setembro, a primeira vez no ano em que o indicador ficará abaixo de 6% nesta base de comparação.

Para Adriana Molinari, analista da Tendências Consultoria, após dois meses em deflação, o grupo transportes deve voltar a subir em setembro e dará a principal contribuição para a alta de 0,30% esperada para a prévia do índice oficial. Adriana projeta que o grupo transportes sairá de deflação de 0,30% no IPCA-15 de agosto para aumento de 0,28% em setembro. Para a analista, além da influência apenas residual do cancelamento do reajuste da tarifa de ônibus urbano em diversas capitais, o grupo também ficou mais pressionado nesta leitura por causa das passagens aéreas. Este item, que teve deflação de 0,61% no mês passado, agora deve mostrar variação positiva de 7%. "A proximidade do período de férias contribui para esse avanço, mas a desvalorização cambial e o reajuste do preço do querosene também são influências importantes para este movimento".

Para Adriana Molinari, analista da Tendências Consultoria, após dois meses em deflação, o grupo transportes deve voltar a subir em setembro e dará a principal contribuição para a alta de 0,30% esperada para a prévia do índice oficial. Adriana projeta que o grupo transportes sairá de deflação de 0,30% no IPCA-15 de agosto para aumento de 0,28% em setembro. Para a analista, além da influência apenas residual do cancelamento do reajuste da tarifa de ônibus urbano em diversas capitais, o grupo também ficou mais pressionado nesta leitura por causa das passagens aéreas. Este item, que teve deflação de 0,61% no mês passado, agora deve mostrar variação positiva de 7%. "A proximidade do período de férias contribui para esse avanço, mas a desvalorização cambial e o reajuste do preço do querosene também são influências importantes para este movimento".

A perda de força do real em relação ao dólar desde meados de maio também tende a pressionar alguns preços de alimentos, embora esse movimento ainda seja incipiente. "É possível observar um pouco do efeito do dólar mais fraco em itens como farinhas e massas, aves e suínos e panificados", afirma. No entanto, como os alimentos in natura ainda vão registrar quedas intensas - no caso do subgrupo tubérculos, raízes e legumes a deflação deve chegar a 11% -, parte da pressão do câmbio tende a ser parcialmente anulada, na avaliação da analista. Assim, a alimentação no domicílio, que recuou 0,34% no IPCA fechado de agosto, ainda deve mostrar deflação de 0,16% na leitura parcial de setembro. O grupo alimentação e bebidas, que também considera preços de refeição fora de casa, deve subir 0,10% em setembro, nos cálculos da Tendências.

Andrea Damico, economista do Bradesco, estima que este grupo deve ficar estável na passagem mensal e projeta deflação mais acentuada da alimentação no domicílio, de 0,37% no IPCA-15, principalmente por causa do comportamento dos produtos in natura e de itens como o feijão e a farinha de mandioca. "Esse movimento foi um pouco surpreendente porque embora não esperássemos que os alimentos no domicílio já tivessem alta nesta leitura, também tínhamos na conta uma deflação menor desses itens", afirmou.

Priscilla Burity, economista do Banco Brasil Plural, avalia que a sazonalidade dos itens in natura está um pouco "atípica". De fato, afirma, é uma época de queda desses produtos, "mas os alimentos estão em nível historicamente baixos". Priscilla pondera, no entanto, que esse grupo de preços aumentou muito no primeiro semestre e que o movimento atual é uma devolução das variações expressivas no início do ano.

Para Priscilla, os efeitos do câmbio mais alto ainda são pouco perceptíveis e o repasse da desvalorização do real para os preços ao consumidor tende a ocorrer com cerca de dois trimestre de defasagem, pelo menos. "No IPCA-15 de setembro, teremos efeitos apenas pontuais em itens sensíveis, como excursões e eletrodomésticos". Priscilla lembra ainda que é difícil dissociar, no último caso, o efeito do câmbio da recomposição de preços em função da alta do IPI para itens da linha branca desde o início de julho.

Por enquanto, Andrea, do Bradesco, observa pequenos reflexos do real mais fraco em artigos de residência e vestuário. Para a economista, que projeta 0,35% para o IPCA fechado em setembro, o último trimestre pode mostrar índices de inflação mais altos, justamente por causa do repasse da desvalorização cambial. No entanto, diz Andrea, seu cenário leva em consideração taxa de câmbio de R$ 2,30. "Se o dólar ficar no nível atual, em R$ 2,20, até o fim do ano, podemos ter um alívio", afirma a economista, que projeta alta de 6,05% do índice oficial de preços em 2013.



Estoques aumentam e a confiança da indústria cai

O descasamento entre oferta e demanda, que tem resultado em acúmulo de estoques na indústria, diminui as expectativas do setor em setembro e contribui para a queda da confiança do segmento. A afirmação é do coordenador de sondagens conjunturais do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Aloisio Campelo.

A prévia do Índice de Confiança da Indústria (ICI) de setembro apontou queda de 0,8% em relação ao resultado final de agosto, com ajuste sazonal, para 98,2 pontos. Nessa base de comparação, o Índice da Situação Atual (ISA) caiu 0,3%, para 99,2 pontos e o Índice de Expectativas (IE) recuou 1,4%, para 97,1 pontos. "Os números mostram que a situação atual andou de lado, entre agosto e setembro, enquanto a piora foi verificada na expectativa do setor", diz Campelo. Segundo ele, a piora do Índice de Expectativas está relacionada a um aumento de incerteza, gerada pelo descasamento entre oferta e demanda. O acúmulo de estoques influencia muito no sentido das expectativas", afirma.

Com a queda na expectativa, o empresariado tende a conter investimentos e contratação, explica o coordenador. Pesa sobre o setor, também, a retirada de estímulos fiscais o aumento dos juros e as incertezas quanto ao câmbio.

Os dados da prévia apontaram para estabilidade no nível de utilização da capacidade instalada, que passou de 84,2% em agosto para 84,3% em setembro, nível inferior aos 84,4% observados em junho e julho. O uso da capacidade ficou estável num período em que tanto a produção quanto as encomendas do comércio aumentam em razão da demanda de fim de ano. "Acredito que isso indique adiamento das encomendas do comércio e uma certa cautela da indústria", avalia Campelo.

Na construção civil, o nível de atividade diminuiu em agosto, de acordo com a Sondagem da Indústria da Construção Civil, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O indicador relativo à atividade no setor foi de 47 pontos em agosto. Resultados abaixo dos 50 pontos indicam retração da atividade em relação ao mês anterior.

Apesar de abaixo dos 50 pontos, a atividade caiu menos do que em julho, quando esse índice foi de 46,5 pontos. Em agosto de 2012, o indicador foi de 48,1 pontos. Esse desempenho se reflete no número de empregados, cujo indicador passou de 45,6 pontos em julho para 46,3 pontos em agosto, o que também aponta uma retração menor em agosto do que em julho.

Os empresários do setor continuam pouco otimistas em relação ao futuro, com "todos os indicadores de expectativa abaixo de suas médias históricas", avaliou, em nota, a CNI. As expectativas relacionadas ao nível de atividade e à compra de matérias-primas são as mais positivas, com 54,2 pontos.





Veículo: Valor Econômico


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