Preço da carne mantém alta e impede desaceleração mais forte do IGP-M

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A pecuária vai impedir uma desaceleração mais acentuada da inflação medida pelos Índices Gerais de Preços (IGPs), de acordo com Salomão Quadros, coordenador dos indicadores da Fundação Getulio Vargas (FGV). Em abril, o IGP-M subiu 0,78%, perdendo força em relação ao mês anterior, quando os efeitos da estiagem sobre os alimentos levaram o indicador a registrar avanço de 1,67%, a maior variação mensal desde julho de 2008. Em maio, o movimento declinante deve ser mantido, mas não na mesma intensidade do mês anterior. A expectativa de Quadros é de alta entre 0,4% e 0,5%.

Segundo ele, grande parte dos reflexos da seca sobre os alimentos já foi absorvida pelos indicadores de preços, mas algum resquício ainda deve aparecer em maio. No atacado, os produtos agropecuários, que haviam subido 6,16% em março, tiveram a alta reduzida para 2% neste mês.

A desaceleração dos IGPs, diz Quadros, só não será mais intensa por conta de bovinos, que estão com preços em aceleração. Em abril, a alta foi de 4,22%, após avanço de 3,85% em março. "As exportações de carne neste ano estão maiores do que as do ano passado. Esse aumento de demanda, num momento em que a oferta está frágil por conta da estiagem, se converte em aumento de preços."

Os reajustes em bovinos, acresQuadros, estão influenciando os preços de outras carnes, como aves, que já sobem a reboque. "Quando um tipo de carne sobe muito, é natural que parte da demanda migre para uma opção mais barata e eleve a demanda".

Repasses para cima e para baixo na cadeia produtiva alimentar são esperados em maio. Enquanto o aumento de 5,62% visto em abril no leite in natura deve influenciar produtos como laticínios, a queda de 1,66% na soja promete baratear seus derivados. Já o pão francês, que subiu 2,21% neste mês, tende a ficar ainda mais caro, com o aumento do preço do trigo no mercado internacional. "Mas, no geral, a tendência é de desaceleração nos alimentos, tanto no atacado quanto no varejo", ressalta Quadros.

Em abril, alimentação foi responsável por metade da alta de 0,82% na inflação ao consumidor. Os reajustes nos alimentos aceleraram de 1,55% em março para 1,62% neste mês. Com a perspectiva de menores aumentos nos supermercados, entretanto, a previsão é de desaceleração no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), para algo entre 0,5% e 0,6% em maio. Essa trajetória descendente, porém, ainda não pode ser vista como uma tendência de longo prazo.

Quadros chama a atenção para os reajustes em energia, que têm ficado na casa de dois dígitos. Além disso, os preços de passagens aéreas, às vésperas da Copa, permanecem uma incógnita.



Veículo: Valor Econômico


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