Marfrig pode abrir capital de subsidiárias no exterior

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A Marfrig Global Foods estuda a abertura do capital de suas subsidiárias no exterior (Moy Park e Keystone) ainda este ano. Com isso, a Marfrig, que encerrou 2013 com prejuízo líquido atribuído ao acionista controlador de R$ 913,593 milhões, poderia injetar capital adicional para fomentar seu crescimento orgânico - principalmente na Europa e na Ásia - e reduzir seu endividamento.

"Isso seria um acelerador de captura de valor para o grupo", disse Sérgio Rial, CEO da Marfrig, em entrevista ontem para comentar os resultados da empresa no quarto trimestre de 2013. Segundo ele, o cenário internacional atual permitiria uma operação de abertura de capital no exterior. O IPO poderia atingir uma das duas subsidiárias ou mesmo as duas, conforme o executivo. No caso da Moy Park, isso se daria na Europa, mas a abertura de capital da Keystone poderia ser na Ásia. A sede da companhia é nos EUA, mas a Keystone tem operações importantes no continente asiático.

O CEO da Marfrig não fez previsões sobre o valor potencial a ser atribuído às duas empresas, mas considera que seria maior que o que é atribuído atualmente à Marfrig - um múltiplo de 5,7 vezes (relação entre o valor da empresa e o Ebitda). Ele indicou que as concorrentes da Moy Park têm múltiplos entre 8 e dez vezes.

Ainda que um dos objetivos de um eventual IPO seja reduzir o endividamento do grupo, Rial disse que a possibilidade só está sendo considerada porque houve uma melhora na situação do endividamento da Marfrig, que hoje é "administrável". A dívida bruta da companhia caiu para R$ 8,9 bilhões em dezembro de 2013 ante R$ 9,1 bilhões em setembro de 2013, apesar da valorização do dólar americano em relação ao real.

A redução do endividamento foi possível depois que empresa vendeu, em junho de 2012, Seara e Zenda para JBS, por R$ 5,8 bilhões. Questionado se a Marfrig poderia vender mais ativos, Rial disse que não há necessidade nem planos para tal.

Uma das condições para que o IPO das operações no exterior aconteça, segundo Rial, é que a Marfrig fique "com uma margem confortável do controle". Uma fatia de "51% não é confortável".

Apesar do prejuízo da Marfrig em 2013, o resultado operacional da empresa no ano passado foi considerado positivo por analistas. A teleconferência para comentar os resultados atraiu cerca de 300 pessoas (incluindo ouvintes via internet), segundo Rial. Ontem de manhã, as ações da empresa se valorizaram, mas, contaminadas pelo pessimismo geral nos mercado, fecharam em queda de 1,76%.

O banco de investimento Espírito Santo, por exemplo, reiterou sua recomendação de compra para ações da Marfrig, destacando que a empresa superou os resultados esperados em cada unidade. Já o BB Investimentos informou, em relatório, ter verificado melhora no resultado operacional da companhia e acreditar "na contínua recuperação de margens ao longo do ano". Isso por conta de uma melhora na produtividade e do compromisso da empresa com a gestão de despesas, aumento de ganho de eficiência, geração de caixa e diminuição do nível de alavancagem.

Conforme Sérgio Rial, o quarto trimestre de 2013 foi o "melhor do ano". No período, a empresa teve uma receita de R$ 4,978 bilhões, 1% acima do trimestre anterior. Segundo ele, a operação da Keystone teve receita 6,2% menor no período por conta de queda nos preços, enquanto a da Moy Park subiu 9,1%. A operação de bovinos (Marfrig Beef) teve alta de 0,7%.

O executivo disse que a margem Ebitda obtida pela Marfrig no quarto trimestre de 2013, de 8,5%, "surpreendeu o mercado, que não esperava margem tão forte". No período, a empresa teve uma Ebitda ajustado de R$ 422 milhões, 13% mais do que os R$ 375 milhões do terceiro trimestre de 2013, quando a margem foi de 7,6%.

"A Marfrig sempre tinha alguma coisa dando errado em algum lugar. Não tivemos isso em 2013; a empresa está bem operacionalmente", afirmou o CEO.

O executivo mostrou otimismo para este ano e disse que a demanda mundial por carne bovina deve "continuar muito forte". Um mercado promissor para a exportação, disse, é a China, mercado que está temporariamente fechado para o Brasil por conta do caso "não clássico" de "vaca louca" no Paraná, divulgado no fim de 2012.

Embora evite previsões, Rial também mostrou certo otimismo em relação à Marfrig. Segundo ele, se a empresa atingir o teto da meta para a receita líquida deste ano, de R$ 23 bilhões, e um Ebitda de R$ 1,9 bilhão, poderá voltar ao lucro em 2014. "Estamos trabalhando para sair do prejuízo neste ano. Se vamos sair, não sei", afirmou.

O executivo também apontou como sinal de que a Marfrig vive um momento de recuperação o desempenho dos bonds da empresa no mercado em comparação com a médias dos papéis de concorrentes nos mesmos vencimentos. "O mercado de renda fixa está sinalizando melhora estrutural do grupo. Está dizendo: os seus bonds estão melhor precificados e quer dizer que a Marfrig tem chances de reduzir suas despesas financeiras". Assim, disse, a companhia não descarta emissões ou recompra de bonds para reduzir a curva de juros.

 

Veículo: Valor Econômico


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