Safra de café deve ter quebra de até 11%

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Forte estiagem entre dezembro e início de fevereiro impactou a safra 2015 do grão no Brasil, afirma o CNC

 



A forte estiagem entre dezembro e início de fevereiro impactou a safra 2015 de café do Brasil, agora prevista entre 40,300 milhões e 43,250 milhões de sacas de 60 kg, quebra de quebra de 4,61% a 11,12% na comparação com as 45,342 milhões de sacas colhidas em 2014. As conseqüências da seca também serão sentidas no produção do próximo ano. Os números fazem parte do levantamento de campo contratado pelo Conselho Nacional do Café (CNC) junto à Fundação Procafé.

De acordo com o estudo, do total estimado, entre 30 milhões e 32,150 milhões de sacas se referem à variedade arábica, o que representa recuo de 0,48% a 7,14% na comparação com as 32,306 milhões de sacas de 2014. A produção brasileira de café conilon (robusta) foi prevista entre 10,3 milhões e 11,1 milhões de sacas, intervalo que implicará queda de 14,85% a 20,99% em relação às 13,036 milhões de sacas cultivadas no ano passado.

Minas Gerais, com uma produção total entre 21,500 e 22,950 milhões de sacas, colherá um volume muito próximo ao da safra passada (-5% a +1,3%), isso, segundo o CNC, graças à recuperação ocorrida na Zona da Mata, que foi de 22,644 milhões de sacas, mantendo-se na liderança do ranking nacional.

Na seqüência vem o Espírito Santo, Estado que, diferente de 2014, foi impactado fortemente pelo clima na safra atual. Com isso, a produção capixaba apresentará recuos entre 15,66% e 21,91% frente ao ano passado e deverá somar entre 10 milhões e 10,8 milhões de sacas. São Paulo e Bahia, segundo o levantamento da Fundação Procafé, também apresentarão perdas na colheita 2015. Com previsão para produzirem volumes de 3,7 milhões a 3,9 milhões e de 1,9 milhão a 2,1 milhões de sacas, paulistas e baianos registrarão, respectivamente, diminuições de 15% a 19,37% e de 11,43% a 19,87%.


Clima - De acordo com o CNC, o principal motivador para a redução do volume de café a ser colhido foram as adversidades climáticas registradas de 2014 até o início de fevereiro de 2015, além do ciclo produtivo das plantas de arábica, que estão em ano de bienalidade negativa. Soma-se a isso, a redução dos tratos culturais por parte dos produtores, motivados pelos baixos preços do grão, que incentivaram podas nos cafezais e até mesmo a erradicação das plantas devido à incompatibilidade das cotações de mercado com os custos de produção.

"Para os cafeeiros nacionais, a influência climática tem sido extremamente prejudicial nos últimos dois anos, quando foram registrados déficits hídricos severos na maioria das regiões produtoras do Brasil. No caso do arábica, esse cenário teve início no começo de 2014 e perdura até atualmente, ao passo que, para o conilon, a falta de água no solo é mais recente, sendo observada no ciclo 2015", diz o levantamento da Fundação Procafé.

O CNC explica que a deficiência hídrica foi gerada pelo índice de chuvas aquém das médias históricas desde janeiro de 2014 e agravada pelas altas temperaturas registradas no cinturão produtor de café, em especial nos meses de crescimento das plantas, florescimento, "pegamento" das floradas e desenvolvimento dos grãos, impactando diretamente no tamanho e no rendimento dos cafés e, conseqüentemente, na geração de receita aos produtores, que necessitam de um maior número de grãos para encher uma saca.

Em relação à cafeicultura de arábica, avalia o CNC, a falta de precipitações no início do ano passado prejudicou as adubações e os tratos culturais como um todo. "O déficit hídrico, que continuou durante 2014, agravou a fragilidade das plantas, fazendo com que os cafeeiros chegassem à pré-florada mal nutridos e estressados pela carga, com menor crescimento dos ramos (nós mais curtos) e do número de internódios, queda pronunciada de folhas, ramos secos, especialmente nas suas pontas, e com indução de gemas vegetativas no lugar das florais, portanto, com menor potencial produtivo".

O CNC alerta que a retomada das chuvas na segunda quinzena de fevereiro não beneficiou as regiões produtoras de café de forma homogênea e também não garantem a reversão da tendência de perdas de safra estimadas. "Eespecialmente para as áreas de café arábica, os fatores mais influentes na produtividade e na produção deste ano foram os vigentes desde o início de 2014. Ao contrário, fica o alerta que podem até haver perdas adicionais, pois as últimas floradas ainda resultam frutos não granados e a seqüência das chuvas se faz necessária".

Por fim, O CNC ressalta que os efeitos negativos do clima adverso também reduzirão o potencial produtivo dos cafezais na temporada 2016, haja vista que o crescimento dos internódios está de dois a quatro números atrasados em relação à normalidade, o que reduz a área para o surgimento dos frutos a serem colhidos no próximo ano.




Veículo: Diário do Comércio - MG


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