Real desvalorizado impulsiona as vendas de café

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Produtores mineiros comercializaram 81% do volume a ser colhido na safra, estimada em 23 milhões de sacas

 



A desvalorização do real frente ao dólar e os preços mais altos pagos pelo café estão impulsionando as negociações da safra 2014/15. De acordo com o levantamento da consultoria Safras & Mercado, entre julho de 2014 e janeiro de 2015, Minas Gerais, que é o maior produtor de café do país, já havia comercializado 81% do volume a ser colhido na safra atual, que inicialmente foi estimada em 23,1 milhões de sacas de 60 quilos. O volume é bem superior ao comprometido em igual período da safra passada, que respondia por 71% da produção.

Os pesquisadores da Safras & Mercado destacam que os dados em relação ao volume produtivo são preliminares e podem sofrer retificações ao longo dos próximos meses.

No Estado, a comercialização já comprometeu 18,7 milhões de saca de 60 quilos, volume que representa 81% da produção estimada, 23,1 milhões de sacas. Em relação ao levantamento anterior, divulgado em janeiro, a evolução foi de 7 pontos percentuais. Na média dos últimos cinco anos, os negócios abrangiam 75% do volume produtivo.

Na Sul e Oeste de Minas Gerais, onde se concentra a maior produção estadual, os cafeicultores já negociaram 81% ou 9,2 milhões de sacas de 60 quilos do volume a ser colhido, que inicialmente foi estimado em 11,4 milhões de sacas de 60 quilos. O avanço em relação ao mês anterior foi de 6 pontos percentuais. A média de vendas antecipadas nos últimos cinco anos é de 73%.

Os cafeicultores da Zona da Mata e Norte de Minas Gerais, que juntos respondem por uma safra de 6,2 milhões de sacas de 60 quilos, encerraram os primeiros sete meses da safra com 84% da produção comercializada, o que corresponde a 5,2 milhões de sacas. O índice de comprometimento é bem superior à média registrada nos últimos cinco anos, 79%, e ao volume negociado em igual período da safra anterior, 72%. O avanço em relação ao levantamento passado ficou em 8 pontos percentuais.

Na região do Cerrado, os cafeicultores já venderam 78% da produção, o que corresponde a 4,3 milhões de sacas de 60 quilos de um volume total estimado em 5,5 milhões de toneladas. Em relação ao mesmo período do ano passado, o avanço na comercialização antecipada foi de 8 pontos percentuais. A média dos últimos cinco anos para o período é de um comprometimento de 76% do volume produtivo.

Em relação ao mercado do café, os preços seguiram firmes nos primeiros dias de fevereiro, contribuindo para as negociações. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a saca do grão, que no dia 2 de fevereiro era comercializada a R$ 445,43, foi negociada a R$ 482,45 em 12 de fevereiro, incremento de 8,31% no período.


Prejuízos -
A estiagem atípica que atingiu os cafezais em janeiro promoveu perdas pelo segundo ano consecutivo, o que vem limitando a oferta do grão, estimulando a demanda e, conseqüentemente, os preços. O baixo índice pluviométrico registrado no primeiro mês de 2015 já causou prejuízos significativos. Neste período da safra a falta de água retarda o desenvolvimento dos frutos e causa danos irreparáveis nas lavouras, como a queima das folhas provocada pelo calor excessivo.

Em nota divulgada pelo Conselho Nacional do Café, o presidente-executivo da entidade, Silas Brasileiro, afirma que "é nítida, até o momento, a menor quantidade de frutos nos pés, com a má formação das rosetas, bem como a desuniformidade dos grãos, o que, inegavelmente, já impactará de forma negativa no volume a ser colhido em 2015. Teremos uma ideia real do tamanho que essa quebra poderá ter somente no final deste mês, quando a Fundação Procafé finalizará as pesquisas de campo que está realizando a pedido do CNC".

Ainda segundo os dados do CNC, diante das perdas provocadas pela seca, os investidores voltam a se preocupar com os impactos das perdas da safra 2015 do Brasil no equilíbrio entre oferta e demanda mundial e, também, com a perspectiva de uma baixa produção em 2016. Embora tenha chovido em parte das regiões produtoras nacionais, especialistas consideram que os danos derivados do clima quente e seco dos últimos meses já são irreversíveis.




Veículo: Diário do Comércio - MG


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