Valor exportado de soja pode cair 25% em 2015

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Grão, óleo e farelo da oleaginosa representaram 29% de todas as exportações do Rio Grande do Sul no ano passado, segundo a FEE

 



No ano passado, ao atingir o valor de US$ 4 bilhões, a soja representou 21,3% do total das exportações gaúchas. Se somarmos também o farelo e o óleo, a cadeia da soja correspondeu, aproximadamente, a 29% de todas as vendas externas do Rio Grande do Sul. A projeção do economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE), Rodrigo Feix, é de que, apesar da expectativa de crescimento de cerca de 10% na safra estadual, o valor exportado, em dólares, pelo complexo estadual da oleaginosa tenha queda de 25,5% em 2015. “O aumento na quantidade não será suficiente para compensar a queda nos preços, que devem cair 15% para os produtores”, explica.

O economista acredita no aumento da parcela da produção que ficará no mercado interno, uma vez que, a partir deste ano, será adotado o B7, mistura de 7% de biodiesel ao diesel, aumentando o processamento do grão. Mas, ressalta Feix, a especialização do Estado em apenas um setor é perigosa, pois o bom desempenho da economia fica vulnerável, principalmente no caso de commodities agropecuárias, à alterações climáticas e à oscilações no comércio internacional, caso deste ano. O comércio, os serviços locais e a indústria de máquinas e implementos podem ser afetados em 2015, pois os produtores estarão menos capitalizados. “E ainda temos um número elevado de municípios que dependem da arrecadação tributária oriunda desse setor”, completa.

Com isso, neste ano, a variação do dólar será decisiva para as contas estaduais. “Em se confirmando esse cenário com preços externos menores, os desdobramentos na economia gaúcha dependerão em grande medida da flutuação da taxa de câmbio no período”, destaca Feix. Isso porque, com a oferta mundial de soja praticamente ajustada, a moeda norte-americana torna-se a principal variável na formação dos preços. A boa notícia é que, devido à cotação do dólar em um patamar entre R$ 2,85 e R$ 3,00, o produtor conseguirá recuperar parte das perdas geradas pela desvalorização do grão, aposta o consultor da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez. “Deve se manter a tendência de alta e este é o grande fator de curto prazo que tende a impactar positivamente nos preços, sustentando ao longo da entrada da safra”, afirma Gutierrez.

Para o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, o câmbio melhora o preço da soja em reais e beneficia o produtor, entretanto, em médio e longo prazo, a depreciação do real gera preocupação, uma vez que os insumos, na sua maioria importados, estarão mais caros para o próximo ciclo produtivo. “Esse câmbio, ao encontrar energia, diesel e mão de obra mais caros, além de aumento do PIS/Cofins sobre importados e do IOF formará uma bomba nos custos de produção, problema que o produtor passa a enfrentar imediatamente após colher”, lamenta.


Preços devem se manter estáveis até o fim da colheita

A tendência, segundo os consultores ouvidos pelo Jornal do Comércio, é de estabilidade nos preços até o fim da colheita brasileira, em maio, com as cotações na Bolsa de Chicago flutuando em um intervalo entre US$ 9,00 e US$ 11,00 o bushel. Tal cenário leva em conta uma projeção de, ao mínimo, 93 milhões de toneladas para a safra nacional. A análise também considera os ajustes nos estoques dos Estados Unidos, anunciados na última semana pela USDA, que geraram certa recuperação nos preços, pois as reservas do país foram reduzidas para 10,4 milhões de toneladas.

“No geral, acreditamos que apenas uma quebra mais relevante na safra brasileira, reduzindo para 90 milhões de toneladas ou menos, poderia elevar de forma contundente as cotações dos contratos em Chicago”, afirma o consultor da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez, ressaltando que tal cenário é pouco provável. “A seca registrada em partes dos estados do Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste reduziram as produtividade médias. Entretanto, as grandes produtividades esperadas para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná e a maior parte do Mato Grosso deverão compensar essas perdas”, completa Gutierrez.

Segundo os últimos dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os gaúchos devem colher 14,14 milhões de toneladas, 10% a mais do que no último ano. O volume obtido nacionalmente também apresenta alta, de 9,8%, podendo alcançar 94,5 milhões de toneladas. Para o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, a soja brasileira fica mais atrativa do que a norte-americana para os compradores, tendo em vista a desvalorização do real frente ao dólar, que torna o produto nacional mais barato no mercado.




Veículo: Jornal do Comércio - RS


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