Venda de chocolate tende a crescer

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Após dois anos de estagnação, a indústria de chocolates se mostra mais otimista em 2014, com a Páscoa tardia, a Copa do Mundo e as eleições. Neste ano a melhor data do setor será 20 de abril, três semanas após a celebração em 2013.

As empresas esperam nessa Páscoa uma temperatura mais amena e um consumidor menos endividado, após quitar as compras de Natal e impostos como o IPVA. O campeonato de futebol trará novo ânimo, com produtos inspirados no jogo. E, em anos de pleito eleitoral, o mercado projeta maior injeção de dinheiro na economia.

No ano passado, a produção de ovos de chocolate ficou estagnada em 80 milhões de unidades, segundo a Abicab, associação das indústrias brasileiras de chocolates. Segundo a Nielsen, as vendas do setor cresceram menos de 1% na Páscoa passada em relação a 2012. Neste ano, as principais companhias do mercado projetam crescer de 5% a 30%.

Pressionadas pelo dólar valorizado e maiores custos com cacau e brindes importados da China, as fabricantes vão reajustar os preços dos ovos de Páscoa em até 10% este ano. É o caso da Lacta e da Arcor. Para não repassar ainda mais, a empresa argentina buscou alternativas nas embalagens, como a retirada de fitas e etiquetas em grande parte da linha, segundo Anderson Freire, gerente de sazonais da Arcor. Os itens da Nestlé e da Garoto ficaram entre 5,5% e 6% mais caros. "Pela competitividade não é nosso interesse repassar mais que a inflação", diz Ricardo Bassani, gerente de marketing de chocolates da Nestlé. A Cacau Show vai terá reajuste abaixo da inflação, de 4%, em média, segundo o presidente Alexandre Costa.

A Nestlé prevê uma maior antecipação nas compras este ano, devido ao feriado de 21 de abril, um dia após a Páscoa, que deve fazer com que mais pessoas emendem o feriado. O grupo suíço espera um crescimento de 5% a 10% nas vendas das marcas Nestlé e Garoto.

Segundo Freire, da Arcor, apesar da estagnação no mercado, a Páscoa de 2013 foi muito boa para a companhia, com vendas 37% maiores do que o ano anterior. Para este ano, a expectativa é crescer 18% em volume e 30% em valor. O foco da empresa é o público infantil, com a marca Tortuguita. Mas este ano, a Arcor terá ovos da marca de bombons Bon o Bon, lançada no Brasil há um ano. "Estamos dando o primeiro passo no mercado adulto", diz Freire. Esse segmento representa 60% do mercado.

A Garoto, patrocinadora da Copa do Mundo, estampou o mascote oficial nas embalagens de ovos e também venderá uma bola e um troféu de chocolate - estes dois produtos são as principais apostas da marca e continuarão à venda até o fim da Copa. A Cacau Show e a Arcor também terão produtos relacionados a futebol. Para Ubiracy Fonseca, da Abicab, "turistas, como os europeus, que consomem mais chocolate que os brasileiros, vão vir para cá e comprar aqui".

A Cacau Show, maior chocolateria do Brasil, com 1.570 lojas em 850 cidades, espera vender 25% mais nesta Páscoa. A marca vai sortear R$ 1,5 milhão aos clientes em uma promoção. A companhia projeta um faturamento de R$ 2,4 bilhões em 2014, incluindo as vendas da fábrica e das lojas. A empresa comprou uma área de 36 mil metros quadrados em Itapevi (SP), por R$ 30 milhões, para ampliar a área de logística e distribuição, informou Costa.

A produção de chocolates, incluindo achocolatados, somou 800 mil toneladas no Brasil em 2013, praticamente estável em relação a 2012. Na comparação com 2011, houve queda de 2%. "Todo mundo comprou TV, fogão, geladeira, e agora tem que pagar", diz o presidente da Abicab, Getúlio Ursulino Netto, sobre a estagnação do setor. "A indústria está reagindo, com inovações, mas ainda deve levar um ano e meio, dois anos para maturar os investimentos".



Veículo: Valor Econômico


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