Empresários estão mais confiantes

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Pesquisa da Fecomércio mostra que aumentou o sentimento de credibilidade na economia

 
O cenário não é de otimismo, mas entre altos e baixos, o sentimento de credibilidade frente à economia vai se consolidando entre os varejistas de Belo Horizonte. Pesquisa inédita realizada pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG) mostra que, em agosto, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) da Capital subiu mais uma vez e chegou aos 78,4 pontos. O número ainda coloca o setor em um patamar pessimista, mas representa a terceira alta seguida no indicador, que é o maior desde abril de 2015 (74,9 pontos).
 
A confiança nas médias e grandes empresas (100,77 pontos), ou seja, com mais de 50 empregados, é superior ao nível identificado nas micro e pequenas (77,92 pontos). Por grupo de atividade, os estabelecimentos que trabalham com produtos não duráveis (81,57 pontos), como alimentos e medicamentos, são os menos insatisfeitos.
 
Divulgado pela primeira vez, o estudo da Fecomércio-MG tem como base os dados coletados mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) desde agosto de 2014. Nele, a linha dos 100 pontos é considerada a referência para todos os indicadores, sendo que abaixo dela se configura uma situação de pessimismo e acima de otimismo.
 
A principal causa do crescimento contínuo da confiança dos dirigentes belo-horizontinos está no aumento, também constante nos últimos meses, de suas perspectivas por uma melhora no mercado nacional. Em agosto, o Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (Ieec) - um dos três indicadores secundários do Icec - foi o único a encerrar o mês otimista, com 125,4 pontos, a maior marca registrada em toda a série histórica. As percepções sobre o futuro da economia brasileira (115,4 pontos), do setor (125,1 pontos) e da própria empresa (135,8 pontos) foram determinantes para o resultado.
 
O economista da Fecomércio-MG, Guilherme Almeida, argumenta que a “trégua” dada por indicadores econômicos como a inflação, aliada a fatores sazonais do segundo semestre, como o pagamento do 13º salário e a comemoração de datas importantes, explicam a evolução das expectativas entre os comerciantes.
 
“Para os próximos meses, é esperada uma desaceleração mais intensa da inflação, que já vem ocorrendo e, com isso, os empresários acreditam que pode haver a retomada do consumo. Neste semestre, temos também a injeção do 13º (salário) e a presença de datas comemorativas de peso como o Natal e o Dia das Crianças. Há pesquisas que também mostram uma melhora na confiança dos consumidores. Tudo isso, os empresários projetam na melhoria das vendas”, analisa Almeida, que também inclui nessa lista a influência de fatores políticos.
 
Investimentos - Os outros dois indicadores que compõem a confiança do empresário, o Índice de Condições Atuais do Empresário do Comércio (Icaec) e o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (Iiec), apesar de também apresentarem alta neste mês, ainda estão longe de um universo otimista. O Icaec, que reproduz uma avaliação dos gestores do setor no presente, teve elevação de 1,5 ponto, mas fechou o período em 34,9 pontos, demonstrando forte insatisfação. Um pouco melhor, a propensão a realizar investimentos foi de 74,8 pontos, bem abaixo da linha dos 100 pontos, mas com boas perspectivas para contratações, melhorias nas empresas e estoques.
 
As empresas de médio e grande portes se mostraram mais otimistas que as micro e pequenas em todos os três indicadores secundários avaliados na pesquisa. “Em linhas gerais, as empresas de médio e grande portes têm uma percepção de melhora, o que é determinado por fatores de gestão - essas empresas são mais sofisticadas que as micro e pequenas, possuem sistemas mais avançados – e pelo fato de que têm um leque maior de clientes e vendas em maior volume, e esse recorte mostra muito bem isso”, explica o economista da Fecomércio-MG.
 
Ontem, a Fundação Getulio Vargas/Instituto Brasileiro de Economia (FGV/Ibre) também divulgou o Índice de Confiança da Indústria de agosto (86,1 pontos), que recuou 1 ponto, e o Índice de Confiança de Serviços, que atingiu o maior nível desde fevereiro de 2015 e encerrou em 78,8 pontos. Segundo Guilherme Almeida, a diferenciação do humor entre os setores pode ter relação direta com o posicionamento de cada um deles no mercado.
 
“As percepções diferentes são porque os empresários da área de serviços e comércio atuam muito com o consumidor final e sentem mais de perto o mercado. Já a indústria, como fornecedora, tem, por exemplo, um plano semestral de vendas, então a percepção dela pode ter uma defasagem um pouco maior. É importante destacar, no entanto, que o baque na indústria também foi maior na crise, assim como a deterioração da atividade”, ressalta o economista.
 
Fonte: Jornal Diário do Comércio de Minas


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