Após abrir em alta, dólar cai 1,16%, para R$ 3,233

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Julgamento do impeachment e dados dos EUA pesaram


-RIO E SÃO PAULO- A entrada de recursos de exportadores ao longo do dia fez o dólar perder força e fechar ontem com queda de mais de 1% ante o real. Depois de subir pela manhã, atingindo R$ 3,292, a moeda americana encerrou o dia com queda de 1,16% ante o real, cotada a R$ 3,233. Pelas regras do comércio exterior, as empresas exportadoras não precisam trazer os recursos para o Brasil assim que fecham as vendas e podem fazer esse processo, chamado de internalização, no momento em que consideram a cotação da moeda mais atraente, ou seja, mais alta. Foi o que aconteceu, segundo um analista, diante do julgamento do impeachment de Dilma Rousseff.
 
— O movimento inicial (de alta do dólar) refletiu a cautela em torno do julgamento da presidente afastada, Dilma Rousseff. No entanto, na sequência, a forte presença de exportadores no mercado, aproveitando-se da alta nas cotações, foi determinante para o declínio do preço da moeda estrangeira — explica Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora de Câmbio.
 
BOLSA SOBE COM PETROBRAS A pressão sobre o dólar pela manhã também se deveu a fatores externos, com a divulgação de dados sobre o consumo das famílias nos Estados Unidos, que subiu pelo quarto mês consecutivo em julho, com uma maior demanda por automóveis. Esse indicador que reforçou a expectativa de aumento de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) ainda em 2016. Segundo o Departamento de Comércio dos EUA, os gastos subiram em julho 0,3%, após incremento de 0,5% no mês anterior.
 
Além disso, os mercados globais ainda digerem as declarações de autoridades do Fed na sexta-feira, que sinalizaram que o cenário para uma alta de juros ganha contornos mais firmes. O Dollar Index, calculado pela Bloomberg e que mede o comportamento da divisa americana frente a uma cesta de dez moedas, ficou praticamente estável ontem, com pequena variação positiva de 0,01%.
 
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), por sua vez, registrou alta de 1,55%, puxada pelo desempenho das ações de maior peso no Ibovespa, o principal índice do mercado acionário, como as da Petrobras. Os papéis preferenciais da estatal (PN, sem direito a voto) subiram 2,78%, e os ordinários (ON, com direito a voto) registraram variação positiva de 1,73%. Valorização que ocorreu apesar do recuo do petróleo no mercado internacional. O barril do tipo Brent recuava 1,36%, a US$ 49,24, em horário próximo ao encerramento dos negócios no Brasil.
 
— No Brasil, fomos beneficiados pelo cenário externo, e o processo de impeachment também está ajudando no humor local. No entanto, como o impeachment já aparece, em grande parte, no preço dos ativos, tenho dúvidas de como será o movimento dos mercados após a decisão final — observou Hersz Ferman, economista da Elite Corretora.
 
No caso da Vale, também importante no Ibovespa, as ações PN avançaram 2,45%, e as ON tiveram alta de 2,20%. Os bancos, que juntos têm o maior peso na composição do índice, também avançaram. Os papéis PN do Itaú Unibanco e do Bradesco subiram, respectivamente, 1,67% e 1,78%. No caso do Banco do Brasil, a alta foi de 3,93%.
 
As maiores altas do dia, no entanto, foram registradas pelas ações da Weg, fabricante de motores, e da distribuidora de energia Cesp, com ganhos de, respectivamente, 5,35% e 4,88%. Na outra ponta, as ações da Usiminas caíram 3,91%, e as da Multiplan, 1,39%.
 
Paulo Gomes, economista-chefe da Azimut Brasil, lembrou que, caso o impeachment tenha o desfecho esperado, que é o afastamento em definitivo da presidente Dilma, é possível esperar que os investidores de curto prazo aproveitem o momento para vender ações e embolsar os ganhos dos últimos meses. Com isso, é possível esperar até queda no índice.
 
Nos Estados Unidos, o Dow Jones fechou em alta de 0,58%, e o S&P 500 subiu 0,52%.

Fonte: Jornal O Globo  


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