Pecuária de corte em bom momento

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Exportações em alta e o consumo interno elevado estimulam a expansão do segmento no país

 



As exportações em alta e o consumo elevado no mercado interno são fatores que estão estimulando a pecuária de corte em Minas Gerais e no país. De acordo com a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), as expectativas para este ano são positivas. A possibilidade de abertura de novos mercados como os Estados Unidos e a oferta de bovinos limitada serão alguns dos fatores que sustentarão a arroba do boi gordo em patamares rentáveis.

"A conjuntura no início do ano não foi muito favorável para a carne bovina pela crise enfrentada na Rússia, que é um dos maiores importadores, mas a tendência é de reverter a situação com a abertura de novas frentes, como a África do Sul, que já autorizou os embarques, Estados Unidos e China. Outro fator de estímulo para o setor é a valorização do dólar", avalia o presidente da ABCZ, Luiz Carlos Paranhos.

O dirigente acredita que, mesmo com a alta da inflação e a economia instável no Brasil, o consumo de carne não deve sofrer impactos negativos, pelo fato de o produto estar inserido no cotidiano do brasileiro. "O país enfrenta uma crise econômica grave, mas o que a gente tem visto é que, quando a carne entra na dieta das pessoas, ela é um dos últimos itens a sair em período de crise. Está na cultura do brasileiro o churrasco, por isso, acredito que o mercado pode até ficar estável, mas não vai cair", avalia Paranhos.

Outro ponto que favorece o mercado da carne bovina é o ciclo atual da pecuária, isso porque nos últimos anos houve maior abate de matrizes no país, o que limita, no momento, o descarte de animais, inflando as cotações. "A oferta de bezerro e garrote para confinamento é muito pequena e os preços estão batendo recordes, chegando a R$ 1,2 mil por bezerro. Com isso, as áreas de cria e de engorda estão com preços valorizados, trazendo bons ganhos para os pecuaristas e propiciando condições de realização de investimentos", observa.


Biotecnologia - Na avaliação do representante da ABCZ, a pecuária de corte no país tem espaço para crescer, cenário sustentado através do ganho em produtividade e sem a necessidade de abertura de novas áreas. Nesse caso, a melhoria genética terá papel primordial, por isso, a entidade desenvolve e apoia vários projetos de biotecnologia.

Segundo dados da entidade, em 2014 foram processadas no país cerca de 8,5 milhões de toneladas de carne bovina e, desse volume, 7 milhões de toneladas ficaram no mercado interno e 1,5 milhão foi destinada ao exterior. No ano passado, o segmento movimentou cerca de US$ 5 bilhões.

Com a população mundial crescente, a projeção da ABCZ para 2042 é de que o país amplie a produção de carne para 17 milhões de toneladas ao ano, com o embarque de 8,5 milhões de toneladas e os 8,5 milhões restantes destinados ao consumo interno. Caso atinja a meta, o faturamento do setor será da ordem de US$ 28 bilhões.

"Somente com a melhoria genética do rebanho, tratos adequados e sanidade será possível ampliar significativamente a produção brasileira de carne sem abrir novas áreas. O consumo do brasileiro é muito alto em relação aos demais países, assim, acreditamos que não deve crescer muito mais. Para se ter ideia, a média de consumo no Brasil é de 40 quilos de carne por habitante ao ano", completa Paranhos.

Dentre os projetos para melhoria da genética está o Programa de Melhoramento Genético Zebuíno (PMGZ). Desenvolvido pela ABCZ, o programa avalia cerca de 3,6 mil rebanhos de todas as raças zebuínas em todo o país por meio provas zootécnicas. Os dados obtidos pelo PMGZ são utilizados para avaliações genéticas dos animais jovens e adultos e as informações disponibilizadas para o mercado. Devido ao processo, as informações genéticas são consistentes e atestam as performances dos rebanhos inscritos.

"O PMGZ é o principal foco da entidade. O melhoramento genético traz o aumento da produção de forma sustentável. Há 20 anos, um animal ficava pronto para o abate com quatro anos, e hoje conseguimos enviar o boi pronto com 2,5 anos, proporcionando economia de recursos naturais. Ainda é possível dobrar a produção nacional investindo em genética", atesta Paranhos.


Pró-genética -
Outro programa que vem estimulando os investimentos de pequenos produtores é o Pró-genética. Criado pelo governo de Minas em parceria com empresas e entidades privadas, como a ABCZ, o programa oferece oportunidades para que produtores adquiram animais melhoradores para corte e leite.

"O Pró-genética também tem apoio da entidade, mas precisa ser mais divulgado para que o pequeno produtor saiba que é possível ter um animal de alta qualidade nas fazendas a preços acessíveis. Esses animais, além de favorecerem o aumento da produção e a redução dos custos, conseguem, em um ano, pagar o investimento", diz Paranhos.




Veículo: Diário do Comércio - MG


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