Invenção é de 20 anos atrás e foi criada para concorrer com hipermercados que chegaram à região na época
Uma questão de sobrevivência foi o que levou o empresário Giovanni Miranda de Oliveira à inovação. Herdeiro de um pequeno negócio de fabricação de linguiça artesanal em Formiga, na região Centro-Oeste do Estado, ele viu a chegada dos hipermercados na cidade, há menos de 20 anos, com produtos industrializados e custos baixos, fazer com que vários produtores fechassem as portas.
Quando sentiu que teria o mesmo destino, Oliveira teve um insight: a criação de um novo tipo de linguiça que tivesse um sabor inédito e que primasse pela qualidade dos ingredientes. Foi aí que surgiu a linguiça recheada. "Antes Formiga tinha cerca de 80 açougues e casas de carne que produziam suas próprias linguiças. Digo que foi Deus que me deu a ideia. Ali as coisas começaram a mudar. O primeiro sabor foi a picante (com carne suína). A partir dela percebi que os clientes queriam outros sabores. Daí surgiu a alho e sal. Hoje são mais de 20 tipos", explica Oliveira.
Entre os sabores alguns são bastante inusitados, como a linguiça de peixe e as de carne suína recheadas com milho verde, palmito, banana ou mandioca, a de fígado bovino acebolado e a de frango com provolone e ervas finas. "Normalmente as linguiças são feitas com aparas de carne. Aqui faço questão de usar apenas carnes nobres. Isso faz com que nosso preço suba, mas é o que faz sucesso junto a um público exigente", avalia o empresário.
Com seis colaboradores, deles, dois filhos, Oliveira comanda uma produção entre 100 quilos e 150 quilos diários, dependendo do tipo de linguiça. Mesmo sem uma rede de representantes ou ponto de venda próprio, os produtos já chegam aos consumidores de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. "As pessoas compram aqui, acondicionamos dentro das normas e elas podem viajar em segurança. Tenho, por exemplo, uma cliente de Brasília que começou comprando dez pacotes de meio quilo de cada tipo. Ela distribuía gratuitamente para as pessoas experimentarem. Hoje ela compra entre 300 e 400 pacotes de cada vez para revender", afirma o empreendedor.
Mesmo com o ritmo de vendas crescente, o empresário mantém os pés no chão. "Somos uma pequena fábrica artesanal e não tenho pretensões de virar uma indústria que fabrica toneladas. Nosso foco é na qualidade, com carnes nobres, sem injeção de água. Tudo feito com o mais alto padrão. Herdei essa exigência de meu pai e hoje tenho orgulho de ser apontado como alguém que faz um bom produto. Posso dizer que o que faço para os meus clientes é o mesmo que dou para os meus filhos comerem".
Todos os anos a Merci Brasília participa do Festival da Linguiça de Formiga, que em 2014 acontecerá em agosto. Na festa, cada entidade beneficente e associação social participante escolhe um fornecedor. No ano passado, apenas em uma barraca foram consumidos e/ou vendidos mais de 600 pacotes. " um prazer ser escolhido pelas entidades e participar do festival. uma forma de devolver à cidade parte do que conquistamos", completa.
Veículo: Diário do Comércio - MG