Lucro da BRF desaba no quarto trimestre

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Como já era previsto pelo mercado, o lucro líquido da BRF despencou no quarto trimestre de 2013. Segundo balanço divulgado ontem após o fechamento da BM&FBovespa, o resultado líquido da companhia no período foi de R$ 208 milhões, 60% abaixo de igual intervalo de 2012.

De acordo com a BRF, o resultado foi impactado por despesas operacionais não-recorrentes, despesas financeiras líquidas mais elevadas e pela queda nos volumes vendidos pela empresa no quarto trimestre do ano passado.

Analistas já apontavam resultados fracos no período, em parte, por conta do impacto da reestruturação promovida na companhia pela gestão Abilio Diniz, que desde abril do ano passado ocupa a presidência do conselho de administração da BRF.

Houve alterações expressivas na empresa, com trocas de pessoal em praticamente todos os cargos de direção, além de mudanças na estratégia, como a decisão de transformar a BRF numa empresa mais voltada para o mercado que para a produção. Quem conhece o funcionamento da BRF avalia que as mudanças feitas em algumas áreas da empresa em termos de pessoal tiveram potencial de interferir no dia a dia da operação.

Além da reestruturação, a conjuntura econômica também prejudicou a BRF. A receita líquida da empresa no quarto trimestre totalizou R$ 8,2 bilhões, com alta de apenas 1% em relação a igual trimestre de 2012. Esse desempenho fraco deveu-se, segundo a BRF, a "um ambiente de consumo mais desafiador no mercado interno, desde meados de 2013, o que também comprometeu volumes". O volume total de vendas da empresa no período alcançou 1,5 bilhão de toneladas, 8,1% abaixo de igual período do ano anterior.

O lucro bruto da BRF no período caiu 0,6% em comparação ao último trimestre de 2012 e ficou em R$ 2,1 bilhões. A queda foi reflexo do aumento de custos no período, especialmente de mão de obra, informou a BRF. Com isso, a margem bruta caiu de 25,7% no quarto trimestre de 2012 para 25,4% no mesmo período do ano passado.

Diante do cenário de custos maiores e vendas menores, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ficou em R$ 772,6 milhões nos últimos três meses de 2013, uma queda de 2% ante o mesmo intervalo do ano anterior. A margem Ebitda também recuou, para 9,4% contra 9,6% um ano antes.

O resultado da BRF no ano foi mais satisfatório. Em 2013, o lucro líquido da empresa foi de R$ 1,062 bilhão, 38% acima dos R$ 770 milhões de 2012. Já a receita no ano passado cresceu 7% sobre 2012 e alcançou R$ 30,5 bilhões.

Segundo a BRF, o resultado reflete o desempenho das vendas, principalmente nos primeiros trimestres do ano, e a performance na exportação por conta da desvalorização do real ante o dólar. As vendas externas da BRF somaram R$ 13,363 bilhões em 2013, alta 13% em relação ao ano anterior.

O lucro bruto no ano subiu 17,3%, para R$ 7,6 bilhões, reflexo, de acordo com a BRF, dos repasses de preços no mercado interno e melhora de mix. Já o Ebitda totalizou R$ 3,1 bilhões em 2013, alta de 37% sobre o ano anterior. A margem Ebitda ficou em 10,3%, acima dos 8,0% de 2012.

Em comunicado à imprensa, a BRF disse que "o desempenho reflete o trabalho sustentável que foi feito neste ano de mudanças substanciais da companhia". Segundo o texto, embora o novo ciclo da empresa esteja orientado a resultados de longo prazo, já houve melhorias operacionais e maior eficiência na otimização do capital de giro da empresa que permitiram que o fluxo de caixa livre da BRF crescesse 10 vezes, saindo de R$ 115 milhões em 2012 para de mais de R$ 1,5 bilhão em 2013.

Em relatório aos investidores, Abilio e Claudio Galeazzi, diretor-presidente global da BRF, dizem que a tônica no período foi " repensar a empresa" e "dar início a um novo ciclo de atuação" em que a BRF buscará "dar ainda mais ênfase à inovação, revisitando seu portfólio, investindo em produtos com maior valor agregado e rentabilidade - direcionando a sua estratégia internacional para mercados específicos". Nesse cenário, a empresa admitiu esta semana que pode vender ou fazer parcerias em sua área de lácteos.

O mercado parece ainda digerir as mudanças na BRF. Desde o início do ano, os papéis da empresa caíram 16,24% na BM&FBovespa.



Veículo: Valor Econômico


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