Setor de cartões olha com mais atenção para microempresário

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                                  As estratégias das companhias variam, porém, um ponto em comum é que elas apostam no desenvolvimento do negócio para ganhar mais com o volume de operações



São Paulo - As grandes empresas do setor de cartões estão olhando com mais atenção e montando novas estratégias de mercado para os microempresários e os profissionais autônomos, antes pouco visados por terem baixo volume de transações e um tíquete médio menor.

Os planos variam, dependendo da etapa da cadeia de pagamentos a empresa atua, mas novas soluções surgem com cada vez mais intensidade, desde o fim da exclusividade entre as grandes credenciadoras e as grandes bandeiras, no final de 2010.

Em comum, a aposta das empresas de cartões é no crescimento do negócio do micro empresário, com o tempo, e no consequente aumento do volume de transações geradas.

A First Data, maior credenciadora dos Estados Unidos, que começou a atuar no Brasil justamente após a abertura do mercado de cartões, lançou na semana passada um dispositivo chamado Bin Mobile, que transforma celulares e tablets em máquinas de captura e processamento de transações com o plástico.

Segundo Debbie Guerra, presidente da First Data Brasil, o foco da credenciadora no País são as micro, pequenas e médias de varejo - com faturamento até R$ 30 milhões.

O Bin Mobile, por sua vez, será voltado, principalmente, para o microempreendedor individual e autônomos, que realizam até 30 transações com cartão por mês, ou seja, com o menor faturamento da base.

"No passado, antes da abertura do mercado, as grandes [empresas] estavam com foco em serviços de credenciamento em geral", observou Guerra. "Quem não era bancarizado e não usava serviços financeiros com frequência não era o foco de adquirência", completou.

Pensando no público de micro e pequenos empresários, a MasterCard lançou, em março do ano passado, o Portal MasterCard Empreendedor, que disponibiliza uma série de soluções para o público. A última solução da bandeira foi justamente uma parceria com a subcredenciadora (facilitadora) Payleven para oferecer, no Portal, maquininhas para dispositivos eletrônicos móveis.

"Com essa parceria, nós conseguimos taxas mais vantajosas para os pequenos", afirmou Alexandre Brito, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da MasterCard Brasil e Cone Sul. "A gente quer fazer o empreendedor crescer e para gerar valor para a empresa. No futuro, isso gera mais valor para a MasterCard", completou.

De acordo com ele, a ideia da empresa é ajudar na inclusão social, através da inclusão financeira. Um exemplo usado por Brito foi o embandeiramento dos cartões do programa Bolsa Família, do governo federal, que podem ser vinculados a MasterCard - o que gera receita para a bandeira e facilita as transações dos beneficiários.

A Cielo, que atualmente detém 46,7% dos 4,43 milhões de terminais de captura transações com cartões do País, também possui sua solução para celulares e tablets, chamada Cielo Mobile, lançada em 2010.

Segundo Adriano Navarini, vice-presidente comercial varejo da credenciadora, atualmente a maior parte da base de clientes da Cielo é formada pelo segmento de micro e pequenas empresas e empreendedores individuais.

"Hoje, já temos mais de 500 mil clientes na base do Cielo Mobile, que em 2013 passou por uma evolução e foi a primeira solução móvel do mercado a aceitar cartões com chip", afirmou.

Facilitadoras

Um segmento que impulsionou a inclusão dos micro empresários na cadeia de meios de pagamentos eletrônicos foi o das subcredenciadoras ou facilitadoras, que capturam transações com cartões e fazem a ponte com as credenciadoras.

Juan Fuentes, diretor do PagSeguro, facilitadora do UOL, apontou que a abertura do mercado de adquirência, atrelado a disseminação dos cartões para o público de menor renda, com o surgimento do Bolsa Família, abriu espaço para que a subcredenciadora, que antes atuava apenas com pagamentos não presenciais (internet), passasse a operar em espaços físicos.

"As pessoas, que antes não usavam cartão, passassem a usar. Isso fez com que os pequenos lojistas precisassem de um meio de aceitação mais fácil", explicou o diretor.

Segundo Brito, da MasterCard, as facilitadoras costumam atuar em nichos de mercado específicos e possuir soluções voltadas para esses nichos. "As necessidades de um dentista autônomo, por exemplo, são diferentes das necessidades de um personal trainer", observou o VP.

Debbie, da First Data, disse que, atualmente, a credenciadora não possui parceria com facilitadoras, mas tem expectativa de fechar acordos ainda neste ano.

De acordo com ela, por trabalharem direto com o cliente final, muitas vezes a First Data poderá oferecer taxas e custos melhores para o lojista.

"Entre as novas entrantes no mercado de adquirência, somos a empresa que registra o crescimento mais rápido. Nosso objetivo em lançar o mPOS [dispositivo para celular] é fazer com que ele represente 10% da nossa base de clientes, nos próximos 12 meses", salientou Debbie. "Diversificar nossas opções irá contribuir para a meta de estar entre as quatro maiores empresas de adquirência do Brasil nos próximos dois anos".

Taxas e custos

Como possuem uma "carteira" de clientes pequenos, ao oferecerem essa base para as credenciadoras, as facilitadoras podem conseguem taxas de desconto menores - quanto maior o volume de transações, menores as taxas.

Na PagSeguro, a taxa de desconto média é de 3,19% para operações no cartão de crédito e 2,39% no de débito. O Bin Mobile, da First Data, tem taxas de 2,59% para débito e 3,49% para crédito. Na Payleven, que tem a parceria com a MasterCard, as alíquotas são de 2,69% para o débito e 3,39% para o crédito.

As taxas são cobradas em cada transação e aumentam se o lojistas parcelar o crédito.

Segundo dados do Banco Central, a taxa média de desconto para as operações de débito, incluindo as pequenas e as grandes empresas, é de 1,59% e a de crédito é de 2,52%.

Fuentes, PagSeguro, apontou que o valor do aluguel da maquininha também é outro ponto que deve ser observado pelo lojista. A maioria das credenciadoras aluga o POS (Ponto de Venda, em inglês), enquanto as facilitadoras oferecem a opção de compra.

"A questão da locação da máquina ainda é o grande diferencial [das facilitadoras em relação às credenciadoras]", avaliou o diretor. "Para se ter uma dívida recorrente [custo fixo], o lojista tem que ter uma receita compatível. Essa é grande barreira de entrada dos pequenos aos cartões", completou. Na empresa, a maquininha pode ser comprada por R$ 478.

A First Data irá oferecer o aluguel do Bin Mobile por R$ 19,90 ao mês. "A nossa ideia é atender o lojista de forma plena, sem surpresas com as taxas e custos", afirmou Debbie.

Inovações

As empresas ouvidas pelo DCI disseram que terão novas soluções para microempresários ainda neste ano. Segundo Brito, da MasterCard, um dos focos da empresa é a convergência digital. Na semana passada, a Zuum, joint-venture entre MasterCard e a Telefónica International, anunciou uma parceria com a Saque e Pague.

Com a solução, os clientes da Zuum passaram a poder utilizar os terminais da rede Saque e Pague para sacar dinheiro e depositar na conta Vivo Zuum. "Uma das principais inovações é que não é preciso utilizar o cartão para sacar dinheiro nos caixas eletrônicos da rede", informou a empresa, em comunicado.

Segundo a Zuum, com o número da linha de telefone cadastrada na empresa e o aparelho celular em mãos já é possível realizar a transação.



Veículo: Jornal DCI


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