Congelados com apelo saudável ganham espaço

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Empreendedores apostam em novas técnicas que preservam características de frescor e atendem à demanda crescente por praticidade e saudabilidade


São Paulo - Antes associados à extrema industrialização e artificialidade, os alimentos congelados ganham hoje ares saudáveis nas mãos de empreendedores que apostam na preocupação do consumidor com aspectos nutricionais e a praticidade.
Com novas técnicas de produção e conservação, os pratos preservam características de frescor que não se perdem no preparo. Assim, atendem a uma demanda crescente por conveniência.

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), o segmento de supergelados e congelados faturou R$ 14,5 bilhões em 2015, alta de 9,84% em relação ao ano anterior.
A associação destaca alguns fatores que contribuem para a expansão do consumo de pratos prontos e semiprontos congelados, como, por exemplo, a maior participação feminina no mercado de trabalho. Segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 44% da população economicamente ativa são mulheres.

Além disso, a Abia aponta outras razões para o crescimento deste mercado, como o aumento do número de pessoas morando sozinhas, que já respondem por mais de 14% dos domicílios; a busca por conveniência e pela chamada 'gourmetização'; o avanço do processo de urbanização e a evolução do emprego e da renda.

A crise econômica também mudou hábitos, diz a professora Dayse Maciel, do Programa de Administração de Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração (FIA). "Muitas famílias foram obrigadas a diminuir as despesas com diaristas. O consumidor deixou de frequentar restaurantes, trocando por pratos prontos em casa. Serve mais pessoas e sai mais barato que consumir na rua", aponta. "As pessoas querem praticidade, mas com ingredientes reconhecíveis e mais sabor caseiro."

Processo rápido
Foi da vontade de consumir uma alimentação saudável e prática, quando ainda trabalhava no mercado financeiro, que o jovem Victor Santos, em conjunto com os irmãos Henrique e Felipe Castellani, viu a oportunidade de empreender no segmento.

O trio pensou em uma forma de oferecer um tipo de refeição prática, saudável, saborosa e com valor acessível. Juntos criaram em São Paulo a startup de alimentos congelados Liv Up, com a proposta de produzir e entregar, como um restaurante delivery, refeições congeladas orgânicas e livres de conservantes.
Os empreendedores visitaram cozinhas, pesquisaram feiras de equipamentos industriais e descobriram uma máquina de ultracongelamento italiana que confere às refeições durabilidade de até seis meses no freezer.

A técnica consiste no congelamento dos alimentos de forma rápida, a temperaturas extremamente baixas, com o objetivo de manter as características nutricionais praticamente intactas, o que possibilita ao consumidor a compra planejada de kits prontos para vários dias da semana.
Santos explica que o processo de congelamento em freezer convencional, que trabalha a -18°, é mais lento e por isso favorece a formação de cristais de água que rompem fibras e descaracterizam as propriedades do alimento. "Quando o consumidor esquenta o prato, a comida fica mole e solta água", diz. O ultracongelador atua a -40° e tem um ventilador que fica trocando o ar rapidamente. "Isso deixa a consistência dos alimentos e legumes como se fossem feitos na hora", afirma.

Além dos pratos, a startup aceita pedidos de itens separados, como só proteínas ou só legumes. Também personaliza refeições sob demanda. Hoje, a empresa registra mais de mil pedidos ao mês.
Os sócios captaram um investimento de R$ 675 mil em janeiro de 2015 e também desembolsaram R$ 250 mil de recursos próprios. Atualmente, o time da Liv Up conta com 15 colaboradores e a expectativa é encerrar 2016 com faturamento próximo de R$ 1 milhão.

Necessidade
Outra empresa na mesma linha é a Leve e Pronto, também de São Paulo e em operação desde 2015. A ideia surgiu de uma necessidade pessoal do empreendedor Rafael Mendrot. Depois do nascimento do filho, ele viu a rotina da família mudar e a falta de tempo começou a interferir nos momentos de lazer.

Com a ajuda do sócio, Daniel Martin, Mendrot levantou um investimento inicial de R$ 150 mil, parte por financiamento bancário e também de recursos próprios.

Os pratos produzidos pela empresa são embalados a vácuo individualmente e também têm validade de até seis meses, se conservados em freezer comum. Há kits e programas personalizados, como fitness, infantil e vegetariano.
Segundo Mendrot, desde o início das operações, a startup tem crescido 20% ao mês. O empreendedor não informa valores, mas a expectativa é fechar 2016 com crescimento de 35% sobre o resultado de 2015. Para este ano, a Leve Pronto prepara ainda o lançamento de mais dois kits.

Fonte: DCI 


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