Inflação de serviços recua menos que índice geral, apesar de demanda fraca

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Custos elevados, Olimpíada e "esforço" de consumidores colaboram para manutenção de preços em patamar alto; entretanto, especialista diz que renda em queda deve puxar números para baixo

 


 
São Paulo - A inflação de serviços recuou 0,44 ponto percentual entre janeiro e agosto de 2016, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu 1,74 ponto percentual em igual período. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
"Ainda que a demanda interna esteja perdendo força por causa da crise econômica, os preços do setor mostram bastante resistência. Isso acontece porque as pessoas se esforçam para manter seus gastos usuais com colégio, cabeleireiro e dentista", exemplificou Eulina Nunes, coordenadora dos índices de preços do IBGE.
 
Em agosto, a inflação de serviços, que faz parte do IPCA, chegou a 7,40%, ante 7,11% em julho e 7,88% em janeiro. Já o índice geral atingiu 8,97% no mês passado, frente a 8,74%, em julho e 10,71% em janeiro.
 
Segundo Guilherme Almeida, economista da FecomercioMG, a Olimpíada também pesou para a manutenção dos preços de serviços em um patamar mais elevado. Exemplo disso foi o avanço das diárias de hotéis, que ficaram 11,58% mais caras no mês passado em todo o País. No Rio de Janeiro, onde aconteceram os Jogos, a alta do item chegou a 111,23%.
 
Já Eulina afirmou que a queda nos preços administrados foi o principal motivo para uma desaceleração maior do índice geral, na comparação com a inflação de serviços. "Vários itens, como energia elétrica, tiveram reajustes elevados no começo do ano passado e puxaram o IPCA para cima. Nos últimos meses, esses números esfriaram, o que ajudou para o recuo do índice geral", explicou a especialista.
 
Enquanto isso, os empresários do setor de serviços "não conseguiram arcar com os custos elevados, que acabaram por serem repassados aos preços", emendou Almeida.
 
Na mesma linha, a técnica do IBGE apontou o impacto da valorização do dólar em 2016. "Para compensar a variação cambial, os serviços que dependem de produtos importados tiveram que aumentar os preços neste ano", justificou.
 
Os preços de alimentos, seguiu ela, também teriam sido repassados aos consumidores. "Foi uma das razões para o encarecimento da refeição fora de casa, por exemplo."
 
Para Almeida, a tendência é que a demanda continue fraca e os preços de serviços recuem mais nos próximos meses, colaborando para uma queda mais intensa do IPCA.
 
"O processo de piora no emprego e na renda dos trabalhadores deve continuar no segundo semestre deste ano. Com isso, o consumidor deve optar por opções mais baratas, como deixar os restaurantes e fazer as refeições em casa."
 
Impacto do clima
 
Uma melhora nas condições climáticas do País seria a principal causa do recuo do grupo alimentação e bebidas no mês passado, afirmou Almeida.
 
Após avanço de 1,32% em julho, o item cresceu 0,30% em agosto. Colaboraram para a desaceleração as quedas nos preços de cebola (-18,46%), hortaliças (-8,81%), batata-inglesa (-8%), cenoura (-5,67%) e feijão-carioca (-5,60%).
 
Por outro lado, foram registradas altas nos preços de feijão-fradinho (11,27%), leite condensado (10,23%), leite em pó (7,40%), tomate (5,76%), e frutas (4,94%).
 
"Nos próximos meses, a expectativa de uma composição climática mais favorável deve possibilitar novas quedas em alimentos", projetou Almeida.
 
Mensalidades mais caras

 
Outro item com avanço significativo e impacto sobre a inflação de serviços foi educação. A alta de 0,99%, em agosto, ficou bem acima daquela registrada em julho (0,04%).
 
Em agosto, pesaram os aumentos em cursos regulares (0,95%) e cursos diversos, como informática e idioma (1,14%). De acordo com o IBGE, essas variações refletem os reajustes praticados pelas instituições de ensino para o segundo semestre deste ano.
 
O motivo do avanço, mais uma vez, seriam os custos elevados. "Os empresários do setor gastam bastante com energia elétrica, aluguel, equipamentos e outras despesas", disse Almeida. Ele ressaltou que o grupo não teve aumentos expressivos em outros meses e, por isso, o dado de agosto já era esperado.
 
Histórico do setor

 
No começo da década, a inflação de serviços era superior ao IPCA. Em 2012, por exemplo, o primeiro índice chegou a 8,41%, enquanto o segundo ficou em 5,69%.
 
Nos dois anos seguintes, a diferença foi mantida, com serviços à frente do índice geral em 2013 (8,75% e 5,91%) e em 2014 (8,32% e 6,41%).
 
Em 2015, entretanto, a demanda parou de subir, impedindo novos avanços no setor de serviços (8,34%), e a alta nos preços administrados fizeram o IPCA disparar (10,67%).
 
Fonte: DCI


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