Maior participação do setor privado em concessões reduz desemprego

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Economista espera avanço dos aportes privados na economia caso Michel Temer seja efetivado na Presidência. Esse investimento teria impacto "considerável" no mercado de trabalho do País

 
São Paulo - O economista Gesner Oliveira prevê um crescimento da participação do setor privado na economia caso Michel Temer seja efetivado na Presidência. Segundo ele, as concessões teriam impacto considerável no mercado de trabalho brasileiro.
 
"Se colocarmos em pé um programa de concessões e parcerias, a economia entrará em marcha", defendeu o especialista, eleito o economista do ano pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).
 
Oliveira calculou que quatro milhões de empregos seriam gerados se parte das propostas previstas no Programa de Investimento em Logística (PIL) avançar.
 
"A previsão inicial era de R$ 200 bilhões em investimentos [no PIL], mas esse é um número irreal. Se filtrarmos essa quantia para R$ 70 bilhões, que é o que a demanda e os projetos permitem, já teremos essa melhora do emprego", explicou ele.
 
Os setores em que deve ocorrer um crescimento da participação privada são saneamento, aeroportuário e rodoviário, indicou o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), que também é sócio da GO Associados.
 
"Eu acho natural que ocorra esse aumento em saneamento, já que a participação ainda é pequena em comparação com todo o investimento que precisa ser feito" , justificou. "E isso também deve acontecer em aeroportos e rodovias", concluiu.
 
Segundo ele, já existe um avanço dos aportes privados em algumas áreas. "Para saneamento, por exemplo, as concessões estão crescendo e já chegam a mais de 200 cidades do País", disse.
 
Em outra frente, a privatização da distribuidora de energia Celg, de Goiás, ganhou força ontem, depois que o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, informou que cinco empresas, entre nacionais e internacionais, demonstraram interesse em participar do leilão de privatização da companhia goiana.
 
Já no caso da Petrobras, Oliveira avaliou que "o momento é para melhorar a governança e retirar amarras que colocam grande sobrecarga na empresa". Entretanto, esse movimento "não necessariamente" estaria ligado à privatização da petroleira estatal.
 
Favorável a um "redimensionamento do estado", o economista afirmou que a inserção do setor privado deve causar melhoras em gestão, investimento e tecnologia, além de reduzir os gastos do estado. Por outro lado, ele ponderou que o tamanho e a forma das concessões públicas devem variar de acordo com o setor afetado pela medida.
 
Oliveira disse ainda que uma evolução da concorrência e da governança das empresas no criaria um ambiente melhor para os negócios. "Seria bom para estatais e privadas."
 
Saúde e educação
 
A expansão do investimento privado em áreas mais sensíveis, e consideradas de maior competência pública, como saúde, educação e segurança, também foi abordada pelo economista. "Provavelmente nós teremos uma experiência híbrida", indicou.
 
Segundo ele, no ensino básico, "que precisa ser melhorado e tem retorno de longo prazo", o setor público deve continuar sendo mais importante. Mas na educação superior deve ter um crescimento do setor privado. "E mantemos universidades públicas importantes. Assim, seguiríamos com um sistema misto", acrescentou.
 
A divisão do serviço de saúde entre os dois setores também foi defendida pelo economista. "Nós já temos empreendimentos públicos e parcerias com o setor privado que funcionam bem", entende.
 
A concessão de presídios também deve ser considerada, completou o entrevistado. "Em Minas Gerais temos uma boa experiência com colaboração entre público e privado nas prisões", apontou.
 
Polêmicas
 
Presidente da Sabesp entre 2007 e 2010, Oliveira falou ao DCI sobre a crise da água em São Paulo, que chegou a causar um racionamento na cidade em 2015. Para ele, a resposta da empresa de economia mista à falta de chuva evitou que o problema se intensificasse.
 
"Se outra capital brasileira tivesse a estiagem que ocorreu em São Paulo, teria sido um problema de calamidade pública. Mesmo com a menor média pluviométrica desde os anos 50, o problema foi bem enfrentado e acabou sendo resolvido", afirmou.
 
O economista também fez comentários sobre a construção da linha-4 do metrô na capital paulista. As obras coordenadas por parceria público-privada (PPP) foram atrasadas diversas vezes nos últimos anos. "De fato, há um aprendizado para futuros eventos de parceria", disse o especialista ao DCI.
 
Fonte: DCI


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