Baixa histórica no comércio

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São Paulo – As vendas do comércio caíram 8,3% no acumulado dos primeiros seis meses deste ano em relação a idêntico período do ano passado, segundo pesquisa da empresa Serasa Experian. Para os padrões do indicador usado, este foi o pior desempenho da atividade varejista do Brasil em toda a série histórica do indicador, superando a queda de 6,9% observada no primeiro semestre de 2002, época em que o país vivia a chamada 'Crise do Apagão', com escassez de energia, comparam os economistas da instituição.

A forte retração da atividade varejista no primeiro semestre é atribuída à elevação da taxa de desemprego, ao grau deprimido dos níveis de confiança do consumidor e também às condições mais restritivas de crédito. A maior retração do consumo entre janeiro e junho deu-se no segmento de veículos, motos e peças, que registrou queda de 17% frente ao primeiro semestre do ano passado.

A segunda maior queda foi de 13,9%, observada no movimento dos consumidores nas lojas de tecidos, vestuário, calçados e acessórios. Houve recuo também significativo, de 13,3%, nas lojas de móveis, eletroeletrônicos e equipamentos de informática. De acordo com o levantamento de dados, retrações menores ocorreram nas lojas de material de construção (6,4%) e nos supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas (7,5%). “Somente o segmento de combustíveis e lubrificantes conseguiu encerrar o primeiro semestre no azul, com alta de 4,3% em relação ao primeiro semestre do ano passado”, observaram os economistas da Serasa.


Cesta básica a R$ 426 em BH

O encarecimento dos alimentos essenciais forçou a população de Belo Horizonte a trabalhar mais em junho para fazer frente à despesa. O custo da cesta básica na capital subiu 4,24% no mês passado em relação a maio, alcançando R$ 425,82, o que representou 52,6% do salário mínimo líquido, segundo pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O aumento superou a inflação do mês, que atingiu 0,83% em BH, de acordo com a Fundação Ipead, vinculada à UFMG, responsável pela apuração de índices do custo de vida. A cesta básica ficou mais cara em 26 das 27 capitais pesquisadas pelo Dieese. Apenas em Natal, a cesta teve queda de preços de 0,54%.

O tempo de trabalho em junho, frente ao mês anterior, para que o trabalhador comprasse a cesta básica subiu em quatro horas e chegou a 106 horas e 27 minutos. De janeiro a junho, a variação desse tempo de trabalho em BH foi de 14,93%, maior alta entre as capitais do Sudeste.

Diante dos aumentos dos preços e do desemprego, trabalhadores têm utilizado o recurso de aumentar a jornada de trabalho. Esse é o caso da cozinheira Rosa Mara dos Santos, de 51 anos. Ela trabalha de segunda a sexta-feira e para complementar a renda busca ocupação extra como folguista nos fins de semana. “Os alimentos encareceram muito e o feijão nem se fala.” O marido de Rosa está atualmente desempregado e dos três filhos que moram com ela, dois também estão buscando trabalho. “O custo de vida apertou muito no Brasil, por isso estou buscando alternativa para conseguir ganhar um pouco mais e ajudar nas despesas de casa”, comenta.

Levando-se em conta uma pequena família de quatro pessoas, dois adultos e duas crianças, o trabalhador belorizontino gastou R$ 1.277,46 somente para cobrir a despesa mínima familiar com alimentação. A pesquisa leva em conta 13 itens da alimentação básica, entre eles, feijão, leite, óleo e farinha.

Lúcio Monteiro, técnico do Dieese, ressalta que a variação de junho foi a segunda maior do semestre. “Foi um aumento bem forte, que certamente vai superar em muito a inflação medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).” Segundo o pesquisador, o reajuste de alimentos como o feijão, que em algumas regiões do país chegou a dobrar de preço, contribuiu para pressionar a cesta básica.

Os produtos que tiveram as maiores altas em junho, na comparação com maio, foram o feijão (46,90%), o leite (10,97%) e a manteiga (7,15%). Apresentaram as maiores quedas de preços a banana (-6,13%), o óleo (-3,37%) e a farinha (-1,76%). No ano, a alta no preço médio do feijão foi de assustadora, de 94,53%, enquanto a batata encareceu 57,8% e a manteiga, 35,07%. Os dois produtos que apresentaram queda em seu preço médio no período assinalado foram o tomate -1,92% e o café -1,09%.


Campeões

Maiores remarcações de preços em junho

Feijão
46,90%

Leite
10,97%

Manteiga
7,15%



Veículo: Jornal Estado de Minas


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