Crise no varejo aumenta mercado de empresas de armazenagem no País

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Enquanto o varejo amarga a pior crise em 15 anos, outro setor, o de “self storage”, lucra com a situação. Nos últimos meses, os galpões que alugam boxes para armazenar produtos encontraram um novo nicho de clientes: comerciantes com estoques encalhados, fruto de lojas fechadas ou atulhadas de mercadorias.

Com 15 unidades, a Guarde Aqui ampliou em 38% sua área locada no último ano, com concentração de procura nos últimos meses. Já a GoodStorage viu a busca por espaço crescer 150%. Otimistas, esses negócios estão em busca de novos terrenos e, com a ajuda de parceiros internacionais, se preparam para investir até R$ 200 milhões por ano, cada uma.

Criado nos Estados Unidos para atender sobretudo o cliente de pessoa física, no Brasil esse setor avança com a participação de empresas, principalmente varejistas, que usam a solução como uma espécie de centro de distribuição.

Mas o cenário de recessão, que segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) fez quase 100 mil lojistas encerrarem as atividades no País em 2015, tem trazido um novo perfil de cliente. “Infelizmente, essa pauta triste, de empresas que estão fechando lojas e resolvem guardar o estoque com a gente, é maioria”, afirma o presidente da Guarde Aqui, Allan Paiotti.

Com cuidado para não demonstrar animação demais em um momento crítico, Hans Scholl, da Metrofit, concorda. “De cada dez demandas corporativas que recebemos, seis são motivadas pela crise.”

Elizabeth Amaral, que fechou em 2015 um escritório de importação e acabou com 500 rolos de papel parede nas mãos, é um exemplo de empreendedora que precisou buscar uma solução para o estoque excedente. “Vendia bem quando o dólar estava a R$ 2,60. Acima disso, perdi competitividade”, conta ela, que alugou um box e foi procurar emprego para sobreviver. “Hoje, eu vendo calçados.”

Em Guarulhos (SP), o comerciante Humberto da Silva também precisou fechar uma loja de móveis que matinha há seis anos. Alugou um box de 20 metros quadrados em um galpão perto de sua casa. “Vendia R$ 100 mil por mês, mas o faturamento passou para R$ 15 mil”, conta ele, que paga R$ 1,2 mil por mês para guardar 20 sofás. “Eliminei um custo fixo de R$ 14 mil ao encerrar a loja.”

Expansão. O mercado de self storage no Brasil ainda é pequeno, com 150 unidades. Nos Estados Unidos, são 50 mil operações, o suficiente para gerar lastro para produtos negociados em bolsa.

Apesar de o mercado local ser pequeno, as empresas que investem no segmento por aqui têm intenção de, um dia, ter escala para abrir o capital na Bolsa. A Guarde Aqui, controlada pela americana Equity International, de Sam Zell, quer investir pelo menos R$ 150 milhões por ano. “Vamos abrir de seis a oito unidades por ano até alcançar 40, em 2020. Hoje, monitoramos 120 terrenos pelo Brasil para a expansão”, conta Paiotti.

Scholl, da Metrofit, também tem planos ambiciosos, que incluem até a possível criação de um fundo imobiliário. “Vamos investir cerca de R$ 200 milhões por ano até 2020”, afirma ele, que tem a gestora imobiliária TRX e a americana Metro Self Storage como sócias.

Após um aporte de R$ 600 milhões do fundo brasileiro HSI e da Evergreen, dos EUA, a GoodStorage também quer manter o pé no acelerador. Já investiu R$ 100 milhões em expansão e pretende usar os R$ 500 milhões em três anos, segundo o presidente da companhia, Thiago Cordeiro.

 



Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo


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