Varejo continua atento ao volume de estoques

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Adotar cautela no volume de estoques tem sido uma estratégia escolhida cada vez mais pelo varejo, que busca se adaptar ao cenário de 2016, de uma economia arrefecida e impactada diretamente pela crise. Com isso, os pedidos à indústria devem seguir o mesmo ritmo desacelerado de vendas.

Conforme a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), isso é um bom termômetro, já que boa parte do setor se mostra atento e acredita que a melhor saída é adotar um volume mais adequado de mercadorias para evitar alto índice de encalhe e prejuízo.

Uma comprovação disso é que neste mês houve maior proporção de empresários que afirmaram exatamente estar com os estoques em situação adequada, após amargar alguns meses de encalhe de algumas categorias nas prateleiras nas lojas.

No quesito, a pesquisa do Índice de Estoques (IE) calculado pela instituição indica que subiu de 45,3% em janeiro para 48,2% em fevereiro o número de empresários com essa opinião. Além disso, houve também a diminuição na fatia de varejistas com estoques abaixo do adequado, que passou de 16,9% para 15,8%, e dos que afirmaram ter excesso de mercadorias, de 37,6% para 35,7%.

A queda do consumo e o aumento do desemprego têm indicado aos empresários que é preciso perceber a complexidade econômica devido ao agravamento da crise. A Fecomercio ainda ressalta, por meio de nota, que o IE, com a percepção de estoque ajustado de maneira acertada, subiu para 96,6 pontos em fevereiro, ante aos 90,8 pontos em janeiro - avanço de 6,4%.

O levantamento visa captar a percepção dos comerciantes sobre o volume de mercadorias estocadas nas lojas, e varia de zero (inadequação total) a 200 pontos (adequação total). A marca dos cem pontos é o limite entre inadequação e adequação. Apesar da melhora este mês, quando se compara fevereiro de 2016 ao resultado do mesmo mês no ano anterior, o indicador apresenta queda de 106,9 pontos. O recuo, neste caso, é de 9,6%.

Menos encomendas

A expectativa é que nos próximos meses o excesso de estoque seja eliminado, mas principalmente pela redução de novas encomendas, que deverão ser feitas de maneira ajustada à demanda de vendas.

A expectativa é o excesso de estoque seja eliminado, porém não em decorrência da retomada das vendas, mas sim pela redução de novas encomendas, já percebida no varejo. Desta forma, certamente a indústria de bens de consumo deve sentir em cheio a queda no volume de pedidos para abastecer as prateleiras das lojas e o clima de incertezas deve se manter.

No caso do comércio varejista no Estado de São Paulo, a FecomercioSP aponta que a retomada do crescimento das vendas é improvável no médio prazo, e afirma que em 2016 poderá se consolidar a maior crise já vivida pelo segmento na região, com retrações expressivas das atividades sem sinais de arrefecimento, dando continuidade a um cenário de baixas perspectivas.

Demanda interna

Outro indicador que costuma apontar os rumos do setor vem dos levantamentos feitos pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Há cerca de dois meses, a entidade já apontava sinal de alerta, para que os empresários tentassem ficar atentos ao cenário de demanda interna fraca.

A perspectiva em dezembro era de vendas desaceleradas e, desta forma, que provavelmente o setor poderia começar 2016 muito 'estocado'. Isso porque no mês que é o período de maior volume de vendas para todos os segmentos do comércio varejista, a entidade havia apontado estoques indicando o patamar mais desfavorável em quatro anos. Na ocasião, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) indicava 30,7% dos entrevistados atestando estoques acima do adequado, mesmo percentual de novembro e o maior desde o início da pesquisa, em março de 2011.

Para analistas, não só as grandes redes precisam ficar atentas às promoções e datas sazonais, de modo a não perder a atenção dos clientes. Principalmente os pequenos negócios devem tentar negociar melhores condições com seus fornecedores, para oferecer ao cliente final condições mais favoráveis de compras. Afinal, a queda de consumo deve continuar como foi em 2015 ante 2014, quando houve recuo de 3,5% neste quesito, conforme a FGV.

 



Veículo: Jornal DCI


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