Varejo demite e cenário vai piorar até março

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Em 12 meses até novembro passado, São Paulo eliminou 55,5 mil vagas de trabalho. Como o 1º trimestre é tradicionalmente fraco para o setor, tendência é que eliminação de postos siga em alta.

Amargando as consecutivas quedas de consumo de 2015, endividamento das famílias e alta da inflação, o comércio paulista fechou, nos 12 meses terminados em novembro, mais de 55 mil vagas. Agora, a previsão é que a situação se agrave, já que o 1º trimestre é um período conhecido por redução de postos de trabalho.

Os meses entre dezembro e março, historicamente, são conhecidos por diminuição do contingente de trabalhadores. Sem datas comemorativas com apelo ao varejo, o período é marcado ainda pelas demissões dos funcionários temporários, contratados para as festas de final de ano.

Para o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Jaime Vasconcellos, a situação conta com outro agravante que piora o cenário para o comércio.

"No início do ano, o consumidor se depara com uma série de gastos próprios para o período, como o pagamento do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores [IPVA], Imposto Predial e Territorial Urbano [IPTU] e ainda os gastos com a volta das aulas". Segundo ele, a parcela disponível da receita para consumo será menor durante este período e a situação deve resultar em um número menor de vendas e consecutivamente, um resultados negativos para as ofertas de emprego no varejo de São Paulo.

Segundo a Pesquisa de Emprego no Comércio Varejista do Estado de São Paulo (PESP), realizada mensalmente pela FecomercioSP, o fenômeno de queda começou a ser visto a partir do mês de maio, quando o índice ficou 0,1% menor que o registrado no ano anterior. "Isso mostra que a perda de vagas está acelerada e existe uma deterioração no número de empregos disponíveis", lamenta Vasconcellos.

O número de trabalhadores de novembro do ano passado, em comparação com o mesmo período de 2014, também chama a atenção. "Tivemos uma redução de 2,5%. Ela é a maior retração já registrada no varejo desde janeiro de 2008", diz.

Na opinião do executivo, a situação ainda não chegou ao fundo do poço, pois o pior período para a contração de funcionários só acaba em março.

Efeito cascata

A redução das vagas no varejo é o resultado de uma ação efeito dominó. "Tudo começa com uma crise muito grande de queda de consumo, que afeta e diminui o faturamento das empresa e faz os empresários diminuírem os gastos e deixarem de investir", diz o assessor econômico.

Vasconcellos destaca que de janeiro a outubro de 2015, o faturamento do varejo teve uma queda real de 6,1%. "Como a redução das vendas, os empresários reduzem os investimos e a criação de vagas é um deles", ressaltou ele ao DCI.

Segundo o estudo, das nove atividades pesquisadas, sete tiveram redução do número de empregados em novembro, frente ao mesmo período de 2014. As concessionárias de veículos tiveram uma redução de 7,8%, as lojas de vestuário, tecido e calçados com queda de 6,7%. Na contramão dos resultados, as farmácias e perfumarias tiveram alta de 2,5% e os supermercados de 0,9% nas vagas de ocupação formal.

Nos últimos 12 meses terminado em novembro passado, em número de vagas, as lojas de vestuário e calçados foram as que mais tiveram redução, e eliminaram mais de 20 mil empregos, as loja de eletrodomésticos, eletroeletrônicos e departamentos reduziram 12.505 mil.

 



Veículo: Jornal DCI


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