Varejo vira ano com estoques altos e pode segurar encomenda da indústria

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Sem conseguir mensurar o impacto da recessão, a tendência é que os empresários deste ramo entrem em 2016 receosos, o que acarretará em menor volume de compra na cadeia produtiva.

O agravamento da crise econômica brasileira confundiu lojistas que aguardavam vendas mais significativas neste Natal. Sem o resultado esperado, o varejo agora se depara com uma nova dor de cabeça para o início de 2016: os estoques em situação inadequada, fator que pode diminuir o volume de pedidos à indústria.

De acordo com um levantamento elaborado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), a percepção dos comerciantes da Região Metropolitana de São Paulo sobre seus estoques voltou a piorar em dezembro. O motivo, segundo um especialista ouvido pelo DCI, foi uma sequência de surpresas negativas nas vendas do comércio.

Os dados do Índice de Estoques (IE), da FecomercioSP, mostram uma retração de 15,9% este mês frente ao registrado no mesmo período do ano passado. O indicador que mede a adequação dos estoques do varejo atingiu 93 pontos, em uma escala que varia de 0 pontos (inadequação total) a 200 pontos (adequação total). A marca de cem pontos é o limite entre inadequado e adequado.

"O varejo utiliza costumeiramente o Natal para desovar os estoques e iniciar o próximo ano com coleções de produtos mais novos. No entanto, estamos atravessando um ano completamente diferente. A crise se agravou ao longo do ano e isso pode ter confundido os lojistas, que esperavam um Natal com melhores resultados", diz o assessor econômico da FecomercioSP, Fábio Pina.

O indicador aponta também que 37,2% dos lojistas estão com seus estoques em situação inadequada. Em dezembro de 2014, o mesmo índice apontava 30,8%. Já a proporção de varejistas que estão com seus estoques em situação adequada passou de 55,1% há doze meses, para 46,4% .

Consequências

"Isso deve fazer com que muitos lojistas repassem produtos a preços de custos, já que eles precisam pagar contas e cobrir os valores para operar. Alguns já falam em promoções no início do ano com preços até mais em conta do que adquiriram da indústria", diz Pina.

Para 2016, o economista acredita que o ciclo dos estoques irá se encerrar, com o ajuste feito após essas queimas e liquidações tradicionais de janeiro. "No próximo ano os pedidos junto aos fornecedores devem ser bem menores do que em 2015, já que as expectativas de vendas deste final de ano são de queda de 5% a 10% em relação ao ano passado e o fato de que os empresários vão adentrar o ano com uma noção mais clara da gravidade e da duração dessa crise que agora atinge consumo", diz.

Esforço para vender

Para reduzir as perdas, algumas lojas tiveram de aceitar a diminuição do tíquete médio gasto pelo consumidor.

Uma delas foi a Armarinhos Fernando, que apesar de registrar volume de vendas semelhante ao observado no ano passado, informa que os clientes estão gastando menos.

"No nosso caso, as vendas não reduziram. Houve queda do tíquete [médio], mas o volume de vendas se manteve igual quando equiparado ao ano de 2014", afirma o gerente-geral do Armarinhos Fernando, Ondamar Ferreira.

O estoque da loja, diz ele, está com leve alta. No entanto, Ferreira acredita que o espaço deve acabar limpo após as festas de final de ano e liquidações de janeiro. "Nossa expectativa é encerrar o Natal com um crescimento em torno de 4% a 5% nas vendas. Por isso acredito que o estoque está em um volume adequado. Estipulamos essa meta e vamos alcançá-la", garante Ferreira.

 



Veículo: Jornal DCI


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