Alimentos voltam a subir e pressionam prévia da inflação

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O grupo Alimentação e Bebidas saiu de uma deflação de 0,06% em setembro para uma alta expressiva de 0,62% em outubro, segundo dados referentes ao IPCA-15, divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE. No ano, a alta do grupo é de 8,79% e, no acumulado em 12 meses, de 10,43%, superando o índice de preços.

O aumento desse grupo costuma ser esperado no fim do ano, por efeitos sazonais, mas este ano pesou também a variação cambial, que elevou os preços dos insumos agrícolas e levou muitos produtores a reorganizarem sua produção para exportação.

Por um lado, o dólar mais forte aumenta os gastos dos produtores com importações de fertilizantes — o Brasil é deficitário na produção desse item essencial da agricultura. Por outro lado, com o real mais fraco, os produtores conseguem colocar seus produtos no exterior com mais facilidade, reduzindo a oferta desses produtos no mercado interno e, assim, pressionado os preços desses itens para cima aqui no Brasil.

Tradicionalmente, há um período de baixa nos preços dos alimentos nos meses de junho, julho e agosto. Nos últimos três meses do ano, eles costumam voltar a subir. Neste ano, tivemos também o efeito cambial, que encareceu os insumos e levou a uma reorganização da produção para a exportação — explica Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.

Feijão e arroz mais caros

Os principais itens que pressionaram o índice foram arroz, feijão, frutas, açúcar, carnes, aves e ovos.

“Após ter chegado a seu piso recente, o grupo Alimentação e Bebidas voltou a campo positivo ao final de setembro, intensificando este movimento neste IPCA-15 de outubro, o que, acreditamos, terá novo desdobramento no encerramento do mês”, escreveu Fábio Romão, da consultoria LCA em relatório. No mês fechado, ele acredita que o grupo terá alta de 0,77%, para um IPCA esperado por ele para o mês de 0,79%. “Tal expectativa está assentada na forte pressão oriunda dos preços agropecuários no atacado (como reflexo, em boa medida, da recente desvalorização cambial)”, continua o economista.

— Avaliamos que estes preços ao produtor (atacado) continuarão pressionados em outubro. Também houve aumento do custo para a alimentação fora do domicílio, o que já era esperado por conta da elevação do custo dos insumos — disse Romão.

Efeitos climáticos também afetaram a agricultura e outros grupos como Habitação, em que se insere o item energia, contribuindo para os recordes do IPCA-15 em outubro. O índice bateu recorde para o mês, para acumulado do ano e o acumulado em 12 meses.

— Os fatores para estes recordes que vemos registrados no IPCA-15 são aqueles que já vêm acontecendo ao longo do ano, com o aumento de vários custos, o encarecimento muito intenso da energia elétrica e o reajuste dos combustíveis. Com isso, o IPCA aumenta. Além disso, ainda temos a questão climática que influiu no índice acumulado do ano, por conta da crise hídrica. O efeito do câmbio ainda pode ser destacado, porque acaba pressionando muitos dos preços do varejo.

Ele acredita que a Selic será mantida em 14,25% ao ano até meados do ano que vem. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide hoje se aumenta, reduz ou mantém a taxa.

— A taxa de juros deve se manter, porque grande parte destes aumentos são administrados pelo governo e não estão sendo promovidos pela atividade econômica, que está enfraquecida. A Selic deve permanecer a 14,25% até meados do ano que vem e, somente a partir do segundo semestre, pode começar a ser reduzida.

 



Veículo: Jornal O Globo


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