Varejistas aproveitam o bom relacionamento e o interesse da indústria para criar soluções mais baratas ao consumidor. Já as lojas especializadas sentem o arrefecimento das vendas do setor
Ao ofertar móveis planejados com custo mais baixo, as redes varejistas - focadas em eletrodomésticos - preenchem uma lacuna aberta pela crise econômica, que impactou diretamente players que atuam exclusivamente com projetos customizados
"Elas se tornaram mais uma opção ao consumidor", disse o diretor do Iemi - Inteligência de Mercado, Marcelo Prado. Segundo o especialista, essa iniciativa cria um terceiro estágio no mercado de consumo, que é dar acesso às classes menos favorecidas a oportunidade de ter móveis sob medida. "Essas empresas oferecem solução não tão cara e não ficam para trás no mercado de móveis planejados", explicou ele.
Atentos aos consumidores, que do ano passado para cá perderam o seu poder de compra, a Casas Bahia e o Pontofrio passaram a ofertar aos seus consumidores móveis planejados para todos os ambientes de uma casa. "Em novembro do ano passado nos lançamos o projeto em 11 lojas no Estado de São Paulo", informou ao DCI o diretor comercial de móveis da Via Varejo, André Caio.
Demanda de mercado
Atualmente, o consumidor encontra o serviço em nove lojas da bandeira Casas Bahia e duas do Pontofrio. "Por meio de pesquisas, verificamos alta demanda por esse tipo de produto. Queremos realizar o sonho do nosso consumidor, que deseja ter um móvel planejado em sua casa", disse Caio.
Conforme o executivo da Via Varejo, os móveis planejados das redes seguem o padrão do mercado ao utilizar madeiras do tipo MDF ou MDP na fabricação dos armários e demais móveis. "Temos um fornecedor especializado, que é parceiro da Via Varejo neste projeto. O consumidor que adquirir nossos planejados terá garantia de qualidade e execução de serviços, além da facilidade de pagamento, acesso ao crédito e preços acessíveis."
Outro ponto a favor das redes está em oferecer além dos móveis, outros itens. "A oferta de solução completa para o consumidor é um dos nossos diferenciais", concluiu Caio.
Desaceleração
A Casa Conceito ABC, pertencente ao Grupo Talismã, mostra resiliência perante a crise. "Não tivemos queda no fluxo de consumidores e na procura de soluções planejadas. O que eles fazem atualmente é priorizar um ambiente para fazer os móveis planejados", afirmou o gerente comercial da marca, Eduardo Fonte. O executivo explicou que os últimos cinco meses têm sido complicados em vendas. "Os dois primeiros meses do ano foram bons em vendas. De março para cá tivemos uma queda significativa nas vendas", lamentou.
Para tentar frear a desaceleração, Fonte explicou que a negociação com os fornecedores é necessária. "Eles estão concedendo mais benefícios ao consumidor. Mesmo assim vamos trabalhar com margens reduzidas este ano", disse ele.
Antecipação
Para o especialista do Iemi, houve uma antecipação da compra dessa categoria, o que levou ao arrefecimento maior do mercado este ano. "Houve uma antecipação da compra dessa categoria, o que fez com que o setor crescesse de forma muito rápida em anos anteriores. A desaceleração nas vendas começou no meio do ano passado para cá", disse Prado.
O movimento de grande demanda de consumo trouxe alguns problemas, em especial às fábricas responsáveis pelas marcas de varejo que vendiam seus insumos. "Houve uma expansão muito rápida, típica de mercados pouco explorados. Com o tempo, a concorrência cresceu tanto que só os mais estruturados se mantêm no mercado", afirmou ele.
Para Prado, quando a oferta se equilibrou com a demanda e a crise começou a sondar o mercado, muitas redes do segmento não eram financeiramente saudáveis, o que levou ao fechamento de muitas marcas. "Nunca se sabe o momento de fazer ajustes. Muitas foram pegas de surpresa".
Veículo: Jornal DCI