Crise agrava o estado de abandono do Comércio de Belém (PA)

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                                       Para muitos, camelôs hoje são um detalhe da falta de estrutura generalizada na área




Falta de segurança, muita sujeira, ruas e calçadas ocupadas por ambulantes de forma desorganizada, dificultando a passagem de carros e de pedestres. Essa é a realidade enfrentada por aqueles que precisam frequentar diariamente as ruas do Centro Comercial de Belém. Quem trabalha lá há muitos anos já viu várias propostas e projetos serem apresentados para a área. Porém, nada de concreto foi feito até o momento para solucionar os problemas provocados pela falta de ações públicas. “Está muito difícil para as pessoas andarem, fazerem compras. Precisaria de mais segurança. Tomara também que consigam resolver a situação dos camelôs, encontrar um espaço mais adequado”, declarou Suzana, proprietária de uma loja na João Alfredo, que preferiu não informar seu sobrenome.

Segundo ela, tudo isso, aliado à crise e aos ajustes fiscais impostos pelo Governo Federal, prejudica as vendas. “O movimento caiu muito. Nós estamos fazendo liquidações e, mesmo assim, não tem público para comprar”. Outro problema, de acordo com a comerciante, envolve a circulação de notas falsas no Comércio, principalmente de R$ 50 e R$ 100. Ela conta que, algumas vezes, chega a dispensar a venda alegando não ter troco por desconfiar que o dinheiro é falso. “A gente já fica com medo”.

Silvana Souza, gerente de uma loja de calçados na João Alfredo, diz que a questão dos camelôs é uma novela que nunca tem fim. “Atrapalha nosso movimento e a gente paga imposto. Pra eles, tudo é lucro”, declarou. Mas esse, na opinião dela, está longe de ser o maior problema. “É preciso melhorar as ruas, para o pessoal trafegar melhor, e botar mais segurança”, declarou. Para Nazaré Costa, gerente de outra loja na mesma rua, a falta de segurança é o principal problema. “Todos dia tem assalto. O cliente reclama muito, já vem para o comércio com medo”, afirma. Quanto à situação dos ambulantes, Nazaré se mostra mais compreensiva. “Todo mundo precisa trabalhar. O que falta é uma organização, porque já foi procurado um novo local e não deu certo”, afirmou.

Há mais de 20 anos trabalhando no Centro Comercial de Belém, Gisele Magno Monteiro, gerente de uma loja na rua Manoel Barata, conhece bem as dificuldades enfrentadas por aqueles que freqüentam a área. “As calçadas estão quebradas. Não sei quantas vezes a gente já viu pessoas caindo”, revela. O problema envolvendo os camelôs e a falta de segurança também incomodam. “Acho que tem que arrumar um espaço para eles (ambulantes), porque eles também não podem ficar sem trabalhar”, enfatizou. Funcionária da mesma loja de Gisele, Francisca Lidiane Araújo confirma a situação. “Realmente a segurança é muito ruim, principalmente dia de sábado, porque muitas lojas fecham. Além disso, é cheio de camelôs nas calçadas, então a gente tem que ir para o meio da rua. Também faltam lixeiras no comércio”, disse.

LIMPEZA

Para José Carlos Castro, gerente de uma loja na rua Treze de Maio, são dois os principais problemas do Centro Comercial de Belém atualmente: falta de segurança e falta de limpeza. “Aqui no Comércio não tem uma lixeira”. Ele ressalta, ainda, que muitas calçadas estão quebradas. “O cliente reclama que precisa vir com a tia ou com a avó, mas não consegue caminhar por aqui”, declarou. Existe, também, a questão envolvendo o remanejamento dos camelôs, que nunca foi resolvida. “A prefeitura construiu um prédio, mas eles não querem ficar lá. Isso realmente prejudica os lojistas, porque falta organização, gera sujeira, muitos fazem churrasco na rua”.

Em entrevista a O LIBERAL publicada no último domingo, o empresário Carlos Xerfan afirmou que, enquanto os ambulantes continuarem ocupando os espaços das calçadas em frente às lojas e até mesmo as ruas, em um incêndio como o que aconteceu esse mês, no Comércio, o Corpo de Bombeiros pode ter dificuldades para chegar ao foco e conter as chamas. José Carlos Castro concorda. “Algumas ruas ficam intransitáveis. Em uma situação mais grave, eles podem dificultar o acesso sim”.

POLICIAMENTO

Em nota, a Polícia Militar do Pará informou que o policiamento na área do comércio de Belém engloba as modalidades de atuação em viaturas (24h), motocicletas. policiamento a pé e em bicicletas. Cinquenta policiais militares atuam na região e ainda contam com um posto fixo na área do Ver-o-Peso. A nota informa, ainda, que nas operações de segurança, realizadas regularmente, a PM integra ações com o Comando de Missões Especiais e de Policiamento Especializado da PMPA, como a Companhia de Policiamento Turístico - Ciptur, a Guarda Municipal de Belém, Secretaria Municipal de Economia, Secretaria Municipal de Saúde, Vigilância Sanitária, Semop, Detran, Polícia Civil e outros órgãos integrados e parceiros, como o Conselho Tutelar, entre outros. A PM diz que, frequentemente, realiza operações preventivas e de fiscalização, contando inclusive com órgãos da Prefeitura de Belém e com a Polícia Civil.

“Vale destacar ainda as ações em conjunto com a comunidade local, contando com reuniões periódicas de avaliação e de comunicação dinâmica por meio de grupos de Whatsapp ativos com a comunidade de negócios e outras parcerias e os encontros presenciais que têm ainda a orientação e trabalho da Diretoria de Polícia Comunitária da PMPA”, informa a PM.


Veículo: Jornal O Liberal - PA


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