Exportação de calçado de alto valor agregado sobe em 2015

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                              Empresas estão aproveitando o impacto positivo da desvalorização do real para ampliar a presença fora do País, mas alta no preço do couro preocupa

                           



São Paulo - O aumento das exportações tem ajudado a impulsionar o desempenho das fabricantes de calçados de alto valor agregado este ano. Na contramão do setor, essas empresas têm conseguido bons resultados inclusive no mercado interno.

"As empresas que investem na construção de uma marca própria, que se diferencia da concorrência, têm sempre mais chances de terem melhor desempenho nas exportações", diz o sócio diretor da consultoria Iemi Inteligência de Mercado, Marcelo Prado.Ele explica que, ao investir na construção de marcas, essas empresas deixam de concorrer apenas pelo preço e se tornam mais competitivas tanto no mercado externo quanto no interno."Essa sempre é a orientação que passamos às empresas: é preciso investir em design, para ser diferente das demais", lembra o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein.

Esse modelo de negócio, com foco em calçados femininos de alto valor, tem feito a gaúcha Carrano ampliar em cerca de 15% o volume de vendas anual."Nosso plano é manter esse percentual de crescimento das vendas em 2015, mesmo com o mercado em recessão", conta o diretor da empresa, Humberto Carrano.

Segundo o executivo, as exportações têm ajudado a incrementar esse resultado e, atualmente, representam 50% do total comercializado pela empresa. "A maior parte do nosso crescimento hoje vem das vendas para outros países", explica.O real desvalorizado frente ao dólar, lembra ele, tem contribuído para essa alta. "Estamos com novos clientes no Japão, Rússia e Oriente Médio."

Na Jorge Bischoff, as vendas para o mercado externo também superam o ritmo de crescimento dos negócios no País. A previsão é avançar aproximadamente 22% em volume de vendas esse ano, com a exportação dobrando a participação no faturamento."No ano passado, as exportações respondiam por cerca de 12% do faturamento e esse ano deve chegar a 25% do total", estima o dono da empresa, Jorge Bischoff.

Ele revela que no primeiro semestre a participação das exportações no total faturou ficou próximo de 18%, com crescimento constante no volume de encomendas. "Essa alta vem do aumento dos pedidos de quem já é cliente e também da abertura de novos mercados", detalha ele.

Já o Grupo Paquetá, dono das marcas Capodarte, Dumond e Lilly's Closet, ainda tem na venda de produtos de alto valor a menor parte dos negócios, mas vem investindo para ganhar mais espaço no mercado internacional."A produção para terceiros continua sendo a maior parte da exportação, mas percebemos que para crescer no setor no longo prazo é preciso ter marca própria com valor agregado", destaca o gerente de comércio internacional da fabricante, Jadir Bergonsi.

A empresa não revela o desempenho das vendas esse ano, mas em 2014 o faturamento somou R$ 2,3 bilhões, alta de 10% contra um ano antes. Desse total, 15% vieram das operações no exterior.Os números divulgados pelo Grupo Paquetá incluem outras marcas do portfólio da empresa e os negócios no varejo.

Couro

De acordo com Bergonsi, o principal fator que tem impactado negativamente as exportações é o preço do couro, em alta desde o ano passado."O aumento do preço do couro tem tirado parte da competitividade que ganhamos com o real desvalorizado", pondera o executivo.

Para Jorge Bischoff, embora tenha forte influência nos custos de produção, a alta no couro é compensada pelo real mais barato frente o dólar."O preço dessa matéria-prima está muito relacionado a cotação do dólar, mas para a indústria o câmbio atua é muito mais vantajoso", ressalta.

No mercado interno, onde o câmbio não ajuda a compensar a alta do couro, as empresas continuam apostando em um número maior de lançamentos para estimular vendas."Trocar mais rápido o produto no ponto de venda, com o lançamento de um número maior de coleções é uma estratégia que vem se consolidando no nicho de sapatos premium, porque faz o giro de venda aumentar", explica Carrano.

Segundo os executivos ouvidos pelo DCI, as vendas no mercado nacional continuam crescendo esse ano, mesmo com o cenário econômico menos favorável e a concorrência mais acirrada."O que acontece em um ano mais difícil como esse é que estamos avançando sobre a concorrência e não sobre novos clientes", afirma Bischoff.



Veículo: Jornal DCI


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