Vendas do comércio registram queda pelo 4º mês consecutivo

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                                  Consumidores sem ânimo, preços salgados e crédito restrito são os principais motivos


Consumidores sem ânimo para comprar, preços salgados, crédito restrito. A combinação fez as vendas do comércio recuarem 0,4% na passagem de março para abril, o pior resultado para o mês desde 2001 (-0,5%).

Esta foi a terceira queda consecutiva das vendas do setor --taxa precedida por fevereiro (-0,4%) e março (-1%). Desde 2003 não se via uma sequência de três quedas consecutivas do índice.

Além de ruim, o desempenho frustrou economistas consultados pela Bloomberg, que esperavam crescimento de 0,7% em abril. Os especialistas falam agora em crise mais profunda nas vendas do setor ao longo do ano.

"A maioria dos setores está em queda e em ritmo mais intenso do que se imaginava. A compressão da renda das famílias e os juros altos estão pesando", disse o economista Thiago Biscuola, da RC Consultores.

Na comparação com o mesmo mês do ano passado, as vendas do comércio tiveram queda de 3,5%. É o pior resultado para o mês desde 2003 (-3,7%), quando a economia era afetada pelas incertezas do primeiro governo Lula.

8 EM CADA 10

Das dez atividades acompanhadas pelo IBGE, oito tiveram queda em abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado.

O maior impacto das vendas foi em móveis e eletrodomésticos (-16%). A segunda maior contribuição negativa veio de hiper e supermercados, com queda de 2,3%. Já os segmentos de tecidos e vestuários recuaram 7,5%.

"Isso tem a ver com o crédito, que encolheu. A retirada do incentivo de IPI, preços maiores e menor renda são os fatores que influenciam o comércio", diz Juliana Vasconcellos, gerente do IBGE.

Com os números tão negativos, o setor passou a acumular queda de 1,5% no ano. Em 12 meses, as vendas ainda têm pequena alta de 0,2% --o que deve durar pouco.

"Eu previa uma alta de 0,2% no varejo em 2015. Agora, estou prevendo uma queda de 0,6% neste ano", disse Paulo Neves, da consultoria LCA Consultores.

PIORA MUITO RÁPIDA

No banco Fator, o economista José Gonçalves disse que a velocidade com que as altas do setor se transformaram em queda impressiona. "Não existe muito paralelo histórico de uma piora nessa velocidade", disse Gonçalves.

Dos poucos destaques positivos no mês estão produtos farmacêuticos (6,2%) e equipamentos de informática (2,7%). Os produtos são ajudados por aumento de preços abaixo da inflação e queda de preços, respectivamente.

VAREJO AMPLIADO

O IBGE também calcula na pesquisa a venda do varejo ampliado, que considera alguns setores que também atendem ao atacado.

Neste caso, as vendas tiveram uma queda ainda maior em abril, de 8,5% na comparação ao mesmo mês do ano passado. E de 0,3% ante março.



Veículo: Jornal Folha de S.Paulo


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