Tributos preocupam fabricantes de calçados

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Empresários do setor procuram alternativas a possível aumento de impostos com o fim da política de desonerações

 



A tentativa do governo federal de aumentar a tributação sobre a folha de pagamento de 56 setores antes beneficiados com a desoneração, repercute mal no setor calçadista, reunido nesta semana em Gramado para o 24º Salão Internacional do Couro e do Calçado (SICC). Parte das medidas de ajuste fiscal, o projeto de lei elevaria o tributo dos atuais 1% para 2,5% sobre o faturamento das empresas do segmento, que buscam alternativas políticas e internas para diminuir o impacto da proposta.

Ontem, o presidente executivo da Abicalçados, Heitor Klein, deixou o evento rumo a Brasília para o que classificou como "reuniões exploratórias" junto ao Congresso. O objetivo, segundo o dirigente, foi discutir contrapropostas, que não quis revelar. "Estamos tentando encontrar uma fórmula para que não seja tão pesado ao setor, que receberia um aumento de 150% na tributação em uma pancada só", afirmou Klein.

O período da medida, que deve ser votado no mês que vem pela Câmara, também é criticado por se somar aos aumentos de custos com energia e transportes, além de não estar previsto nos orçamentos das empresas. "Aumentar a tributação, agora, é suicídio", afirma Astor Ranft, diretor comercial da Pegada, que prevê um aumento de preço de 2% nos produtos caso a medida entre em vigor.

Já Eduardo Smaniotto, diretor comercial do Grupo Priority, responsável pelas marcas West Coast e Cravo e Canela, afirma que, após os ajustes dos últimos meses, necessários para adequar os preços à nova capacidade de consumo, não existiria mais espaço para mexer em preço. "Afetará direto na rentabilidade, e já estamos desde o ano passado investindo em melhoria da produtividade para conseguir equilibrar essa equação."

Agora possível vilã, a desoneração da folha de pagamento chegou ao setor de couro e calçados ainda na primeira onda de segmentos contemplados, em 2011. Desde lá, outros 55 setores também seriam beneficiados pela substituição dos normais 20% sobre a folha de pagamento por alíquotas que variam entre 1% e 2% do faturamento. "A desoneração foi a melhor coisa que o governo Dilma fez, pois segurou os preços e favoreceu os setores que mais geram empregos", contextualiza Ranft, que espera, também, que o aumento seja feito de maneira escalonada.

"As fábricas já têm pronto o planejamento para o ano todo. É como mudar as regras no meio do jogo", agrega o diretor administrativo do Grupo Ramarim, Jakson Wirth, para quem a devolução da então Medida Provisória 669, primeira tentativa do governo de emplacar as mudanças, é um sinal de que o Congresso entende a situação da indústria. "É uma tentativa de repassar a ineficiência do governo para o setor privado", dispara Smaniotto.

Além das mudanças na desoneração, outras medidas, como o possível fim do crédito presumido de ICMS concedido aos calçadistas pelo governo gaúcho, também somam-se ao cenário de incertezas. "Já discutimos com a Secretaria da Fazenda, e estamos no aguardo da resposta", conta Klein, sobre a medida que, com alíquotas diferentes, vem sendo renovada desde a sua criação, em fevereiro de 2013.



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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