Dúvida quanto a emprego trava consumo de famílias, aponta a CNC

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A insegurança das famílias em relação ao mercado de trabalho é um dos principais entraves ao consumo nos próximos meses, afirmou nesta quinta-feira (19) a economista Juliana Serapio, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Inflação elevada e a alta de juros também contribuem para a maior cautela dos consumidores. Os bens duráveis são os principais cortes do orçamento: quase metade das famílias acha que é um mau momento para adquirir esse tipo de produto.

Em março, o indicador que mede a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) caiu 6,1% ante fevereiro, ao menor nível da série iniciada em janeiro de 2010. "A inflação de transportes acelerou muito em fevereiro, principalmente gasolina e diesel. A alta do dólar também contribui, pois acaba sendo repassada a alguns produtos como o trigo, um produto bastante básico e provoca aumentos nos pães", comentou Juliana.

Mas o fator principal, segundo a especialista, é a desaceleração do mercado de trabalho. Na quarta-feira, 18, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) anunciou que 2,4 mil postos formais foram fechados em fevereiro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Foi o terceiro mês seguido de demissões. Já a taxa de desemprego medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nas seis principais regiões metropolitanas ficou em 5,3% em janeiro, contra 4,8% em igual mês de 2014.

"As famílias estão ficando mais inseguras em relação à renda futura e o emprego", afirmou Juliana. Segundo a economista, a desaceleração do mercado de trabalho gera essa incerteza e explica a cautela das famílias na hora das compras. "Elas tendem a evitar o consumo de itens desnecessários por conta do orçamento mais apertado e dos juros mais altos."

A ICF de março mostra que os bens duráveis devem ser os mais afetados pela decisão dos consumidores. Ao todo, 49,7% das famílias dizem que é um mau momento para adquirir esse tipo de produto. Segundo a CNC, a taxa média de juros das operações de crédito com recursos livres para pessoas físicas, de 52,62% ao ano em janeiro (o maior patamar da série do Banco Central) é um grande inibidor desse tipo de gasto.

"Até então, com as perspectivas nada animadoras, não vejo reversão desse quadro. Há todo um conjunto de fatores contribuindo (para a baixa intenção de consumo). É difícil um fator isolado proporcionar uma melhora", afirmou Juliana.

Diante das sinalizações das famílias, o quadro não é nada alentador para o comércio. "O setor, que era um propulsor do crescimento, está bastante baqueado", disse a economista da CNC. Recentemente, a entidade revisou a previsão de aumento no volume de vendas do varejo restrito (sem veículos e material de construção) para 1% este ano. Se confirmado, o resultado será o pior desde 2003 (-3,7%).



Veículo: Diário de Pernambuco


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