Exportações gaúchas abrem o ano em queda

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Resultados divulgados pela Fiergs mostram redução de 10,5% nas vendas externas do Rio Grande do Sul em janeiro

 



O ano começa com queda nas exportações do Rio Grande do Sul. As vendas externas em janeiro somaram US$ 966,6 milhões, o que representa uma diminuição de 10,5% em relação ao mesmo período de 2014, revela a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), ao divulgar os resultados nesta quinta-feira.

A redução foi puxada, especialmente, pelo desempenho ruim da indústria, que totalizou US$ 853 milhões no período, uma perda de 18,5%, o menor valor em nível para o mês desde 2010. Apenas um segmento industrial, entre 24, teve alta: tabaco, com 16,5%. Dezoito subcategorias registraram perdas, enquanto cinco tiveram estabilidade. “Mesmo considerando o dia útil a menos no último janeiro (21 contra 22 em 2014), a variação pela média diária ainda é bastante negativa: -14,6%, o que reflete as condições desfavoráveis para os exportadores. A expectativa é de que a desvalorização cambial ajude a atenuar, nos próximos meses, a tendência de queda no volume exportado”, alerta o presidente da Fiergs, Heitor José Müller.

As principais influências negativas no Rio Grande do Sul vieram de coque e derivados de petróleo (-96,6%), máquinas e equipamentos (-28,9%), produtos químicos (-21,5%) e produtos alimentícios (-10%). Destaca-se também que 16 subsegmentos venderam menos, em comparação com o resto do Brasil nesse período. No caminho inverso, as vendas de produtos básicos (commodities) do Estado apresentaram forte elevação, 368,2%, somando US$ 103 milhões, em decorrência do aumento dos embarques de trigo.

A Argentina, mesmo reduzindo em 27,8% suas compras, foi o principal parceiro comercial do Rio Grande do Sul, adquirindo US$ 78,4 milhões no mês passado, tendo no polietileno o produto mais buscado. Quem também cortou drasticamente suas importações gaúchas foram os Estados Unidos, 18,3%. Mesmo assim, com um total de US$ 76 milhões, manteve-se como o segundo destino das exportações do Estado. Já a Holanda ficou com a terceira colocação, US$ 64,4 milhões, ao aumentar 48,8%, especialmente farelo de soja.

Ainda em janeiro, as importações totais no Rio Grande do Sul sofreram uma queda de 3,3%, somando US$ 707 milhões. Mas as compras de combustíveis e lubrificantes aumentaram em 8.700%, em decorrência das maiores compras de petróleo bruto, incentivadas pela baixa cotação no mercado internacional. Por outro lado, os bens intermediários e bens de capital sofreram quedas de 6,8% e 16,9%, respectivamente.
Atividade econômica no Brasil recuou 0,15% em 2014

No ano em que se esperava uma ajuda extra da Copa do Mundo para estimular a atividade doméstica, a economia brasileira teve retração de 0,15%, informou, nesta quinta-feira, o Banco Central.

O resultado negativo de 2014 foi o segundo registro desde 2003, início do governo do PT e também da série histórica. O recuo anual anterior, de 1,25%, havia ocorrido em 2009, e teve como estopim a quebra do banco americano Lehman Brothers, que deflagrou a crise financeira externa que ainda deixa rastros pelo mundo.

O resultado negativo apurado pelo Índice de Atividade do BC (IBC-Br) ao longo do ano passado é uma sinalização de que o indicador oficial sobre as somas das riquezas produzidas no País, o Produto Interno Bruto (PIB), virá ruim em 2014. O IBGE divulgará o PIB em 27 de março.

Em dezembro de 2014, o IBC-Br registrou queda de 0,55% na comparação com novembro. O dado já leva em conta o ajuste sazonal, ou seja, fatores que influenciam mais um mês do que outro, como o número de dias úteis por conta de feriados, por exemplo. Na comparação com dezembro de 2013, ainda foi visto um último suspiro no ano passado, já que houve uma alta de 0,65%.

Pelos dados do BC, também pode se verificar que os últimos três meses de 2014 tiveram uma queda de 0,15% em relação ao terceiro trimestre do ano (dado dessazonalizado) e de 2,39% na série sem ajuste. No confronto com o quarto trimestre de 2013, o tombo foi de 0,63%.

Não bastasse a constatação de que a atividade caminhou sem direção em 2014, as projeções para este ano não estão nada boas. Pesquisa semanal feita pelo BC com agentes econômicos aponta que 2015 será um ano de estagnação, mas já há consenso de que as revisões feitas ultimamente pelas instituições financeiras por causa de possível racionamento de água e luz ainda não foram captadas pela pesquisa. Ou seja, nas próximas semanas, o Relatório de Mercado Focus deverá trazer previsões de nova queda do PIB.

As perspectivas para este ano são pouco favoráveis, porque, além dessa preocupação com a possível falta de insumos básicos para o setor produtivo, o País passa por um momento de aperto monetário, com alta de juros e consequente restrição do crédito. Além disso, o governo federal já anunciou o aumento de uma série de impostos, que, no fim das contas, tira o poder de compra da população e reduz a demanda por produtos e serviços.

Índice aponta desemprego em alta e desaceleração dos salários

O mercado de trabalho deve continuar piorando nos próximos meses. Depois de atingir mínimos históricos em 2014, a taxa de desemprego voltará a subir, embora não chegue a dois dígitos, e os salários vão crescer em ritmo menor. A percepção de que o quadro já está se deteriorando é compartilhada por empresários e consumidores.

A Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) subiu 4,8% em janeiro, em um movimento disseminado entre todas as faixas de renda. Quando este indicador sobe, é um indício de que a percepção das famílias sobre o mercado de trabalho piorou.

O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) recuou 2,4% no mês passado. Por captar a visão dos empresários e antecipar tendências, uma queda no índice pode ser interpretado como pessimismo e sinal de pouca geração de vagas ou até mesmo demissões.
Na América Latina, só Venezuela tem clima econômico pior do que o Brasil, afirma FGV

As constantes revisões pessimistas em relação ao desempenho da economia brasileira em 2015 e os efeitos que estão por vir das medidas implementadas pela nova equipe econômica para melhorar o quadro fiscal do País deixaram analistas em compasso de espera neste início de ano. Com isso, o Índice de Clima Econômico (ICE) brasileiro ficou estável em 57 pontos no trimestre encerrado em janeiro, informou na quinta-feira, a Fundação Getulio Vargas (FGV).

O nível é considerado baixo e sequer está na zona favorável, acima dos 100 pontos. Das 11 economias da América Latina que integram a sondagem, apurada em parceria com o instituto alemão IFO, o clima econômico no Brasil é o segundo pior, à frente apenas da Venezuela, que há tempos está empacada no patamar mínimo da pesquisa. “A gente esperava que melhorasse um pouco (por conta das medidas), mas não foi o que aconteceu”, afirmou a economista Lia Valls, pesquisadora da FGV.

Desde a posse da nova equipe econômica, o governo já anunciou inúmeras mudanças, entre elas, o endurecimento das regras do seguro-desemprego e aumentos de impostos, com o objetivo de elevar a arrecadação. “As pessoas esperam não só o anúncio, mas a execução da medida”, comentou Lia.

Mas uma recuperação mais vigorosa do ICE pode levar tempo. Desde o segundo semestre de 2013, o indicador do País está na zona desfavorável. “É difícil saber (quando haverá recuperação). Nenhuma sondagem tem mostrado muita melhora. Cada vez mais, se está revendo o crescimento para baixo”, afirmou a economista.

Ainda que esperem os efeitos práticos das medidas, os analistas interpretam as ações como positivas. Porém, as possíveis consequências da Operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras, sobre os investimentos e a economia podem tê-los deixado mais cautelosos, frisou Lia.

Enquanto o indicador de clima econômico brasileiro ficou estável, o ICE da América Latina piorou 6,3%, para 75 pontos. A deterioração foi influenciada por quedas nas avaliações sobre o México - país de maior peso na pesquisa devido à sua importância no comércio mundial -, Bolívia, Colômbia e Equador. Questões políticas e a queda do preço do petróleo podem ter influenciado as avaliações, segundo a FGV.

Outros cinco apresentaram melhora no clima econômico: Argentina, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai. No caso argentino, diz Lia, os recentes acordos firmados com a China, incluindo um empréstimo que vai ajudar a recompor as reservas argentinas, melhoraram o ambiente de negócios.

Em nível mundial, o ICE avançou 1% e alcançou 106 pontos no trimestre até janeiro. Segundo a FGV, houve influência da melhora nos indicadores dos EUA e da União Europeia, apesar da piora nas avaliações sobre a China.



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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