Compras: Cuidado com as tentações

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Chega a época das promoções e especialistas em defesa do consumidor alertam que é hora de ter cautela. Além de verificar se o preço está mesmo baixo, é preciso controlar os desejos

 



O fraco desempenho do comércio no Natal fez as promoções do varejo baterem à porta do consumidor com descontos e preços tentadores, mas é preciso cautela na hora da compra. Além de uma parcela dos produtos colocados em oferta ser queima de estoque e até mesmo peças de mostruário, o comprador tem que atentar para falsas promoções e evitar compras por impulso para não comprometer o orçamento familiar.

A dica é adquirir somente itens necessários por preços justos e que correspondam à oferta ou à publicidade anunciada, segundo a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (ProTeste). Os anúncios chegam a apontar produtos com desconto de até 70%, mas é preciso ver se o abatimento não é sobre preços inflados, recomenda a entidade. Fazer uma lista dos itens que vai comprar ajuda a evitar gastos por impulso. Comparar os preços para avaliar se as ofertas realmente valem a pena também é uma boa pedida. “Na vitrine, tudo induz a acreditar em produtos e preços ótimos, mas ao entrar na loja, o consumidor verifica que não é bem assim”, ressalta Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste.

Apesar de ser adepta das liquidações, a corretora de imóveis Agda de Fátima Campos disse que não costuma comprar por impulso e fica de olho se vale a pena. “Às vezes os produtos já estão no fim e eu não acho o que estou procurando, mas se a pessoa não for muito econômica, acaba levando algo parecido e muitas vezes sem precisar”, disse. Para não correr esse risco e cair em tentação, a corretora sempre se pergunta: “Eu preciso disso realmente?”, conta.

Segundo especialistas, a consumidora está no caminho certo: a regra é evitar o rompante nas compras e priorizar a saúde financeira, especialmente neste início de ano, quando acumulam várias despesas extras, como IPVA, IPTU, material escolar para os filhos, seguro obrigatório do veículo, dentre outras. “Grandes liquidações são boas apenas quando as pessoas sabem o que querem e estão acompanhando o preço dos itens no mercado. Avaliar se é o momento de comprar é primordial, pois o dinheiro pode ser usado de outra forma”, destaca Dolci. A coordenadora lembra ainda que o consumidor não pode entrar em novas dívidas, devendo optar pelo pagamento à vista. “Se for parcelar a compra, é importante que seja no menor número de parcelas possíveis para que esses gastos não se arrastem por muitos meses”, explica.

TROCAS A política de troca é outro fator que deve ser verificado em temporadas de liquidações. Geralmente, itens de vestuário em promoções são mais difíceis de serem trocados, a não ser por algum defeito apresentado. “Tenha cuidado redobrado com o estado das mercadorias, principalmente aquelas em exposição. Lembre-se de que não poderá trocá-la, por isso, confira se não há defeitos que comprometam a utilização. No caso de produtos com pequenos defeitos – roupas com manchas, descosturadas ou eletrodomésticos com partes amassadas, ou ainda, móveis de mostruário – o consumidor deve exigir que a loja coloque na nota fiscal os problemas apresentados, detalhando-os”, salienta. Os prazos para reclamar desses defeitos são de 30 dias para produtos não duráveis e 90 dias para produtos duráveis.

A Serasa, órgão que detém dados dos endividados no país, alerta ainda para o cuidado ao usar o cartão de crédito. “Ele dá a falsa sensação de que não se está gastando. Verifique na fatura o valor total das compras antigas antes de fazer uma nova dívida com ele”, disse o superintendente Júlio Leandro. Se proteger contra golpes também é uma das recomendações. “O consumidor precisa estar seguro ao comprar um produto que será entregue posteriormente para não ser tornar vítima de fraudes, como receber algo inferior no lugar do que foi comprado ou, pior, ficar sem nenhuma mercadoria”, alerta Júlio.

Descontos de até 80%

No comércio de Belo Horizonte, a temporada dos saldões foi aberta dias depois do Natal prometendo descontos de até 80%, com a possibilidade de parcelar o pagamento em várias vezes devido ao crescente endividamento do consumidor, que está com a renda cada vez mais comprometida. A corrida dos lojistas para se livrar do encalhe vai de eletrodomésticos a roupas.

Nos shoppings de BH, grande parte dos lojistas já deu inicio às liquidações e o consumidor encontra preços atrativos. A rede Multiplan, que administra os malls BH Shopping, DiamondMall e Pátio Savassi começa seu tradicional saldão até fevereiro. Já nos shoppings Del Rey e Estação BH, administrados pela BRMalls, o saldão começa até o 1º trimestre, antes da entrada de novas coleções.

Segundo a Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop), as promoções podem chegar até 70% de desconto no setor de vestuário e eletroeletrônico com a finalidade das lojas se desfazerem do estoque e abrir espaço para novos produtos. Para Nabil Sahyoun, presidente da associação, “as grandes promoções começaram logo após o Natal com descontos de 30% e 40% e alguns itens com descontos chegando até 70% e à medida que os estoques forem reduzindo, as ofertas serão mais vantajosas para o público consumidor”.

O resultado negativo para o comércio brasileiro na melhor data para o varejo foi o pior em 11 anos, justificado pelos juros altos do crediário, inflação elevada e o baixo grau de confiança dos consumidores brasileiros. O ano virou, mas a realidade do consumidor brasileiro ainda não é nova. A queima de estoques dos lojistas, que é tradicional nos meses de janeiro, é uma nova tentativa para o varejo recuperar a complicada situação. Pesquisa feita pelo Programa de Administração do Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA), revela que as liquidações deste início de ano devem atrair mais interesse do consumidor em fazer compras do que nos três últimos meses de 2014. Mesmo com o crescimento do interesse, o levantamento revela um comportamento mais cauteloso do brasileiro neste ano.

DICAS
>> Não compre por impulso só porque é barato, pois a mercadoria pode não ter utilidade
>> Faça pesquisa de preços em vários estabelecimentos para verificar se não se trata de “falsa liquidação”
>> Não tenha pressa. Avalie com cuidado os produtos
>> Veja se compensam as promoções do tipo “pegue dois, leve três”, ou que deem brindes, descontos em segunda compra, sorteio de prêmios, etc
>> Anúncios em jornais, rádios ou tevês podem auxiliar numa eventual reclamação contra a empresa, casa não haja o cumprimento da oferta
>> Tenha cuidado redobrado com o estado das mercadorias, principalmente aquelas em exposição
>> Lembre-se de que não poderá trocá-la, por isso, confira se não há defeitos que comprometam a utilização



Veículo: Estado de Minas


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