Têxtil deve fechar ano no vermelho

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Importações chinesas, população endividada e Copa influenciaram nos resultados do setor

 



As importações chinesas, a realização da Copa do Mundo, as eleições e o maior endividamento da população prejudicaram o setor de vestuário de Minas Gerais ao longo deste ano. De acordo com o Sindicato da Indústria do Vestuário no Estado de Minas Gerais (Sindivest-MG), o segmento deve encerrar 2014 com queda de 10% no faturamento. O cenário desfavorável também contribuiu para o fechamento de aproximadamente 500 empresas e eliminação de 20 mil empregos diretos em Minas Gerais.

De acordo com o presidente do Sindivest-MG, Michel Aburachid, este foi um ano desfavorável para a indústria. "Registramos um pequeno crescimento em setembro frente a agosto, 2%, que já era esperado pela demanda maior do último trimestre, que é impulsionada pelo Natal e pelo pagamento do 13º salário. Este crescimento deve se repetir em outubro, mas, mesmo assim, não vamos recuperar as perdas acumuladas ao longo do ano, quando chegamos a registrar queda de 40% no faturamento em junho e julho devido à realização da Copa do Mundo", explica.

Ainda segundo Aburachid, além da Copa do Mundo, o clima de incerteza em relação aos rumos da economia do país e ao próximo governo, aliado ao maior endividamento e ao receio dos consumidores em assumirem novas dívidas, também contribuíu para o fraco desempenho da indústria.

Outro gargalo enfrentado continua sendo a alta carga tributária. A expectativa de Aburachid é que o governo federal, ao longo dos próximos quatro anos, cumpra as promessas feitas durante a campanha eleitoral, promovendo a revisão dos tributos, controle da inflação e dos juros.


Recuperação -
"O governo precisa revisar a carga tributária do setor e acreditamos que será feito, pois já está na pauta e vem sendo estudado. Se não ocorrer, a crise nas indústrias de vestuário se agravará, levando mais unidades ao fechamento. O apoio do governo é fundamental para a recuperação do setor, que enfrenta outros gargalos, como o alto custo com a mão de obra, a concorrência desleal com os produtos chineses e a falta de linha de crédito voltadas para a aquisição de equipamentos importados, por exemplo", diz.

Segundo o Sindivest, em 2013, Minas Gerais contava com 6 mil indústrias de vestuário, que eram responsáveis pela geração direta de 180 mil empregos. Este ano, o número de empresas caiu para 5,5 mil, impactando na geração de empregos que foram reduzidos a 160 mil vagas.

Mesmo com as medidas já adotadas pelo governo federal para inibir as importações de vestuário provenientes da China, como a tributação de 35% cobrada sobre os valores dos itens e a maior fiscalização, a concorrência com os produtos asiáticos continuam prejudicando o setor.

"O governo já adotou todas as medidas possíveis, respeitando as regras internacionais, para controlar o ingresso de produtos chineses no mercado brasileiro. Porém, o custo de produção no país asiático é mais baixo que no Brasil e mesmo taxados, os itens importados ainda chegam ao mercado com maior competitividade. Por isso, a revisão da carga tributária é necessária", enfatiza.

Apesar dos gargalos enfrentados, as expectativas para 2015 são mais favoráveis. De acordo com Aburachid, os resultados do Minas Trend Preview superaram as expectativas e podem ser usados como um termômetro para balizar o mercado no próximo ano.

"Durante o evento, as negociações da coleção de inverno cresceram 30% frente à edição anterior. Isso significa faturamento maior para o setor. As demais feiras do segmento também estão com resultados positivos, por isso, acreditamos que 2015 será um ano melhor para a indústria", observa.




Veículo: Diário do Comércio - MG


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