O peso dos gastos com alimentos

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Vanessa Ali teve uma surpresa quando levou seu namorado Kevin Tomas para comprar alimentos pela primeira vez. Ele deu uma olhada nos preços e disse a ela para colocar tudo de volta nas prateleiras. "Acho que ele não tinha ideia dos preços dos alimentos", diz Vanessa, 29, gerente de comunicações do BMO Financial Group de Toronto. Ela voltou ao supermercado no dia seguinte e encheu um carrinho com as mesmas coisas que havia pegado anteriormente - só que dessa vez sem Kevin.

Para algumas famílias, os gastos com supermercado ou restaurantes podem ser uma preocupação menor. Mas especialistas afirmam que frequentemente os gastos com alimentos viram assunto delicado. "Pesquisas mostram que o cérebro percebe os alimentos e o dinheiro como quase a mesma coisa", diz Deborah Price, fundadora do Money Coaching Institute de Novato, Califórnia, e autora do livro "The Heart of Money".

Geralmente, os argumentos em relação aos gastos com alimentos envolvem mais que simplesmente o preço do leite, do pão ou da couve orgânica. "Eles sempre envolvem questões ocultas como segurança, saúde ou medos emocionais", diz Deborah Price.

Certamente, em um momento econômico desafiador para a classe média, os alimentos podem representar uma parte significativa do orçamento doméstico. O custo de uma refeição em um restaurante pode muito bem dar motivo para uma discussão acalorada sobre o orçamento.

No entanto, o gasto médio das famílias americanas com refeições fora de casa foi de US$ 2.625 no decorrer de 2013, segundo a Pesquisa dos Gastos do Consumidor feita pelo Bureau of Labor Statistics (BLS). Isso representa apenas 5% das despesas totais - e não chega perto do que as pessoas gastam para encher suas geladeiras.

Enquanto isso, com as compras diárias no supermercado - o início de muitas discussões sobre o orçamento - uma família urbana de quatro pessoas pode gastar US$ 800 por mês, ou US$ 1.000 se ela tiver uma queda por alimentos orgânicos, estima Deborah Price. De fato, os gastos da família americana média com alimentos em casa foram reduzidos para quase 8% do orçamento total, segundo dado do BLS. "Isso é muito dinheiro", diz Deborah.

Um estudo da consultoria AlixPartners de Nova York constatou que os "superconsumidores" preocupados com a saúde - cerca de 26% da população e geralmente mulheres - gastaram quatro vezes isso com frutas e vegetais frescos em comparação à média dos consumidores.

E outro estudo do "British Medical Journal" estima que os custos da alimentação saudável equivalem a um adicional de US$ 550 por ano em relação à padrão. Com a preponderância das dietas que exigem ingredientes especiais - da vegana à totalmente orgânica e da livre de glúten à paleo -, o custo das refeições pode aumentar. "Às vezes os casais têm pontos de vista muito diferentes sobre a alimentação", diz Richard Vitaro, um diretor da AlixPartners e coautor do estudo. "Talvez uma pessoa valorize isso um pouco mais e queira um produto de qualidade superior, enquanto a outra pensa mais na economia."

"Também pode haver mudanças durante o relacionamento", observa Vitaro. "Eles podem começar tendo pontos de vista parecidos, mas então um dos cônjuges decide partir para uma alimentação mais saudável", continua ele.

Deborah Price lembra que um cliente cujo pai que sofreu com a Grande Depressão só comprava alimentos com descontos (por eles estarem com as embalagens danificadas), e carne em estado de quase putrefação, também por causa dos preços menores.

Esse cliente mais tarde passou a "se concentrar demais" nos alimentos, almejando somente o melhor e os produtos mais frescos, para compensar aquelas lembranças perturbadoras da infância, gastando muito dinheiro no processo.

Uma solução palatável para os conflitos envolvendo a compra de alimentos pode ser um compromisso negociado. Em vez de gastar US$ 100 por mês somente com mel orgânico, conforme costumava fazer outro cliente de Deborah Price, tente encontrar um meio-termo razoável.

Se seu orçamento familiar para a alimentação é de US$ 800 e sua esposa obcecada com alimentos orgânicos prevê US$ 1.000, pelo menos tente chegar nos US$ 900.

O planejamento antecipado e a comparação de preços pode ajudar. Compre o essencial em grandes redes de descontos como Costco e Target, diz Deborah Price. Isso ajudará a reduzir a conta total e dará a você espaço de manobra para comprar produtos frescos conforme necessário.

Quanto a Vanessa Ali, os gastos de sua família com o supermercado é de cerca de US$ 550 por mês - incluindo uma saudável quantidade de frutas, legumes e peixes frescos -, mas sem contar os gastos com restaurante três vezes por semana.

Ela admite que seu parceiro "pode ter um pouco de razão" sobre o orçamento generoso da família para a alimentação, mas isso não os impede de brigar por causa das contas. "Meu Deus, não quero nem pensar nos números", diz ela. "Acho que estou querendo fugir da realidade."



Veículo: Valor Econômico


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