Via Varejo, que reúne as redes Casas Bahia e Ponto Frio, e a seguradora suíça Zurich estão fazendo uma aposta robusta, de R$ 850 milhões, no mercado de garantia estendida, um tipo de apólice que amplia a garantia contra defeitos dada pelo fabricante de bens de consumo final.

Este mercado movimentou R$ 2,8 bilhões em 2013 e pode atingir R$ 3,2 bilhões este ano. Com o contrato sacramentado ontem com a Via Varejo, a Zurich, que tinha até agora 5% das vendas de garantia estendida do país, vai abocanhar 45%, tirando a liderança da Garantec, do banco Itaú, que há dez anos era a parceira da maior varejista de eletrodomésticos e móveis do país.

"Buscamos sempre novas soluções e optamos por buscar um parceiro especializado com experiência internacional", disse ao Valor Líbano Barroso, presidente da Via Varejo, que há 30 dias recebeu R$ 150 milhões da Zurich e daqui uma semana deve receber mais R$ 700 milhões.

Os valores repassados à varejista se referem à antecipação de comissões que seriam pagas com a venda do seguro. Os vendedores da Casas Bahia e do Ponto Frio é que vão oferecer o produto financeiro ao consumidor.

A Via Varejo vai usar pouco mais de R$ 584 milhões, do total recebido, para pagar uma indenização à Itau Seguros, por rescisão antecipada de contrato. Os R$ 266 milhões restantes irão para o caixa da Via Varejo e serão usados para "capital de giro e investimentos", informou Barroso.

O CEO da Zurich no Brasil, Antonio Cassio dos Santos, observou que o investimento de R$ 850 milhões está sendo feito pela matriz, na Suíça, e equivale, em importância estratégica, à compra da seguradora do Santander que a Zurich fez no Brasil em 2011. "Mas daquela vez os recursos foram para a Espanha. Desta vez, o investimento direto está sendo feito no Brasil", disse. A Zurich será a única seguradora a poder vender garantia estendida nas lojas da Via Varejo por até oito anos.

"Estamos fazendo uma aliança estratégica com a Via Varejo, que é o maior canal de vendas de garantia estendida da América Latina e um dos cinco maiores do mundo", disse Santos. O mercado latino-americano desse tipo de seguro é estimado em US$ 1,3 bilhão e o Brasil representa 80% disso.

Estima-se que a Via Varejo venda, por ano, entre 13 a 15 milhões de apólices de garantia estendida. Este tipo de seguro já foi alvo de muitas reclamações por parte de consumidores e em 2013 o Conselho Nacional de Seguros Privados fixou novas regras. Determinou quais apólices podem ser vendidas no varejo e reforçou direitos do consumidor. A regulação veio após o Ministério Público ter proibido a venda em alguns Estados. No varejo, segundo milhares de reclamações, praticava-se a venda casada - o vendedor oferecia um desconto atraente na compra do produto, mas o cliente deveria contratar uma apólice de garantia estendida para ter o preço especial. "A nova regulamentação nos deu segurança para investir nesta modalidade de seguro", disse Santos.



Veículo: Valor Econômico