Mercado em expansão para café em cápsula

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Segmento, que responde por 0,6% do consumo do produto no país, deve crescer entre 20% e 30% em dez anos


O consumo de cafés especiais no país e no mundo está em alta e a tendência é que o mercado brasileiro para os grãos de alta qualidade cresça 25% nos próximos 10 anos. O aumento das cafeterias e das butiques de café são fatores que vêm estimulando o consumo dos grãos diferenciados. Outra tendência é o consumo deste produto especial nos lares, o que vem aquecendo as vendas de café em cápsula. Esse tipo de café, além de preservar o sabor e o aroma do produto é de fácil preparo. Atualmente, o mercado das cápsulas responde por apenas 0,6% do café consumido no país, mas a expectativa é representar entre 20% e 30% em dez anos.

O assunto foi debatido durante a Semana Internacional do Café (SIC), que terminou ontem no Expominas, em Belo Horizonte. De acordo com o professor do Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras (Ufla) e consultor em marketing no agronegócio, Paulo Henrique Leme, o brasileiro está aprendendo a consumir grãos especiais.

"O mercado de cafés especiais tem um potencial muito grande no país, a estimativa é que até 2024 a demanda cresça 25%, o que é muito significativo. Isso vem acontecendo devido à produção de alta qualidade de café no país e aos investimentos das indústrias que estão sempre pensando em inovações e na produção de máquinas domésticas. No que se refere ao consumidor, as máquinas de café para o uso no lar têm se tornado uma aspiração tanto dos clientes de classe média como das classes A e B. Eles estão em busca de cafeteiras, principalmente as que utilizam cápsulas ou monodoses, como uma forma de diferenciação do consumo de café em casa", disse Leme.

Mesmo com a demanda aquecida, a participação dos cafés comercializados em cápsulas ainda é muito pequena no país, mas a tendência é que este mercado cresça significativamente nos próximos anos. No mundo, o crescimento do consumo de café em cápsulas está em torno de 25% ao ano. As vendas estão mais concentradas nos países europeus, nos Estados Unidos e Japão. O crescimento menor nos países emergentes se deve à necessidade de comprar a máquina e as cápsulas, o que ainda é considerado um mercado de luxo e não acessível a boa parte da população.

"A tendência dos mercados emergentes, principalmente do Brasil, que já é grande consumidor de café, é que a população compre cada vez mais máquinas domésticas. Aqui, o mercado de cápsulas representa apenas 0,6% do consumo de café, mas a tendência é de que nos próximos dez anos ele represente entre 20% e 30% do mercado de consumidor de café.  um crescimento absurdo e, por isso, empresas como a Nespresso, Nestlé, entre outras, estão focando muito investimentos nessa área".


Avanço - Ainda que pouco significativo, o mercado de cápsulas no Brasil já vem apresentando crescimento. Em 2008, esse nicho era responsável pela movimentação anual de R$ 20 milhões, montante que encerrou 2013 em R$ 204 milhões.

"O consumo de café no Brasil representa R$ 7 bilhões ao ano.  um mercado grande, onde as cápsulas ainda são uma pequena fatia, mas como se tem agregação grande de valor e alta rentabilidade, o interesse em ampliar o acesso a esses produtos também é crescente. Uma das principais contribuições para o avanço do mercado das monodoses foi a quebra da patente da Nespresso, que aconteceu em 2013. Este fator promoveu a ampliação de marcas no mercado, sendo também fundamental para se ter preços mais acessíveis para o consumidor", disse.

Em relação aos cafeicultores, a orientação de Leme é que eles continuem a investir na produção de cafés especiais, mas é fundamental que também se invista em canais de vendas. "O produtor precisa continuar investindo em qualidade, com muita parcimônia e sabendo para qual mercado vender. Se não desenvolver o canal de venda, pode ter prejuízo e acabar perdendo os investimentos", orienta o especialista.

Segundo ele, para despertar o interesse dos consumidores, para que eles comprem as máquinas e as cápsulas de café, é necessário que toda a cadeia cafeeira se mobilize. " preciso investir na qualidade e na rastreabilidade do grão. Os consumidores valorizam quando, nas cafeterias ou nas boutiques de café, são informados sobre a origem, a forma correta de se consumir o produto e sobre a possibilidade de levar este café para ser preparado em casa.  um investimento que certamente terá retorno".

Portuguesa Kaffa "de olho" em Minas Gerais

O mercado promissor dos cafés especiais comercializados em cápsulas tem atraído investimentos para o país. A Kaffa, empresa portuguesa que atua no mercado desde 1960, investiu R$ 3 milhões na instalação de uma fábrica em Ribeirão Preto, São Paulo. O objetivo é a atender diretamente aos produtores, principalmente de Minas Gerais, que queiram entrar para o segmento de monodoses.

De acordo com o presidente da Kaffa, Oscar Galvão, as expectativas em relação ao mercado são positivas. "Além de o Brasil ser um grande produtor e consumidor de cafés de qualidade, a população está procurando alternativas práticas para ter um café de qualidade e elaborado de maneira simples em casa e as doses em cápsulas atendem bem esta demanda. Por isso, resolvemos investir no país, e acreditamos que os produtores de Minas Gerais responderão por uma parcela significativa dos nossos clientes, já que esta é uma forma rentável de agregar valor ao café", disse.

Ainda segundo Galvão, a empresa disponibiliza para o cafeicultor, de forma simples e com custos acessíveis, a possibilidade de ingressar no mercado de cápsulas. "Encapsulamos uma quantidade mínima de 2 sacas de 60 quilos. O produtor envia para nossa fábrica o volume torrado e em grãos e nós encapsulamos o café e entregamos com a marca escolhida pelo cafeicultor. O cliente, além das cápsulas, também pode encomendar cafeteiras para comercializar com o mercado final, usando a marca própria".

As cápsulas produzidas pela Kaffa são compatíveis com as máquinas da Nespresso. O custo de cada cápsula cheia é de R$ 0,60 e com uma saca de 60 quilos são produzidas 18 mil cápsulas. O preço mínimo de venda para o consumidor é de R$ 1,5 por unidade.

"Iniciamos as atividades há dois meses e já temos uma procura alta. Estamos produzindo cápsulas para algumas marcas mineiras como a Café Coração da Terra, Amorim Café, Café Vista da Fazenda, Café, Madame D"Orvilliers e Café Utam", informou Galvão.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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